quinta-feira, 4 de março de 2010

Contradições sobre a Academia

No último sábado, a Folha Regional publicou entrevista em que o prefeito Kiko Micheloni falou sobre o assunto que mais inquieta os adamantinenses: os problemas da FAI. Já era tempo de esclarecimentos oficiais, visto que a sociedade e o legislativo discutem o assunto há meses. O jornal sediado em Flórida Paulista saiu na frente.

As palavras do prefeito confirmam o que se comenta há algum tempo, mas não traz esclarecimentos objetivos e não autorizam qualquer expectativa de que os problemas sejam efetivamente resolvidos. A entrevista tende, aliás, a deixar a população mais apreensiva.

Segundo Kiko Micheloni a má situação da autarquia é “preocupante e real”, palavras que contradizem o próprio diretor geral da autarquia Roldão Simione que, há apenas um mês, no jornal Diário do Oeste, afirmou que a faculdade estava nos trilhos e que não havia com o que se preocupar. Não fosse absurdo, seria de se imaginar que, na ocasião, o próprio diretor não estava, digamos, bem informado sobre a real situação da autarquia que administra.

Um dado importante suscitou questionamentos. Se o número de alunos é igual ou maior do que nos anos anteriores, como disse o prefeito, por que a deterioração das contas da autarquia? Como se sabe, anos atrás, com semelhante quantidade de alunos, a FAI conseguia não só pagar suas contas como também acumular (expressivos) recursos financeiros; recursos que, aliás, foram integralmente utilizados pela atual diretoria.

Fala-se bastante sobre a enorme quantidade de bolsas de estudo. Mas a decisão de conceder bolsas integrais a todos os servidores públicos municipais e seus familiares, por exemplo, não foi precedida de detalhado estudo sobre o consequente impacto financeiro? Se não foi, que esperança a população pode ter em relação às medidas que o prefeito disse que serão tomadas? (e que, a bem da verdade, não foram explicadas quais sejam).

O prefeito afirmou que tomará decisões realistas, e não políticas, mas não acena com modificação nos altos cargos, mesmo se mostrando ciente de que possa ter havido “falhas administrativas”. Será que na esfera pública não se observam nem mesmo os fundamentos mais básicos do mundo administrativo?

Eliminação de desperdícios, cortes em benefícios e auxílios, como hospedagem, combustível e alimentação, estudo detalhado sobre a evasão nos cursos, penalidade a professores que faltam em demasia ou se atrasam e que acabam comprometendo a qualidade dos cursos, são medidas de grande impacto e com retorno rápido; cobrança judicial de mensalidades em atraso, revisão na concessão de bolas, assim como responsabilização de administradores, são medidas importantes nesse tipo de situação.

As críticas em relação ao problema não devem ser entendidas como políticas e pejorativas. Todo cidadão de mentalidade sadia torce para que a FAI volte a ter destaque e se torne referência na região. Não se pode querer que a sociedade fique alheia a tais acontecimentos, mesmo porque o sucesso da FAI interessa a cada adamantinense.

Não se pode esquecer também que tanto prefeito quanto diretores de autarquia, não obstante toda capacidade pessoal e mérito de que possam ser detentores, são, no que tange à Administração Municipal e à FAI, meros representantes dessa mesma população.