sábado, 26 de setembro de 2009

Madame Lulu

Nesta semana esteve em Adamantina uma cartomante (muito parecida com Luciana Gimenez) cujas previsões políticas lhe renderam o título de maior autoridade brasileira no assunto. Diante de tais atributos (principalmente do primeiro), resolvi procurar a moça para saber as respostas sobre algumas coisas estranhas que andam acontecendo na cidade.

Chegando à elegante residência onde ela estava hospedada, precisei apertar a campainha várias vezes. Depois que o portão eletrônico abriu, apareceu um sujeito afeminado que foi logo perguntando: “Você tem hora marcada com madame Lulu?” Como me mostrei desentendido, ele disse: “É isso mesmo moço, se não tem, cai fora!” Mas uma voz aveludada veio da casa: “Dézinho, deixe o cronista entrar!”

Constrangido, acompanhei o “delicado” rapaz até a sala da famosa vidente. Madame Lulu pediu-me que não me importasse com Dézinho, pois ele estava perturbado com o caso do papagaio. Ela explicou: “Para ficar livre do papagaio do vizinho, que só vivia falando palavrão, Dézinho trancou o bicho no freezer durante três dias”. Quando perguntei se o loro tinha virado picolé, ela respondeu: “Não, quando abrimos o freezer, ele começou a gritar: “Viva a Caiuá!, viva a Caiuá!” Como se vê, a mulher nem bem chegou e já sabe direitinho a piada que rola na cidade...

Quebrado o gelo, Luciana Gimenez, digo, a bela cartomante, pediu que eu cortasse um baralho colorido, escolheu uma carta e disparou: “Eles deveriam saber que no dia da árvore precisariam plantar pés de arruda, comigo-ninguém-pode, espada de São Jorge e outras do gênero, e não patas-de-vaca!” E, apontando uma foto dos plantadores de pata-de-vaca completou: “Do jeito que os oposicionistas populistas estão mandando maus fluidos para essa gente, a escolha dessa espécie foi infeliz...”

Enquanto dizia, Lulu mostrava a foto do Diário do Oeste de terça-feira em que um alcaide, cercado de afetuosos auxiliares, enterrava uma muda. A vidente suspirou, buscou ajuda nos astros e previu: “Com esses olhares ternos das pessoas em volta, logo logo essas mudas virarão duas enormes árvores!” Disse isso visivelmente emocionada (Madame confessou-me depois, quando já estávamos íntimos, que uma das coisas que mais a emocionam é o jeitinho angelical das pessoas quando querem agradar. Ela me olhou profundamente e perguntou: “Você já imaginou como tudo seria diferente se essa também fosse a expressão desta gente ao lidar com os munícipes e com os subordinados?!...)

Percebendo a sabedoria de Lulu, perguntei sobre a candidatura de Cleusa da Pastoral em 2012. Depois de mexer o baralho, Lulu retirou uma carta e sentenciou: “Nem mesmo o depoimento do homem sem cinta, de camisa vermelha e que gosta de falar sobre jacarés vai impedir que a valente petista seja eleita prefeita em 2012”. Sabendo que algumas pessoas não iriam gostar da previsão, a bela desafiou: “Por que os políticos que não concordam com a candidatura da vereadora não fazem uma pesquisa de opinião com o nome dela para prefeita?”

Entusiasmado com as previsões de madame Lulu, comecei a imaginar a cara daqueles que andam dizendo que sou “vidente” no dia em que for realizada a pesquisa de opinião, proposta pela cartomante. Nisso a sensual voz de Lu me despertou de mais esse devaneio: “Você prefere Black Label com tônica ou com soda?” O que aconteceu em seguida eu conto depois... Fui.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Artigos e discriminação em Adamantina

A intensa liberalidade do mundo atual cria a falsa impressão de que os direitos individuais estão garantidos e que qualquer manifestação contrária não ganhará meia dúzia de adeptos. Mas a vigilância sobre o comportamento social se mantém como prática institucionalizada; a defesa do toque de recolher e a proibição de fumantes nos estabelecimentos comprovam a tese.

Em recente artigo um líder religioso escreveu no jornal Diário do Oeste: “O movimento homossexual continua a impulsionar suas ações, confirmando tragicamente a descida cada vez mais intensa para dentro da espiral mortal [...] A Suprema Corte de Iowa anulou a proibição do casamento gay em abril de 2009. É degradante! É o fim de uma civilização exemplar e decente.”

As palavras do religioso lembram os discursos de regimes totalitários, que defendiam uma concepção de sociedade perfeita e de homens perfeitos. Para esse gênero de discurso, qualquer comportamento contrário seria degradante. Anula-se o indivíduo e padroniza-se o pensamento. Se trocar homossexual por judeu, o artigo de Adamantina muito se assemelha à propaganda nazista.

A presente questão não deve centrar-se apenas no debate da homossexualidade, e sim no direito do indivíduo de escolher, por meio da própria racionalidade, o que entende ser melhor para sua vida. O religioso usa a liberdade de expressão para negar a liberdade sexual, ato íntimo e que diz respeito apenas à vida privada. Classificar como trágico e degradante o movimento homossexual é uma opinião que deve ser reservada a si mesmo, e não imposta a todos os adamantinenses que buscam um jornalismo tolerante e pluralista.

Daniele Hervieu-Léger, socióloga francesa, escreveu recentemente que “uma instituição religiosa não pode prescrever aos fiéis práticas e comportamentos que os conduziriam à contravenção das leis”. A figura do líder religioso tem um grande poder mobilizador, ainda mais em cidades interioranas. Suas palavras, muitas vezes, valem mais do que as das autoridades e dos familiares.

Por isso deve haver ponderação em certos assuntos, principalmente os que levam a práticas discriminatórias. O bullying nas escolas, as perseguições, os espancamentos contra homossexuais, são fatos reais que mostram o quanto essa questão deve ser debatida; o quanto esse tipo de preconceito deve ser desestimulado.

Brüno, mais recente filme do comediante Sacha Baron Cohen, ganhador do Globo de Ouro, satiriza o mundo fashion e a percepção da homossexualidade em certos grupos. Numa das cenas mais hilárias, o protagonista se encontra com um pastor que promete fazê-lo heterossexual. Quem assiste ao filme ouve com espanto os conselhos do clérigo americano. Mas as risadas constrangidas da plateia mostram que as absurdas ideias do filme podem estar mais próximas do que se imagina.

domingo, 20 de setembro de 2009

Adamantina, 2057

Sete anos depois do famoso discurso da inauguração do Bloco de Letras Aripuanã, o ex-prefeito e ex-diretor da FAI Professor Doutor Bruno Pinto Soares tem um novo e importante desafio pela frente: foi escolhido pelos colegas imortais da Academia Adamantinense de Letras para conduzir as cerimônias de desterro das propostas do I Fórum de Desenvolvimento de Adamantina, ocorrido em 2007.

Apesar da imensa expectativa na Praça Élio Micheloni, o historiador está sereno. Nem mesmo a longa oração feita minutos atrás por um octogenário ex-vereador famoso por cansativas rezas em cadeia de rádio consegue tirar a concentração do intelectual. E é assim, calmo como um padre franciscano, que Doutor Bruno dá o sinal para que os trabalhos de desterro se iniciem.

Após cavarem o duro chão da praça, seus discípulos encontram a resistente caixinha onde foram guardadas as tais propostas de 50 anos atrás. O octogenário ex-edil propõe nova oração antes da abertura da urna, mas o mestre de cerimônias faz ouvidos moucos e ordena a abertura do recipiente. Aí o bicho pegou pra valer. Explico.

Dentro da caixa, em vez das esperadas propostas de 2007, são encontradas várias carcaças de sapos com a boca costurada. E dentro dessas bocas, o nome de políticos que comandaram a cidade no início do século. O pânico se instala. Algumas pessoas saem em debandada, inclusive o octogenário ex-vereador petista, com sua surrada bíblia debaixo do braço. Mas Doutor Bruno, senhor da situação, dá inicio a mais um memorável e esclarecedor discurso:

“Senhores, acalmem-se, por favor! Saibam que há uma explicação para esses sapos: isso ocorreu porque velhos políticos que se intitulavam oposicionistas (mas que na verdade não passavam de populistas), numa de suas costumeiras trapalhadas trocaram o recipiente das propostas elaboradas no I (e único) Fórum de Desenvolvimento de Adamantina por uma caixa contendo um despacho de macumba encomendado ao saudoso Pai Chico.”

Depois de uma pequena pausa, o historiador puxa o fôlego e retoma seu discurso, ainda para falar sobre a oposição que existiu na cidade entre 2005 e 2012.

“Se alguém foi de fato oposição naquela época, esse alguém se chamou vereadora Cleuza da Pastoral. Ao contrário dos intelectuais e dos trapalhões populistas que pareciam usar os óculos verdes dos jumentos nordestinos (truque usado para fazer os animais acharem que folhas secas eram verdes), a brava petista sempre enxergava tudo o que ocorria na cidade, tanto é que acabou se elegendo prefeita em 2012.”

Continuando seu antológico discurso, Doutor Bruno recorda como nasceu o Rio Ganges de Adamantina: “Em 2012, alguns oposicionistas populistas, ao notarem que não tinham candidato para prefeito, sofreram sérios danos de saúde. Por conta disso, em 2013, a prefeita Cleuza mandou fazer uma lagoa no córrego Tocantins, na altura do Parque dos Pioneiros, e assim criou o Ganges adamantinense. Era bonito ver o ritual purificador de almas que os oposicionistas populistas faziam naquelas águas!”

“Bonito era, mas infelizmente de nada valeu, porque a oposição populista não prosperou. Há historiadores que afirmam que o fiasco se deu por falta de lideranças no grupo, mas a verdade parece estar com os estudiosos que afirmam que a oposição daquela época deu com os burros n’água, digo, não deu certo, porque um militante não suportava o outro.” E calorosos aplausos festejam a lucidez do orador.

“Obrigado, meus amigos, e tenhamos esses sapos apenas como um legado à posteridade da atrapalhada militância oposicionista adamantinense do começo do século!” Mais uma vez acalorados aplausos de uma plateia agora já completamente tranquila e conhecedora dos fatos históricos. “É verdade, depois que o chefe-mor dos oposicionistas populistas saiu do poder, eles perderam totalmente o rumo”, concordou um dos velhinhos que descansavam na generosa sombra da estátua da prefeita de 2013-2016.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Apenas um alerta

A manchete desta edição, “Aumento de portas para alugar assusta adamantinenses”, coloca na pauta o setor imobiliário, principalmente quanto a alugueis e compra e venda de construções residenciais e comerciais na cidade. Trata-se de simples constatação por meio de uma pesquisa cuidadosa, na qual foram percorridas todas as ruas cidade. O objetivo é o de alertar para um quadro que tem sido objeto de preocupação, principalmente entre aqueles que acreditam e investem em Adamantina.

Antes de tudo, não se pode falar em tendência na medida que os índices estão na faixa das oscilações sazonais, ou seja, das variações de mercado, principalmente levando em conta a crise mundial da economia. Adamantina não está isenta, como qualquer outra cidade de seu porte, dos reflexos da crise. Porém, o quadro deve servir de alerta para que isso não venha se transformar numa tendência de mercado.

Cabe ao executivo, legislativo e entidades de classe (ACEA, Sincomercio etc) avaliar, com frieza racional, a situação e tomar as providências necessárias. Neste sentido, destaca-se a missão do Conselho de Desenvolvimento da Cidade, designado pelo Executivo para implementar políticas de desenvolvimento socioeconômico adequadas aos anseios dos munícipes.
Portanto, o objetivo da reportagem é o de estimular respostas acertadas aos desafios que o presente impõe a todos.

Editorial - Jornal da Cidade - 14/09/2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Adamantina, 2050

Estamos em 2050. O diretor da FAI, Professor Doutor Bruno Pinto Soares, se prepara para descerrar a placa de inauguração do Bloco de Letras Aripuanã, cujas alas vão receber os nomes de três ilustres educadores adamantinenses: Alfredo Peixoto, Mauro Cardin e Luiz Carlos Galvão. O mestre de cerimônias passa a palavra para o historiador. Emocionado, Bruno Soares, que, a despeito das polêmicas religiosas da juventude, agora é chefe da Pastoral de Comunicação da igreja local, dá início a seu histórico discurso:

“Senhores, antes de qualquer coisa, quero dizer que o nome Aripuanã, com o qual batizamos o novo bloco, tem um especial significado para mim, pois, foi em Rondônia, na Reserva Indígena Aripuanã, que os dois primeiros homenageados encerraram suas brilhantes carreiras acadêmicas. Mas voltemos um pouco no tempo para que todos conheçam a história desses dois mártires da educação.

“Corria o ano de 2012 quando Mauro Cardin e Alfredo Peixoto, desanimados com o resultado das eleições municipais, adquiriram suas motos Harley Davidson, modelo chopper, e caíram na estrada rumo a um projeto pedagógico na Amazônia. O objetivo era ensinar português aos filhos dos cupuaçuzeiros que habitavam as florestas daquela região.

“Diante da distância e dos riscos da viagem, os dois gastaram várias semanas nos preparativos. Depois que ficaram prontas suas vestes de couro, que muito lembravam as de Peter Fonda e Dennis Hopper no lendário filme ‘Sem Destino’, ambos partiram para aquelas que seriam suas últimas aulas.”

Enxugando os olhos, o grande orador e inesquecível ex-prefeito Bruno Soares (gestões 2017-2020 e 2021-2024) se recorda da ciumeira que teve de enfrentar por ocasião do lançamento de sua candidatura em 2016 e explica à plateia que, já em 2009, sua vitória eleitoral houvera sido profetizada pelos dois homenageados. E, com a voz embargada, continua: “Lamentavelmente, meus amigos, ao chegarem à Reserva Aripuanã, em Rondônia, nossos heróis foram capturados por ferozes índios cintalargas.

“Levados à aldeia, ambos foram submetidos a um cruel julgamento pelos pajés da tribo que, assustados com o símbolo de bandeira pirata da jaqueta do professor Alfredo, composto de caveira e ossos cruzados, tiveram a visão de que os educadores adamantinenses seriam a reencarnação de antigos inimigos antropófagos. Os nativos decidiram então resolver a questão ao modo tradicional, ou seja, na base da borbuna (porrete usado para matar garimpeiros) .”

“Essa homenagem é mais do que justa”, observam alguns alunos. “Por que será que esses dois nunca tiveram uma chance?”, perguntam-se uns poucos professores.

Após tomar um gole d’água, Doutor Bruno retoma seu discurso, agora para exaltar o mérito do terceiro homenageado.

“E saibam, meus amigos, que o professor Galvão, apesar de pequenas diferenças no modo de agir, também foi injustiçado. A começar pela perda da direção do partido político que mais amou. Isso aconteceu bem na época em que o grande professor e emérito político lutava por grandes projetos culturais, como a aquisição de livros em hebraico, japonês, latim, coreano e javanês para a biblioteca municipal. Outra coisa, vocês sabiam que a Academia Adamantinense de Letras também foi ideia desse inesquecível educador?

“Pois é, infelizmente, o destino também aprontou com o professor Galvão, que nunca imaginou que ser o primeiro presidente de uma academia de letras como a nossa era um enorme risco para a saúde.

“Agora que todos conhecem a história de nossos homenageados, declaro inaugurado o Bloco de Letras Aripuanã e suas alas Alfredo Peixoto, Mauro Cardin e Luiz Carlos Galvão. Obrigado a todos!” A seguir, Doutor Bruno faz demoradas reverências diante das imagens de santo do recinto e manda benzer as dependências. “O tempo é o senhor da razão!”, murmura o velho padre encarregado da tarefa. “O que disse, Padre?”, indaga o erudito. “Nada, nada...”, responde o quase centenário pároco local já iniciando sua sacra missão.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Uma vergonha...

Quem é que nunca reclamou das constantes quedas de energia em Adamantina. Como diz um leitor: “é só cachorro pensar em urinar no pé do poste que já cai a energia da cidade inteira”. O cidadão que paga corretamente por utilizar os serviços da Caiuá quer ser bem atendido. Imagine se você ficar sem pagar energia elétrica? A Empresa, após os trâmites burocráticos, com certeza, mandar-lhe-á um aviso de corte no fornecimento de energia elétrica.

Quem paga o prejuízo ao cidadão que teve perdas com a interrupção de energia elétrica? E quando há sobrecarga de energia, com queima de equipamentos eletrônicos, além de outros prejuízos? Se o cidadão não tem seguro residencial ou comercial, só será ressarcido no pólo judicial. A questão é sempre a mesma: nem mesmo chove, apenas um início de mudança de tempo já é suficiente para provocar interrupção no fornecimento de energia. Como exemplo, ontem, 07, por volta das 21 horas, houve uma queda abrupta, seguida de retorno da energia. Quantos não estavam trabalhando e foram surpreendidos com perda de textos ou coisa do gênero, além de outros prejuízos?

A Caiuá está em Adamantina desde final dos anos 40. Mas a impressão que se tem é a de que a sua tecnologia é quase a mesma daquele tempo. O pior de tudo é que, como tudo sugere, a Administração Pública e a Câmara quase nada tem feito para exigir da empresa respeito ao consumidor adamantinense. Salvo engano, a situação, quase sempre, acaba sendo relegada a plano secundário. Caso tivessem se empenhado à altura do problema, certamente, a situação seria outra. E, mesmo que tive tido ações para tentar superar este tipo de problema, pelas evidências do presente, foram pífias e ineficazes.

São situações desta natureza que acabam reforçando o sentimento, na população, de que o poder público, além de oneroso, está longe de atender o básico da condição cidadã dela. O que acontece em nossa cidade, relação aos serviços de fornecimento de energia, é uma vergonha que afronta a condição cidadã do adamantinense.

Editorial - Jornal da Cidade - 08/09/2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Manifesto de um cronista

Começo meu manifesto parafraseando La Fontaine. “Críticos e políticos, principalmente os últimos, só dão atenção àquilo que querem ouvir e só acreditam na desgraça quando veem a cara que ela tem”. Mas não pensem os detentores do poder que uso tais palavras para provocá-los. Acontece que as questões a seguir podem ser debatidas por todos, no entanto só os políticos podem resolvê-las. Então é a eles que questionamos:

1) Quando será que os políticos adamantinenses vão entender que é preciso dar algum tipo de incentivo aos empresários que acreditam que a educação pode trazer mudanças positivas para a sociedade e, consequentemente, liberam seus empregados em horário de expediente para as atividades universitárias exigidas pelos cursos da FAI?

2) Quando será que os políticos adamantinenses darão destinação correta ao terreno existente ao lado da Camda, fruto de uma luta de vários anos do saudoso Dr. Cândido Jorge de Lima, deste humilde cronista e do petista João Grandão? Será que no local não daria para construir uma dessas creches modelo que o governo Lula anda distribuindo aos montes, uma vez que a EMEI da Cecap foi edificada ao lado do cemitério, portanto em lugar inadequado?

3) Quando será que os políticos adamantinenses vão entender a necessidade de contratação de enfermeiras para as creches, para ministrar medicamentos e prestar os primeiros socorros às crianças em caso de acidente? Aliás, em agosto de 2008 fizemos essa proposta à Prefeitura e, para resguardar o direito das educadoras das EMEI’s, encaminhamos cópia à Câmara e ao Ministério Público. Se tais justificativas não bastam, que tal lembrarmos a gripe suína?

4) Quando será que os políticos adamantinenses vão perceber que muitas leis municipais precisam ser revistas, pois da forma que estão atrapalham o desenvolvimento do município? Um exemplo é a lei sobre doação de terrenos (áreas comerciais ou industriais), que impede os empresários de fazer financiamentos com o menor juro dos últimos 40 anos. Detalhe, o professor Rogério Buchala está buscando legislação de outras cidades para adequá-la a Adamantina. Essa tarefa não seria de nossos políticos?

5) Quando será que os políticos adamantinenses vão criar coragem para desviar da cidade os caminhões de cargas fétidas que transitam por nossas principais ruas e avenidas? Em tempo: qual será o motivo que impede a Prefeitura de pôr em prática a alternativa (ao anel viário oficial) que meses atrás apresentamos para resolver essa lamentável situação?

6) Quando será que os políticos adamantinenses vão notar que a grande quantidade de imóveis com placas de vende-se ou aluga-se pode ser sinal de que alguma coisa muito ruim está para acontecer na cidade? Seria isso reflexo do aumento desenfreado de loteamentos no município? Ou seriam os primeiros sintomas de que é chegada a hora de dar mais dinamismo à nossa faculdade?

Encerrado o questionamento, agora faço um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos cidadãos que debatem e dão sustentação às minhas humildes considerações, especialmente os radialistas, que não têm medido esforços para propagar o que tenho escrito pelas ondas do rádio. O apelo é para que as forças políticas da cidade entendam que sou apenas um adamantinense que vê maior risco nas pedras menores, já que as maiores podem ser percebidas mais facilmente.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O que pensa o cidadão adamantinense?

Na última semana, após esperarem bem mais de 30 minutos na fila do banco, a insatisfação das pessoas era visível. Havia apenas um caixa. Não são muitos os cidadãos que sabem que no município, desde 2005, há uma lei regulamentando o tempo de espera nas filas. Mas o que pensa o cidadão adamantinense ao ver que, na prática, seus direitos não são respeitados?

A administração pública convoca os munícipes para participar de conselhos, reuniões sobre trânsito, sessões da Câmara, etc, mas o baixo comparecimento mostra a pouca importância que a população dá a esses encontros.

Por que a pessoa deixaria trabalho, família e lazer para participar de algo que não vê funcionar? Por que estar presente, se nos assuntos corriqueiros que lhe dizem respeito a atuação do poder público sequer é percebida?

O que pensa o cidadão adamantinense ao esperar tanto tempo numa fila? Ao passar por calçadas mal arrumadas pela concessionária de água e esgoto e saber que assim vão ficar? O que pensa ao saber que a lei que restringe a entrada de menores de 16 anos em certos locais muitas vezes não é cumprida? Que mesas tomam as calçadas mesmo sendo proibidas? Que filhos da classe média consomem drogas nas festas, mas os jornais só noticiam as apreensões feitas na periferia? O que pensa ao ouvir que seus representantes processam ou intimidam quem critica seu trabalho? O que pensa aquele que acorda de madrugada para ficar na fila do posto de saúde e muitas vezes é mal atendido no pronto-socorro? E ao ver a festa popular da cidade ser cancelada, enquanto Tupi Paulista, Junqueirópolis, Presidente Venceslau, Presidente Prudente e Barretos mantêm suas programações?

Muito se discute sobre a participação popular nos rumos de Adamantina, mas como trazer a população para as grandes discussões, se nas pequenas coisas ela não se sente representada? Assuntos como desenvolvimento da região, hospital regional e qualquer outro tema importante perdem a força sem a atenção do público.

Em Nova York, na década de 1980, uma das políticas para revitalizar a cidade era fazer o poder público presente. Nenhuma vidraça quebrada, nenhum prédio deteriorado, nenhum crime sem punição. A mudança de postura da população foi visível. Deu certo principalmente porque a comunidade se sentiu representada e aderiu à proposta.

Não se espera que o cidadão adamantinense pense em política depois de esperar em pé quase uma hora para pagar suas contas e de saber que muitas vezes as leis são letras mortas.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pensando no exemplo de Botucatu

A proposta de renovação de contrato formulada pela Sabesp à prefeitura de Botucatu é emblemática. Cidade que, em 1974, era de 30 mil habitantes, com 10 mil ligações de água, hoje tem 110 mil habitantes, com cerca de 43 mil ligações. Claro, esse ritmo de crescimento é um dos responsáveis pelo interesse da Sabesp em Botucatu. Porém, isso não basta. Sabesp sabe da importância de Botucatu no cenário regional, principalmente no campo do ensino e da pesquisa, que vem sendo muito bem desempenhado pela Unesp, que já colocou a sua faculdade de agronomia e de medicina entre as melhores do país.

Diante disso, a direção da estatal (Sabesp) ofereceu 110 milhões de reais (equivalente a 1 milhão de reais para cada mil habitantes), além de outras vantagens para comunidade, como moeda de troca pela renovação do contrato para um período de 30 anos, com previsão de revisão a cada quatro anos. Por que isso? Algo deva ter despertado o seu interesse. Esse algo tem a ver com a expectativa de retorno que a referida renovação oferece. Questão de cálculo.

O mesmo se deve esperar em relação a Adamantina, que também indica ser uma cidade de aspiração regional. E nisso, Adamantina, espera-se, deve levar vantagem em relação a Dracena. Aqui tem Sabesp, lá não. Aqui tem FAI, lá não. Adamantina é a 3ª colocada da região de Prudente em volume de exportação, sendo superada apenas por Presidente Prudente e Presidente Venceslau.

Assim, seguindo o raciocínio aplicado pela estatal (Sabesp) a Botucatu, espera-se que, no mínimo, com uma população de 34 mil habitantes, que a renovação aquinhoa a comunidade adamantinense com no mínimo, 34 milhões de reais, além de outras vantagens. Porém, isto só vai acontecer se houver maior contundência do Executivo e do Legislativo nas negociações com a Sabesp.

Se ficar como anda a carruagem, Adamantina deverá assistir uma das maiores perdas de oportunidade de virar o jogo regional. Hoje, apesar de tudo, o jogo ainda favorável. Depois de assinado, só restam as lamentações de eventuais equívocos e omissões cometidos no processo.

Editorial - Jornal da Cidade - 31/08/2009