quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Decisão Judicial Histórica.

Na última semana, a notícia mais comentada nos jornais locais e em conversas regadas a cafés em Adamantina, foi a decisão judicial que condenou o ex-prefeito José Laércio Rossi e a Mitra Diocesana de Marília a restituir aos cofres públicos o dinheiro usado na construção da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Entretanto, a mesma sentença confirmou a permanência da estátua na entrada da cidade. Uma decisão sensata, mas a ser refletida. Em artigo anterior, afirmei minha posição em relação a questão, defendendo o ressarcimento do dinheiro bem como a retirada da imagem. Não o fiz por questões pessoais e sim por, naquele momento, entender que tal situação se configurava como uma arbitrariedade de seus idealizadores, opinião essa que ainda mantenho. Com o passar do tempo entendi que a população católica adamantinense não deveria ser penalizada pelo erro e omissão de alguns. Mesmo defendendo que as manifestações religiosas devam se manter em âmbito privado ou em espaços reservados para tal fim, acredito que a imagem já se firmou no imaginário religioso de grande parcela dos munícipes e sua retirada poderia ser traumática, dessa forma desnecessária. Mesmo assim, a decisão tomada pela justiça, no que tange o dinheiro público, foi totalmente acertada e serve de exemplo para qualquer idealização futura que, creio eu, será tomada de maneira democrática e sensata. Aos poucos, alguns homens públicos de Adamantina começam a perceber que a sociedade se torna vigilante e que nenhum ato, mesmo populista, não passará pelo crivo dos que zelam pelo patrimônio público e pelo uso correto do erário municipal. O momento torna-se propício para algumas reflexões a esse respeito e a decisão da justiça confirma o caráter laico de nossa constituição. Não privilegiar alguma religião é um dos aspectos mais democráticos que podemos defender. Exigir direitos iguais a todos os credos, ou aos que não o têm, demonstra maturidade política e social em uma comunidade. Dessa maneira, devemos levantar a questão sobre o aniversário de Adamantina, transferido de 2 de abril para 13 de junho em uma manobra de alguns homens, num passado não muito distante, os quais pensavam estar acima do bem e do mal, ou seja, acima das leis. A religião tem um papel social de destaque na sociedade brasileira e seu campo de atuação abrange inúmeros setores e grupos. Não entendo o porquê essa forte mobilização não ser usada como uma ferramenta para diminuir as diferenças sociais em nossa comunidade e criar um ambiente de esforços múltiplos. Ao contrário, esse poder é usado para reafirmar uma posição, muitas vezes ultrapassada, e que não condiz a teoria com a prática. Onde se prega humildade, desprendimento material e desapego ao poder se vêem ostentação e manipulação da opinião pública. A decisão da justiça é um sopro de discernimento que deve servir de reflexão a muitos adamantinenses. Imagens, automóveis caros, entre outras coisas não condizem com uma filosofia que muito pode ser benéfica a quem a professa. Desde que, é claro, seja usada de forma crítica e reflexiva. Adamantinenses, pensemos sobre isso.

domingo, 9 de novembro de 2008

Advogada Carolina Galdino analisa a política local no "Cultura Livre"


O programa Cultura Livre entrevistou, no último sábado, a advogada Carolina Galdino da Silva. Cidadã atuante na sociedade local, a convidada discutiu o engajamento do cidadão dentro da política municipal, o papel dos conselhos municipais e a avaliou os últimos quatro anos da gestão Kiko Micheloni. Carolina, que coleciona um vasto trabalho frente a vários conselhos municipais, tais como, saúde, assistência social e cultura, revelou o porquê de sua saída destes grupos, efetivada na semana passada. Afirmou que em Adamantina os conselhos municipais não cumprem o seu verdadeiro papel, que é orientar o poder público, e que na maioria das vezes as pessoas que estão a frente destes grupos são pessoas direta ou indiretamente ligadas ao governo local, proporcionando uma espécie de acomodação de seus integrantes. 

Perguntada sobre qual a sua proposta para haver uma maior participação popular na cidade, Carolina respondeu que o poder público deve respeitar o povo e promover o diálogo acima de tudo, fato que, segundo ela, começa a ser trabalhado junto a administração com o auxílio do professor Mauro Cardin, classificado pela entrevistada como o “Guru” da gestão.

Sobre a participação feminina na política adamantinense, Carolina afirmou que o tratamento do prefeito Kiko Micheloni à sua vice-prefeita, Beth Meirelles, exemplifica a falta de diálogo do Executivo com o público feminino. Salientou que a posição da vice, no dia da eleição, quando esteve sozinha na frente do Fórum, foi emblemática nessa questão. Relembrou também que, quando esteve como presidente da Rede de Combate ao Câncer, ouviu inúmeras promessas do prefeito, que, segundo ela, não foram minimamente atendidas nos últimos quatro anos.

Carolina teceu fortes críticas a secretária da saúde e disse que a gestão nessa área deixa muito a desejar. Nessa questão, disse que o conselho de saúde, no qual participava, não tem nenhuma representatividade, pois apenas acata ordens e não discute os diversos problemas existentes no setor.

Indagada sobre uma possível candidatura ao legislativo nos próximos anos, afirmou que não passa isso por sua cabeça e que para ser atuante na sociedade não, necessariamente, precise ocupar cargo público. Defendeu ainda a não remuneração da vereança, pois muitos candidatos exercem a função devido ao salário e não por competência.

Respondeu ainda sobre a possibilidade da fundação de um partido em Adamantina sobre a sua liderança. Afirmou que, com muito cuidado, está procurando uma agremiação de orientação esquerdista que possa ajudar no crescimento de Adamantina e acenou com alguns contatos com o PSOL.

No final da entrevista disse que continuará cobrando o poder público por melhorias para a Adamantina e espera uma atuação política mais agressiva dos gestores junto ao poder Estadual e Federal, como já articula o prefeito de Osvaldo Cruz, Valtinho.