Depois das pesadas críticas dos últimos dias, não vi outra alternativa a não ser de novo procurar um pai-de-santo. Mas antes que digam que virei feiticeiro, gostaria de esclarecer que o meu único objetivo na visita era apenas saber até quando serei hostilizado por causa de minhas inocentes crônicas.
Chegando ao terreiro de consultoria espiritual percebi que não iria ser fácil falar com o conceituado Pai Chico, uma vez que em época de eleição a fila de “pacientes” é enorme. O que tinha de gente esperando atendimento era coisa de louco.
Mas como brasileiro não desiste nunca, ao ver nosso velho conhecido Lábios Úmidos, pensei: o problema da fila está resolvido. Ledo engano, pois o dito cujo chegou perto de mim e cochichou: “Arruma uma onça, que eu te passo na frente dos outros!” Aquilo me confundiu. Onde eu iria arrumar uma onça? Se pelo menos fosse um gato preto...
Percebendo minhas dúvidas, Lábios Úmidos traduziu: “Não é um felino que eu quero, e sim uma notinha de cinqüenta!” Duas horas depois – e uma “oncinha” mais pobre – finalmente chegou minha vez.
Na sala de audiências, nova surpresa. Não é que o pai-de-santo perguntou se eu havia virado político. Respondi que não, e expliquei o que tinha me levado lá. Pai Chico deu uma tragada no cachimbo e comentou: “Sossega, filho, não vai demorar e seus críticos estarão fazendo xixi de cócoras!” Confesso que não me animei muito com o “castigo” que será aplicado nos meus críticos, já que esse tipo de coisa eles tiram de letra.
Então Pai Chico reclamou que tinha uma coisa perturbando o sono dele e que talvez eu pudesse ajudar. Em seguida, explicou que tudo começou quando dois postulantes a um cargo muito cobiçado pediram para ele fazer um ritual chamado “cachimbo revelador”.
Segundo o pai-de-santo, nesse ritual os adversários pitam em velhos cachimbos e aquele que conseguir fazer mais fumaça ganha o objeto que está em disputa. Como no caso em pauta o primeiro sujeito não precisou de muito esforço para encher o recinto de fumaça, o segundo – que não conseguiu fazer nem uma fumacinha – disse que aquilo era fraude e que no seu cachimbo não tinha fumo. Ofendido, Pai Chico desabafou: “Logo você vai levar o maior fumo da sua vida!” E o brigão não deixou por menos: “Pois saiba que eu vou fechar este lugar em janeiro!”
Depois desse relato, o pai-de-santo deu uma nova tragada no cachimbo e perguntou se eu poderia fazer algo para impedir que o seu terreiro fosse fechado. Como não sou bobo nem nada, respondi: “Fica tranqüilo, grande guru, teu xará nunca deixará isso acontecer!”
Muito feliz, Pai Chico começou a dançar e a falar coisas que eu não conseguia entender. E assim termina mais um texto que vai render dissabores a esse pobre cronista.
Chegando ao terreiro de consultoria espiritual percebi que não iria ser fácil falar com o conceituado Pai Chico, uma vez que em época de eleição a fila de “pacientes” é enorme. O que tinha de gente esperando atendimento era coisa de louco.
Mas como brasileiro não desiste nunca, ao ver nosso velho conhecido Lábios Úmidos, pensei: o problema da fila está resolvido. Ledo engano, pois o dito cujo chegou perto de mim e cochichou: “Arruma uma onça, que eu te passo na frente dos outros!” Aquilo me confundiu. Onde eu iria arrumar uma onça? Se pelo menos fosse um gato preto...
Percebendo minhas dúvidas, Lábios Úmidos traduziu: “Não é um felino que eu quero, e sim uma notinha de cinqüenta!” Duas horas depois – e uma “oncinha” mais pobre – finalmente chegou minha vez.
Na sala de audiências, nova surpresa. Não é que o pai-de-santo perguntou se eu havia virado político. Respondi que não, e expliquei o que tinha me levado lá. Pai Chico deu uma tragada no cachimbo e comentou: “Sossega, filho, não vai demorar e seus críticos estarão fazendo xixi de cócoras!” Confesso que não me animei muito com o “castigo” que será aplicado nos meus críticos, já que esse tipo de coisa eles tiram de letra.
Então Pai Chico reclamou que tinha uma coisa perturbando o sono dele e que talvez eu pudesse ajudar. Em seguida, explicou que tudo começou quando dois postulantes a um cargo muito cobiçado pediram para ele fazer um ritual chamado “cachimbo revelador”.
Segundo o pai-de-santo, nesse ritual os adversários pitam em velhos cachimbos e aquele que conseguir fazer mais fumaça ganha o objeto que está em disputa. Como no caso em pauta o primeiro sujeito não precisou de muito esforço para encher o recinto de fumaça, o segundo – que não conseguiu fazer nem uma fumacinha – disse que aquilo era fraude e que no seu cachimbo não tinha fumo. Ofendido, Pai Chico desabafou: “Logo você vai levar o maior fumo da sua vida!” E o brigão não deixou por menos: “Pois saiba que eu vou fechar este lugar em janeiro!”
Depois desse relato, o pai-de-santo deu uma nova tragada no cachimbo e perguntou se eu poderia fazer algo para impedir que o seu terreiro fosse fechado. Como não sou bobo nem nada, respondi: “Fica tranqüilo, grande guru, teu xará nunca deixará isso acontecer!”
Muito feliz, Pai Chico começou a dançar e a falar coisas que eu não conseguia entender. E assim termina mais um texto que vai render dissabores a esse pobre cronista.