quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cincão


Mais um curta-metragem do cineasta Cacá Haddad. Gostem ou não é cultura autóctone, feita por um adamantinense, com produção adamantinense.

É apenas o trailer, mas vale a pena conferir o fime todo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Já fui ameaçado por matérias que fiz, afirma Everton Santos no ‘Cultura Livre’


No último sábado, dia 6, o programa ‘Cultura Livre’ bateu papo descontraído com o jornalista Everton Santos. Publicitário e jornalista formado pela FAI, Everton trabalhou nos jornais Diário do Oeste, Impacto e Independente, da cidade de Lucélia e, por conta disso, comentou a atuação do ‘quarto poder’ em nossa cidade, como também sua militância na política, onde ventilaram seu nome para pleitear o executivo, em 2004. 

A entrevista, muito descontraída, abordou temas interessantes de sua carreira jornalística, como as polêmicas reportagens feitas sobre a prostituição infantil no trevo da cidade, onde ele e seu amigo, Eduardo Graboski, passaram horas de ‘tocaia’ esperando o melhor momento para fazer a reportagem e tirar fotos. Contou ainda que a matéria esteve pronta alguns dias antes de ser publicada, mas para não atrapalhar a atuação do Conselho Tutelar, esperaram o momento propício para divulgá-la a população. Everton fez críticas ao poder público, pois afirmou que não adianta a imprensa denunciar e investigar se as autoridades competentes não fizerem seu papel.

Afirmou ainda que manteve várias atritos com a política editorial dos jornais que trabalhou, pois, como já afirmaram Sergio Vanderlei e Antonio Vitor no ‘Cultura Livre’, a imprensa sofre influência de grupos políticos e econômicos da cidade. Sobre a questão, Everton comentou sobre as inúmeras ameaças que sofreu por suas reportagens, no qual, em um momento extremo, foi ameaçado por um cidadão que vaticinou um possível ‘acidente’ que ele sofreria no trânsito com sua moto.

Sobre sua participação na política local, o entrevistado relembrou sua pré-candidatura a prefeito de Adamantina, na época pelo Partido Verde. Disse que, com apenas 23 anos, entendeu que poderia ser uma alternativa a política local, mas que saiu antes do pleito pois ‘forças obscuras’ usariam o palanque para outros fins. Relembrou de um fato pitoresco dessa época, na qual, para retirar sua candidatura, teve que brigar, fisicamente, com um membro do partido.

Mesmo assim, hoje filiado a outra agremiação política, entende que os partidos políticos são importantes para desempenhar mudanças em nossa cidade. Nesse momento, comentou sobre alguns partidos locais e algumas cúpulas que, no seu entendimento, são antidemocráticas. No fim da entrevista, afirmou que no momento não pensa em se candidatar a vereança, mas que por seu interesse pela cidade não é um pensamento a ser descartado. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Decisão Judicial Histórica.

Na última semana, a notícia mais comentada nos jornais locais e em conversas regadas a cafés em Adamantina, foi a decisão judicial que condenou o ex-prefeito José Laércio Rossi e a Mitra Diocesana de Marília a restituir aos cofres públicos o dinheiro usado na construção da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Entretanto, a mesma sentença confirmou a permanência da estátua na entrada da cidade. Uma decisão sensata, mas a ser refletida. Em artigo anterior, afirmei minha posição em relação a questão, defendendo o ressarcimento do dinheiro bem como a retirada da imagem. Não o fiz por questões pessoais e sim por, naquele momento, entender que tal situação se configurava como uma arbitrariedade de seus idealizadores, opinião essa que ainda mantenho. Com o passar do tempo entendi que a população católica adamantinense não deveria ser penalizada pelo erro e omissão de alguns. Mesmo defendendo que as manifestações religiosas devam se manter em âmbito privado ou em espaços reservados para tal fim, acredito que a imagem já se firmou no imaginário religioso de grande parcela dos munícipes e sua retirada poderia ser traumática, dessa forma desnecessária. Mesmo assim, a decisão tomada pela justiça, no que tange o dinheiro público, foi totalmente acertada e serve de exemplo para qualquer idealização futura que, creio eu, será tomada de maneira democrática e sensata. Aos poucos, alguns homens públicos de Adamantina começam a perceber que a sociedade se torna vigilante e que nenhum ato, mesmo populista, não passará pelo crivo dos que zelam pelo patrimônio público e pelo uso correto do erário municipal. O momento torna-se propício para algumas reflexões a esse respeito e a decisão da justiça confirma o caráter laico de nossa constituição. Não privilegiar alguma religião é um dos aspectos mais democráticos que podemos defender. Exigir direitos iguais a todos os credos, ou aos que não o têm, demonstra maturidade política e social em uma comunidade. Dessa maneira, devemos levantar a questão sobre o aniversário de Adamantina, transferido de 2 de abril para 13 de junho em uma manobra de alguns homens, num passado não muito distante, os quais pensavam estar acima do bem e do mal, ou seja, acima das leis. A religião tem um papel social de destaque na sociedade brasileira e seu campo de atuação abrange inúmeros setores e grupos. Não entendo o porquê essa forte mobilização não ser usada como uma ferramenta para diminuir as diferenças sociais em nossa comunidade e criar um ambiente de esforços múltiplos. Ao contrário, esse poder é usado para reafirmar uma posição, muitas vezes ultrapassada, e que não condiz a teoria com a prática. Onde se prega humildade, desprendimento material e desapego ao poder se vêem ostentação e manipulação da opinião pública. A decisão da justiça é um sopro de discernimento que deve servir de reflexão a muitos adamantinenses. Imagens, automóveis caros, entre outras coisas não condizem com uma filosofia que muito pode ser benéfica a quem a professa. Desde que, é claro, seja usada de forma crítica e reflexiva. Adamantinenses, pensemos sobre isso.

domingo, 9 de novembro de 2008

Advogada Carolina Galdino analisa a política local no "Cultura Livre"


O programa Cultura Livre entrevistou, no último sábado, a advogada Carolina Galdino da Silva. Cidadã atuante na sociedade local, a convidada discutiu o engajamento do cidadão dentro da política municipal, o papel dos conselhos municipais e a avaliou os últimos quatro anos da gestão Kiko Micheloni. Carolina, que coleciona um vasto trabalho frente a vários conselhos municipais, tais como, saúde, assistência social e cultura, revelou o porquê de sua saída destes grupos, efetivada na semana passada. Afirmou que em Adamantina os conselhos municipais não cumprem o seu verdadeiro papel, que é orientar o poder público, e que na maioria das vezes as pessoas que estão a frente destes grupos são pessoas direta ou indiretamente ligadas ao governo local, proporcionando uma espécie de acomodação de seus integrantes. 

Perguntada sobre qual a sua proposta para haver uma maior participação popular na cidade, Carolina respondeu que o poder público deve respeitar o povo e promover o diálogo acima de tudo, fato que, segundo ela, começa a ser trabalhado junto a administração com o auxílio do professor Mauro Cardin, classificado pela entrevistada como o “Guru” da gestão.

Sobre a participação feminina na política adamantinense, Carolina afirmou que o tratamento do prefeito Kiko Micheloni à sua vice-prefeita, Beth Meirelles, exemplifica a falta de diálogo do Executivo com o público feminino. Salientou que a posição da vice, no dia da eleição, quando esteve sozinha na frente do Fórum, foi emblemática nessa questão. Relembrou também que, quando esteve como presidente da Rede de Combate ao Câncer, ouviu inúmeras promessas do prefeito, que, segundo ela, não foram minimamente atendidas nos últimos quatro anos.

Carolina teceu fortes críticas a secretária da saúde e disse que a gestão nessa área deixa muito a desejar. Nessa questão, disse que o conselho de saúde, no qual participava, não tem nenhuma representatividade, pois apenas acata ordens e não discute os diversos problemas existentes no setor.

Indagada sobre uma possível candidatura ao legislativo nos próximos anos, afirmou que não passa isso por sua cabeça e que para ser atuante na sociedade não, necessariamente, precise ocupar cargo público. Defendeu ainda a não remuneração da vereança, pois muitos candidatos exercem a função devido ao salário e não por competência.

Respondeu ainda sobre a possibilidade da fundação de um partido em Adamantina sobre a sua liderança. Afirmou que, com muito cuidado, está procurando uma agremiação de orientação esquerdista que possa ajudar no crescimento de Adamantina e acenou com alguns contatos com o PSOL.

No final da entrevista disse que continuará cobrando o poder público por melhorias para a Adamantina e espera uma atuação política mais agressiva dos gestores junto ao poder Estadual e Federal, como já articula o prefeito de Osvaldo Cruz, Valtinho.

domingo, 19 de outubro de 2008

“Ninguém chuta cachorro morto. O Laércio está vivo!” afirma ex-prefeito no ‘Cultura Livre’

Para finalizar a série de entrevistas com os ex-prefeitos de Adamantina, o programa Cultura Livre convidou José Laércio Rossi, prefeito por dois mandatos consecutivos antes da atual administração. O ex-prefeito, considerado por muitos e por ele mesmo como populista, realizou oito anos de uma administração cheia de realizações e polêmicas e não teve medo de se explicar nos microfones da Rádio Cultura.
Laércio Rossi ingressou na política quando participou da equipe que apoiava a candidatura de Tino Romanini pelo PMDB e acabou se lançando como candidato a vereador. Eleito e, posteriormente, reeleito, foi presidente da Câmara dos Vereadores por unanimidade no seu segundo mandato. Na entrevista, concedida ao Cultura Livre, falou sobre os motivos que o impulsionaram a pleitear o executivo e esclareceu todos os casos polêmicos dos seus anos no poder.
O ex-prefeito disse que os primeiros 4 anos de mandato foram os mais difíceis, pois ao tomar posse haviam várias dividas acumuladas, que ressaltou não serem apenas da administração anterior, mas que, devido a não existência da Lei de Responsabilidade Fiscal, foram se amontoando com o passar dos anos. Para quitar essas dívidas conseguiu um parcelamento junto ao governo do estado e realizou um acordo com a representação sindical da época para usar o caixa do FAPEM. 
Segundo Laércio, o segundo mandato foi mais tranqüilo. As dívidas foram sanadas e haveria tempo maior para realizações. As mais importantes seriam a municipalização do ensino, a transferência do almoxarifado, o investimento em infra-estrutura nos bairros e, principalmente, a unificação da FAFIA com a FEO para o nascimento da FAI. Durante esse processo, um fato curioso chama atenção. Com a participação e ajuda do ex-prefeito Lulu, Laércio Rossi conseguiu apoio do consagrado jogador de basquete Oscar Schmidt, então secretário de Esportes e Turismo da cidade de São Paulo, que com contatos pessoais ajudou Adamantina na criação da faculdade.
Apesar de uma primeira gestão sem grandes problemas administrativos, a tranqüilidade acabou com a “perseguição política” que marcou seus últimos 4 anos na prefeitura. Vieram à tona polêmicas com os casos do CSU (Centro Social Urbano), do trator da prefeitura roubado, da imagem de N.S. Aparecida e da Comaf. Houve até a criação de uma ONG para protestar contra sua administração pública. Segundo Rossi, todos os casos tiveram conotação política e que muitos que o perseguiram hoje ocupam cargos na prefeitura. Quando questionado sobre sua relação com o prefeito Kiko Micheloni preferiu não responder, mas afirmou ter havido uma ‘caça as bruxas’ nos últimos anos.
O ex-prefeito fez questão de esclarecer todos os casos, principalmente aquele que tomou maior repercussão atualmente: a imagem de N.S. Aparecida construída na entrada da cidade. Sobre esse caso, disse: “Foi construída com dinheiro público sim. Tem nota na prefeitura.” Entretanto explicou-se dizendo que não sabia que era errado e que se soubesse tiraria dinheiro do próprio bolso. Aproveitou a oportunidade para pedir desculpa a população e dizer que o processo está em andamento na justiça. 
Ao final do programa, Laércio Rossi foi questionado se sua vida política estava morta. Ao responder a pergunta, foi veemente: “Eu sou político. Estou fazendo política Eu só paro quando morrer.” Ao reafirmar sobre a suposta perseguição que existiu sobre ele, completou: “Ninguém chuta cachorro morto. O Laércio está vivo!” No entanto, explicou que seria muito difícil, no atual momento, sair candidato a prefeito novamente. Mas, caso houvesse uma oportunidade, recursos, uma equipe competente e a justiça lhe permitisse, não descartou a possibilidade. Encerrou a entrevista com uma frase misteriosa: “Não penso em ser prefeito, pelo menos nos próximos 4 anos”.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Solicitação

Como já havia alertado antes, este espaço está perdendo seu objetivo e atitudes incoerentes ou ofensivas estão tomando o lugar do debate democrático e construtivo. Não concordo com a atual postura e não compactuo com tais acontecimentos, desta forma solicito a exclusão de meu nome no hall de colaboradores do blog Agora. Meus textos serão publicados no http://www.livrejornalismo.blogspot.com.

Abraços,

Everton Santos

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

E agora eleitos?

No momento em que escrevo esse artigo, Adamantina se prepara para escolher as pessoas que irão gerir nosso município pelos próximos quatro anos. Cria-se um sentimento de grande expectativa no porvir, principalmente pelo fraco debate e pelas poucas propostas que permearam essa eleição. Na verdade, o que foi visto foi o velho ‘mais do mesmo’, com candidatos mais preocupados com jingles e panfletos do que com propostas efetivas para a cidade. Entretanto, acredita-se que haja fôlego e vontade política para transformar Adamantina e não deixar o ótimo momento que o país atravessa passar à margem de nossa cidade. É imprescindível que o ocupante do 5º andar, juntamente com seus secretários, esteja afinado com o Governo Estadual e, principalmente, o Federal, para conseguir verbas e efetivar projetos. Para isso, os políticos devem enterrar antigas e novas rusgas que possam ter surgido no desgastante período eleitoral, e trabalharem em conjunto. Não desmerecendo outros partidos, mas o prefeito deve sentar com a executiva do PT e PSDB municipal e pensar no que pode ser conseguido para a cidade. Isso não é utopia de um jovem que nada conhece de política, e sim o que se espera daqueles que administram o que é de todos. Adamantina é uma cidade pequena, e parcerias com as instâncias superiores devem ser o norte para o desenvolvimento econômico e social. Para isso, precisa-se de políticos gestores, que saibam elaborar projetos e tenham verdadeira vocação e zelo pela coisa pública. Todos sabem que, para se ganhar uma eleição, costuram-se inúmeras alianças e novos ‘parceiros’ pipocam a todo instante. No entanto, o prefeito deve ter pulso firme e coerência na hora de mexer no secretariado, levando em consideração a competência e não a legenda partidária. Os vereadores devem trabalhar para consolidar Adamantina como líder regional, utilizando de seus contatos políticos para a liberação de verbas para as áreas mais importantes. Não devem, também, se imiscuir dos grandes debates de nossa sociedade, como a federalização da FAI, a consolidação da AMNAP, o contrato com a Sabesp, o problema do trânsito, a mortalidade infantil, as questões ambientais, vide o córrego Tocantins, entre outros. Espera-se dos secretários projetos inovadores que melhorem a qualidade da educação e da saúde, que lancem bases efetivas para o desenvolvimento cultural nos bairros, que busquem alternativas para o comércio e a agricultura e que não percam as oportunidades e as verbas que por aí estão. Adamantina pode, nesses quatro anos, dar um enorme passo qualitativo. O momento urge, e a gestão 2009-2012 pode passar para a história como aquela que impulsionou e consolidou nosso município como força regional, ou aquela que requentou a mesmice de anos atrás e só deva ser digna de lembrança pelas fotos emolduradas na parede da biblioteca. A sorte esta lançada. Não podemos esquecer que o êxito ou não da empreitada é de todos os adamantinenses que tiveram o livre arbítrio e escolheram, conscientemente, nossos administradores. Daqui quatro anos termino esse artigo. Ele está em aberto, e será ditado pelos 10 felizardos escolhidos por nós. Que assim seja.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Revelações de pai-de-santo

Depois das pesadas críticas dos últimos dias, não vi outra alternativa a não ser de novo procurar um pai-de-santo. Mas antes que digam que virei feiticeiro, gostaria de esclarecer que o meu único objetivo na visita era apenas saber até quando serei hostilizado por causa de minhas inocentes crônicas.
Chegando ao terreiro de consultoria espiritual percebi que não iria ser fácil falar com o conceituado Pai Chico, uma vez que em época de eleição a fila de “pacientes” é enorme. O que tinha de gente esperando atendimento era coisa de louco.
Mas como brasileiro não desiste nunca, ao ver nosso velho conhecido Lábios Úmidos, pensei: o problema da fila está resolvido. Ledo engano, pois o dito cujo chegou perto de mim e cochichou: “Arruma uma onça, que eu te passo na frente dos outros!” Aquilo me confundiu. Onde eu iria arrumar uma onça? Se pelo menos fosse um gato preto...
Percebendo minhas dúvidas, Lábios Úmidos traduziu: “Não é um felino que eu quero, e sim uma notinha de cinqüenta!” Duas horas depois – e uma “oncinha” mais pobre – finalmente chegou minha vez.
Na sala de audiências, nova surpresa. Não é que o pai-de-santo perguntou se eu havia virado político. Respondi que não, e expliquei o que tinha me levado lá. Pai Chico deu uma tragada no cachimbo e comentou: “Sossega, filho, não vai demorar e seus críticos estarão fazendo xixi de cócoras!” Confesso que não me animei muito com o “castigo” que será aplicado nos meus críticos, já que esse tipo de coisa eles tiram de letra.
Então Pai Chico reclamou que tinha uma coisa perturbando o sono dele e que talvez eu pudesse ajudar. Em seguida, explicou que tudo começou quando dois postulantes a um cargo muito cobiçado pediram para ele fazer um ritual chamado “cachimbo revelador”.
Segundo o pai-de-santo, nesse ritual os adversários pitam em velhos cachimbos e aquele que conseguir fazer mais fumaça ganha o objeto que está em disputa. Como no caso em pauta o primeiro sujeito não precisou de muito esforço para encher o recinto de fumaça, o segundo – que não conseguiu fazer nem uma fumacinha – disse que aquilo era fraude e que no seu cachimbo não tinha fumo. Ofendido, Pai Chico desabafou: “Logo você vai levar o maior fumo da sua vida!” E o brigão não deixou por menos: “Pois saiba que eu vou fechar este lugar em janeiro!”
Depois desse relato, o pai-de-santo deu uma nova tragada no cachimbo e perguntou se eu poderia fazer algo para impedir que o seu terreiro fosse fechado. Como não sou bobo nem nada, respondi: “Fica tranqüilo, grande guru, teu xará nunca deixará isso acontecer!”
Muito feliz, Pai Chico começou a dançar e a falar coisas que eu não conseguia entender. E assim termina mais um texto que vai render dissabores a esse pobre cronista.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ensaio sobre o fracasso

Não há ninguém mais admirado do que o sujeito que está plantando a própria danação, distribuindo vantagens a amigos e pisando rivais, falando o que quer, flertando o tempo todo com a irresponsabilidade e, com isso, passando aos que o rodeiam a sedutora idéia de que sensatez é coisa de fraco. Esse período de ouro do futuro arruinado, para quem vive por perto, é uma tentação: “Se fulano faz o que faz e é o que é, bobo sou eu de fazer tudo certo!”
O fracasso parece ser um processo em dois tempos, em que o primeiro é a causa, e o segundo, o efeito. O curioso é que, quando se está no céu (na causa) é difícil imaginar que o inferno (o efeito) está por vir. É natural, se de um lugar desse para ver o outro, o céu não seria um paraíso. E a experiência mostra que o infortúnio não tem pressa de chegar. Às vezes a festa é tão longa que se chega a pensar que o ditado “O crime não compensa” só vale se se levar em conta o juízo final. Essa demora ajuda a confundir.
Na primeira etapa, julga-se (admira-se) um sujeito notável, arrojado, que sabe aproveitar a vida; na segunda, os poucos que se dêem ao trabalho condenam a trajetória de um condenado, o que é uma redundância. De que vale a história de um solitário? Nada mais sem graça do que um pavão que perdeu as penas...
O primeiro período é bem mais marcante do que o segundo, quando apenas se “deduz” o óbvio, isto é, que a insensatez penaliza. Aquilo que antes era arrojo agora leva o nome de trapalhada. Essa lembrança sobre a trajetória do abandonado dura um instante, é aborrecida e meio moralista; já o período de admiração à boa-vida dele foi longo e instigador, porque colocava sob suspeita nossos próprios hábitos.
Quando estão carregando o bêbado para fora da festa, ficamos um pouco chateados de ter bebido com ele; quando estão fazendo pouco-caso do mal-sucedido, nos perguntamos como pudemos tê-lo admirado. Agora que se deram mal, fora com os dois!, aconselham nossos mecanismos de defesa do ego.
Contudo, o candidato a bêbado-banido continuará a ser quem mais vai nos divertir nas festas e o futuro solitário, aquele que mais vai nos instigar no dia-a-dia. Nenhum dos dois leva uma etiqueta na testa anunciando seu destino, e a irresponsabilidade, por se confundir com uma vida mais leve e interessante, é uma musa insistente, que vive acenando com promessas de felicidade.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Meninos de Rua

Quando te vi na rua
Abandonado, com pele nua
Pensei comigo
Quanta injustiça
Nesta sua via, amigo

Sem família, sem amparo
Pela vida afora
Esperas em vão, meu caro
Por uma mão amiga
E a sociedade só te explora

Na rua tudo vê
Drogas, bêbados, violência
E nenhuma chance pra você
E lá se foi sua inocência
Esperas criança, espera...

Tão menino, tão adulto
Sem esperança para vencer
Embaixo do viaduto
Passa fome, cheira cola
Enfrenta tudo para viver

Quando dorme escondido
Sonha com castelos encantados
Acorda na realidade
Com seus sonhos acabados
Mas não se dá por vencido

Sociedade maldita
É o que pensas todo dia
Em sua mente aflita
Vai morrendo a esperança
Nasce então a agonia

Come restos de comida
Nos restaurantes e becos
Ninguém te enxerga a ferida
Nos dias de frio seco
Ainda espera a mão amiga

(*) Escrito em 1993, quando o autor tinha 12 anos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Bienal vs. Braz

Algum tempo atrás fui convidado para ir à Bienal do Livro. Não era um convite certo, pois apenas se restasse vaga no ônibus eu poderia fazer parte da excursão. No entanto, me empolguei com a possibilidade, já que nunca tinha ido a nenhuma e havia tempo pensava no assunto. A viagem estava sendo organizada para que professores das escolas da cidade pudessem visitar tal evento.
Sabendo do dia da partida, fiquei curioso por não ter recebido nenhuma confirmação e , torcendo para que restasse meu lugar, resolvi perguntar para quem me convidara em que pé andava a situação. Para minha surpresa a data da ida seria prorrogada mais uma semana, porque não conseguiram preencher o ônibus de 40 lugares com um grupo de professores adamantinenses e seus possíveis agregados.
Pior! Semanas depois, recebi a notícia de que não haveria mais viagem para a Bienal. Não deu certo. Não funcionou. Porque? Por partes. Eu até entendo que as pessoas são ocupadas, com sua família, compromissos, ou até trabalho levado para casa, como é comum no caso de professores. Pode haver milhares de causas plausíveis e aceitáveis.
Entretanto, a Bienal é um evento literário imenso. Proporciona contato direto com a literatura, expõe novidades e permite aquisição fácil de qualquer livro. Agora, como podemos almejar uma sociedade de grandes leitores, algo tão forte nos franceses, por exemplo, sendo que nem o professorado aprecia a literatura? O incentivo não deveria vir apenas daquele texto maçante, repetido e decorado que sempre surge quando se aproxima a temporada de vestibulares. Atitude é algo que deveria ser valorizado também.
Aposto que se fosse pra ir ao Braz, comprar toneladas de roupas e apetrechos, o ônibus lotaria e quem não fizesse reserva de vaga perderia a chance. Levariam família, convidariam amigos e no próximo dia letivo os alunos ficariam sabendo da loucura que é aquele lugar e como tem mercadoria boa e barata “como essa camiseta aqui”.

"Escurão", um lugar para os envergonhados

No texto “Quarto escuro”, Mauro Cardin faz uma excelente dissertação de um assunto que deveria ter sido estudado por aqueles que estão disputando as eleições em nossa querida Adamantina. Isso, apesar do velho mestre ter usado em sua argumentação algumas palavras implacáveis para os mais incautos.
Assim, analisemos parte do que o filósofo escreveu: “O envergonhado é pois um desmascarado. Se o mundo é um baile de máscaras, como diz Machado de Assis, o sujeito sobre quem recai a vergonha é aquele cuja máscara caiu, e para quem já não há mais lugar no baile. Só lhe resta ir para o quarto escuro, abraçar o travesseiro e tentar reunir forças para voltar a se expor ao olhar alheio”.
Seguindo essa dura, mas correta linha de raciocínio, nossas autoridades deveriam preparar uma “clínica” para receber algumas centenas de pessoas que nestas eleições serão vitimadas pela síndrome do quarto escuro. Aliás, acredito que o único local com espaço suficiente para atender tamanha demanda seria o ginásio de esportes que, com algumas adaptações, poderia ser transformado no “Escurão”. Explico.
Como em nossa cidade temos cerca de 70 candidatos disputando as nove cadeiras da Câmara Municipal, é óbvio que mais de 60 desses candidatos serão derrotados. E já que entre eles existem pelo menos 40 calouros na política, após a “chevrolezada” alguns irão procurar um quarto escuro para abraçar o travesseiro em busca de forças para encarar os olhares dos amigos que não concordavam com as suas candidaturas. Dessa forma, fica mais do que justificada a importância que o “Escurão” terá para nossa sociedade.
No entanto, não serão só os candidatos derrotados que irão precisar de tratamento no novo estabelecimento de saúde. Serão necessárias umas 50 vagas para atender os fracassados empresários de partidos nanicos, bem como para abrigar os coordenadores de campanha que um dia sonharam com um carguinho de agente político. Detalhe, esses dois grupos, por questão de segurança, devem ocupar leitos próximos ao Centro de Tratamento Intensivo - CTI do “Escurão”.
Finalmente, gostaria de dizer que uma ala do “Escurão” deverá ser ocupada por alguns integrantes do Blog Àgora Adamantinense, que em seus comentários infelizmente se esquecem de que a humildade e o respeito pelo próximo devem ser colocados acima de qualquer outra coisa, inclusive de berços e de posições sociais. Espero que uma temporada no “Escurão” faça com que essas pessoas passem a refletir antes de atacar seus semelhantes.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Refletindo o símio

Olá, meninos, (vejam sou a primeira mulher convidada no blog, que honra!). Cá estamos para conversar um pouco mais sobre nossa terra e nossa gente. O nome do blog mais que sugestivo leva-nos a refletir sobre o bicho escolhido: o símio. A figura do macaco sempre exerceu uma espécie de fascínio e simpatia no humano. Fascínio pela “inconfundível semelhança” e simpatia pela capacidade de provocação e imitação, além da ternura que emana destes. Por pior que fosse King Kong na tela do cinema ou na TV, a torcida era para ele. Mas no caso específico, aqui no blog, o símio aparece às vezes como esperto, brincalhão, imitador, caricato, maroto, feio, astuto, amigo. Às vezes, em situações anedóticas, menosprezando ou super-dimensionando suas verdadeiras características comportamentais. Mas o nosso símio também tem lá suas muitas virtudes, pois aparece em muitas culturas religiosas, em países como a China, Índia e Japão, com características mais míticas e repletas de significados: como conciliação, harmonia e sabedoria. Assim, como recomendação, fica aqui um provérbio muitíssimo conhecido: “cada macaco no seu galho”. Se vamos viver em grupo, a convivência deve ser benéfica e cada um dos participantes encontrar seu papel nessa rede social , de forma a preservar a harmonia e a coesão do blog. Se vocês não sabem, o porquê do provérbio, ele indica que “os macacos fazem escândalos quando um invade o espaço do outro e muito macaco num galho só, quebra”.
Carolina Galdino, terça, 9 set.2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Os Encastelados – Um sitcom adamantinense

Adamantina é uma cidade engraçada. Fatos pitorescos ocorrem todos os dias em nossa cidade e, devido a isso, não devemos desperdiçar essa farta matéria-prima. De todos os grandes comediantes que temos por aqui, nativos ou não, há uma classe que não se apresenta muito, mas quando o faz, nos deixa inebriados com tamanha desenvoltura e perspicácia. Não, não estou falando dos políticos. Seria fácil demais, a piada já estaria pronta. E esses, como muitos já sabem, são bem conhecidos. Estou falando de outro tipo, pessoas que estão em menor evidência, mas que não deixam de dar seus pitacos. Esses belos atores são os intelectuais. Ou melhor, os pseudo-intelectuais. Talvez só reconheça um quem também o seja, mas não é o momento de fazer autocrítica. Para facilitar o texto usaremos apenas intelectuais. Alguns desses adamantinenses seriam ótimos protagonistas de um programa humorístico. Inglês, de preferência, pois o humor britânico é mais sutil e agrada os paladares artísticos mais exigentes. Seria algo simples, sem muito investimento, pois o centro seria as atuações, ou melhor, o conteúdo. Posso imaginá-los. Devem ser um pouco gordinhos, afinal, intelectual que se preze não deve se preocupar com o físico. Isso é imposição da indústria cultural alienante. Não devem aparecer sempre, é verdade, pois um bom intelectual só deve se manifestar em momentos propícios, quando a escuridão reinante precise de alguma luz esclarecedora. Por isso, deveria ser algo mensal. As piadas devem ser sutis mas, levemente irônicas, usando, com moderação, algumas pilhérias cotidianas. O intelectual não gosta de entregar a comédia pronta, deve instigar o espectador, fazer um ‘humor inteligente’. Um bom sitcom intelectual deve ter um tom crítico em relação à sociedade. Os personagens devem ser analistas bem informados, alguém que retire dos movimentos mais corriqueiros a massa bruta para seu espetáculo. Alguém da academia, obviamente. Devem zombar das tradições, mas também dos modismos. Contudo, ser a todo o momento relativista, afinal, intelectual sempre deixa algo no ar, não entrega nada fácil. Fariam um humor um tanto Andy Kaufman, afinal, nem todos os compreenderiam. Cada um teria seu bordão, algo do tipo ‘Pelas barbas de Marx’, ou, ‘Que Shakespeare não nos ouça, mas... ’. O problema seriam as críticas. Um intelectual que se preze não aceita que o julguem. Sua verdade é inabalável, e os grandes pensadores estão aí para não o deixarem mentir. Eles fogem do escrutínio, principalmente se for do cidadão comum, isso é inadmissível para os doutos. Entretanto não desistiriam de tal empreitada, afinal, acreditam que o humor, principalmente o sarcástico, serve para desanuviar mentes e acordar sociedades em estado latente. Essa não é uma obra de ficção, ‘Os Encastelados’ existe em Adamantina. Resolveram sair de seus pedestais, para o deleite dos pares. Aguardamos agora os novos capítulos.

AMNAP

No meu texto de apresentação gostaria não de disertar sobre um tema especifico, mas sim de propor uma discussão sobre ele, mesmo porque pouco conheço sobre a AMNAP.

Sendo eu um grande admirador dos blocos econômicos formados aqui e ali, não por grandes potências que o fazem para pressionar economias menores, mas por paises e regiões historicamente oprimidas que nos últimos anos o vem fazendo brilhantemente, e com sucesso, para deixarem de ser oprimidas, vejo nessa associação uma saída, ou pelo menos uma alternativa para o fim do anonimato político da NAP.
Longe de pensar que a AMNAP seria um grupo econômico, mas por entender que a união faz a força, acredito que uma organização desse nível estruturada e forte seria de grande utilidade para atrair os olhares das esferas estadual e federal para a nossa região em anos impares (não eleitorais).

Hoje pouco se ouve falar sobre a AMNAP, e pouco se sabe sobre sua real função, sobre seus projetos, suas metas, EM ADAMANTINA, outros municípios da região que valorizam mais essa associação, principalmente os da região de Dracena tem se beneficiado com ela, porém, ainda muito pouco.

Existem três diretorias regionais, Dracena, Tupã e Adamantina, e uma diretoria geral, na qual contamos com um representante, o vereador Celso Osmar Mastelini (2º tesoureiro), a diretoria regional de Adamantina é composta por José Francisco Micheloni, Elisabeth Gomes Meireles, Maria de Lourdes Santos Gil (vereadora de Adamantina), respectivamente diretor, vice-diretora e secretaria.

Quais seriam os benefícios dessa diretoria regional?

Qual a influência da AMNAP em São Paulo e em Brasília?

Não seria a hora de colocar-mos a mão na massa e utilizar essa entidade a nosso favor?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sérgio Seixas defende federalização da FAI no 'Cultura Livre'

A seqüência de entrevistas com ex-prefeitos de Adamantina, no programa Cultura Livre, continuou no último sábado, 30/08, com a ilustre presença de Sérgio Gabriel Seixas. Com uma carreira política importante, o convidado lembrou o início de sua militância política, não partidária, quando tinha apenas 15 anos e fazia parte de uma congregação cristã. Em 1967 ajudou na fundação do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), atual PMDB e, participou, junto com Fernando Henrique Cardoso e José Serra na fundação do PSDB em 1989.
O ex-prefeito explicou como se elegeu a prefeitura, na época por meio do voto vinculado. A idéia inicial era se candidatar como vice, junto com mais 3 candidatos a prefeito, todos do mesmo partido, para ajudar a candidatura de Franco Montoro para governador de São Paulo. Apesar de não ter o objetivo de ser prefeito, devido a questões pessoais, acabou se tornando único concorrente por seu partido. Mesmo Tino Romanini recebendo mais votos diretos, Sérgio Seixas foi eleito com ajuda dos votos de Montoro, que também se elegera.
O ex-prefeito relatou alguns feitos da sua administração, como a construção do Poliesportivo, para não utilizar o espaço do Estádio Municipal na realização de grandes eventos. Tal projeto, viabilizado por sua especialização em arquitetura e urbanismo, resolveu o problema de uma grande erosão existente no local da obra. Também foi responsável pela instalação da Secretaria da Agricultura, sendo Adamantina a primeira cidade do Estado a possuir tal secretaria. Lembrou, também, das dificuldades em se montar, numa cidade do interior, um corpo de secretários competentes e dedicados. Não devido à falta de pessoas deste calibre, mas ao desgaste que a ocupação de tais cargos traria para essas pessoas.
Quando questionado a respeito da federalização da FAI, admitiu que tal processo traria apenas benefícios. Primeiro porque a diferença entre o orçamento municipal e o federal para manter a instituição é muito grande o que, como conseqüência, haveria intercambio cultural, docentes de vários locais do país e grande desenvolvimento para a cidade. Mesmo indagado por Cacá Haddad, que se posicionou contrário a idéia, Seixas afirmou que ter o respaldo do governo federal seria de suma importância para Adamantina. Porém, mesmo elencando os benefícios, afirmou que a federalização é um projeto inviável, pois não acredita que o Governo Federal se interessaria por tal empreendimento.
No final da entrevista, Sérgio Seixas declarou que tem grande orgulho e honra de ter sido prefeito de Adamantina, cidade que, segundo ele, já contou com grandes administradores. Afirmou que Adamantina já foi palco de grandes realizações e conquistas, principalmente pela atuação conjunta de oposição e situação, que trabalhavam unidas para atingir os objetivos almejados pela sociedade.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O busto do Cônego Aquino

Hoje ele está salvo. Imponente, faz parte do patrimônio histórico de Adamantina e pode descansar, sabendo que, amparado pela lei, ninguém pode retirá-lo de lá. Altivo, tranqüilo, encontra-se na Praça Deputado José Costa. Meio sem jeito, é verdade, pois o ambiente é uma homenagem a imigração japonesa em nossa cidade, e sua figura está um tanto descontextualizada no local. Contudo, pelo que passou, o busto do Cônego João Batista de Aquino está bem instalado, se levarmos em conta a contenda criada em torno de tal efígie. Poucos sabem, mas a imagem de Nossa Senhora Aparecida, instalada na entrada de Adamantina, não pode se dar ao luxo de ser a única a causar problemas em nosso município, que conta com uma história de fatos marcantes e pitorescos em sua história recente. Corria o ano de 1962 e, nesse momento, surgiu um movimento que, iniciado por seus correligionários, incentivou a população de Adamantina a requerer a colocação do busto. Bem, nada mais justo. Cônego Aquino foi prefeito de Adamantina. Contudo sem muito fazer pela administração pública, pois seus problemas de saúde o impossibilitaram de exercer as funções que o cargo exigia. Mesmo assim, talvez por sua ligação com a Igreja, instituição historicamente presente em nossa sociedade e que maneja sua pesada mão de tradições tentando impor seus dogmas e seus ícones a toda a população, a idéia ganhou força. Creio eu, que os familiares de todos os ex-prefeitos poderiam reivindicar tal honraria, mas não é hora de entrar nesses méritos. Todavia, por questões políticas e afins, Cônego Aquino, que não foi unanimidade no meio político, não teve o projeto para a instalação de sua imagem aceita pelos legisladores do momento. Mesmo assim, utilizando de medidas ‘paralelas’ o busto foi colocado no jardim da estação. Segundo Tino Romanini, Presidente da Câmara na ocasião, esse ato foi considerado autoritário e desrespeitoso frente à lei do município, pois a ‘homenagem’ foi alocada sem a autorização do poder público, levando a acreditar que alguns se colocavam acima da lei, tentando prevalecer suas convicções pessoais. Neste momento, Antônio Cescon, prefeito de Adamantina, pediu para Tino Romanini tomar as medidas legais cabíveis ao fato. Dessa forma, o busto do Cônego Aquino foi arrancado da praça, o que criou um grande desconforto frente a setores de nossa comunidade. O imbróglio durou algum tempo e, devido à grande pressão, a câmara autorizou a recolocação do busto, por meio da Lei nº 698/63. Esse fato, para alguns, mero acontecimento adamantinense, deve ser tratado com máxima atenção, quando se estão em jogo o poder público e os legisladores de nossa cidade. A lei deve ser cumprida sem restrições, atendendo sempre a todos os setores de nossa sociedade, que devem ser consultados em certas ocasiões. A ingerência da religião, em certos assuntos, não deve ser permitida, como o caso citado acima e, também, a mudança na comemoração do aniversário de nosso município, para 13 de junho, no intuito de atender pretensões político-religiosas. Por vontade de um grupo, ensinamos, erroneamente, a história de nossa cidade há muito tempo. Bem, essa é uma questão relevante e espero que muitos reflitam sobre os fatos. Os problemas, por que passaram o busto do Cônego Aquino, não podem ter sido em vão. Espero que Adamantina tenha aprendido a lição.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Uma reunião além da província...

“Sem sair da sua porta, o homem pode saber o que acontece no mundo. Sem olhar pela janela, pode ver TAO que está no céu. Quanto mais corra atrás da sabedoria, tanto menos saberá. Por isso, sem correr para um e para outro lado, o sábio compreenderá sem ver e completará sem agir.” (Lao Tse)
Neste novo tempo que se chama hoje, os desencontros fazem parte do cenário tupiniquim em terras provincianas, talvez, como sempre, para fazer a diferença em meio à mesmice de sempre, quando as pessoas procuram apenas estar e se esquecem de ser!
Assim, os anos passam para os simples mortais em nível internacional, mas, como sempre, a província continua levando as coisas como se o lado de fora nada significasse para as transformações no cenário da pós-globalização para as limitações de uma província perdida na região oeste do oeste paulista.
Mas, nem tudo reflete a mesmice de sempre, neste caso em pauta, uma reunião sem mais e sem menos, talvez, apenas uma comemoração neste novo tempo sem o tempo, todavia, o que seria da vida sem a vida, ainda, do fim sem o mesmo fim para um outro fim?
Não se sabe quando tudo começou, porém, mais do que depressa as coisas aconteceram para o lado deste ou daquele menos desavisado e perdido com suas contradições com o outro canto, tudo bem, não se pode ganhar sempre diz o dito popular tupiniquim, todavia, um outro olhar pode chamar o descuidado para fazer parte de uma mesma roda, neste caso, pode ser a descoberta de uma roda quadrada para um cientista calado pelas suas falas promessas sobre a virtude de uma moral descabida da lua com o sol numa luz de marte.
O luar provinciano destoa em noites com estrelas num céu sem fim, pode ser para o mal, mas, o bem pode aparecer neste momento e fazer a diferença para o desencontro dos astros noturnos, quando as estrelas seguem um cometa perdido em busca da eternidade do tempo sem o tempo em meio ao tempo para um outro tempo.
Quem dera estar em compasso de espera com o cenário provinciano neste meio sem início e muito menos final de alguma coisa para um momento solene em meio às desavenças do poder sem o poder local, ainda mais com as eleições chegando para o “País do faz de conta”, quando, mais uma vez, as escolhas estão nos votos e tudo pode acontecer,a te mesmo, “elle”, o desaparecido aparecer para colher alguns votos aqui e outros ali para uma reeleição além da província.
Mas, voltando à questão anterior, ou seja, de uma reunião sem mais e sem menos para sair de uma mesmice provinciana, pode-se pensar sem deixar o pensador agitar com suas palavras ao vento, se bem que, neste novo contexto, a pluralidade anda fazendo das suas pela mídia impressa, deixando assim, a transparência se tornar nebulosa pelas falsas promessas do passado, também, as marcas do discurso se perdem pelas manobras de uma perseguição qualquer para o outro lado em busca da validação popular e assim por diante, entretanto, as vozes do além ficam circulando pelas ruas e esquinas de uma quadra perdida da província.
O nome não faz a diferença desta vez, pois, são como afirma o texto bíblico, a saber “pérolas aos porcos” com uma mensagem bovina para destoar o clima neste confronto com o “franco-atirador provinciano”, aquele que, pensa que sabe de alguma coisa, porém, não sabe e muito menos, imagina alguma coisa sobre tudo e todos ao mesmo tempo...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

The book is on the table

Alla mia nonna Idalina che non capisce inglese, solo l’italiano, dedico.
Pensei muito antes de escrever este artigo, afinal, não quero dar a impressão de ser um “crica”. No entanto, quando se trata da cultura brasileira, sinto que devo tomar uma posição do tipo Policarpo Quaresma, nacionalista extremo. A minha guerra é contra o vasto vocabulário da língua inglesa, que enfeita (realmente enfeita, pois muitas pessoas não sabem o significado de tais palavras) desde portas de banheiros (W.C.) até um dos programas de maior audiência da televisão brasileira (Big Brother).
Darei alguns exemplos das minhas últimas experiências com a língua anglo-saxã. Estava na capital paulista e ao entrar em uma pizzaria deparei-me com uma atrocidade, pois ao abrir o cardápio observei que as pizzas vegetarianas estavam assinaladas com a palavra inglesa “veggie”. Não seria melhor dizer que aquelas pizzas eram “vegetarianas”? Vamos para um segundo exemplo. Em uma ótica, de um “shopping center” de Bauru (não seria melhor centro de compras?), encontrei um grande anúncio com a foto da modelo Ana Hickman. Sob a marca do produto li o seguinte slogan: “eyewear”. Não seria melhor que estivesse escrito “moda dos olhos”? Mas não termina por aí. Ainda no mesmo “centro de compras” encontrei uma loja que estava oferecendo uma promoção de seus produtos. Ao invés de colocar a palavra portuguesa “promoção” o proprietário optou por colocar a palavra “sale”. Na hora de almoçar naquele “centro de compras” deparei-me com um restaurante que exibia a placa “chinese food”. Que tal “comida chinesa”?
Estive nos Estados Unidos e nunca vi um cardápio de restaurante oferecendo “pizza vegetariana”; lojas querendo vender, escrevendo “promoção”; restaurante chinês que oferecesse “comida chinesa”.
Não seria melhor investir na cultura brasileira, em nossa língua, que, mesmo trazida pelo colonizador europeu, tornou-se plena de brasilidade, oferecida pela mistura das raças? Por acaso o leitor lembra do último dia do folclore brasileiro? Talvez não! Alguém ainda lembra das lendas do Saci-pererê, da Mula-sem-cabeça, da Iara a mãe d'água? Com certeza lembramos mais das histórias do Halloween.
Este artigo não tem o intuito de condenar a língua inglesa ou a cultura norte-americana, que é de suma importância no mundo globalizado, mas de valorizar a nossa cultura, perdida em alguma carteira de escola. Por que qualquer nevasca nos Estados Unidos tem que ser manchete nos principais telejornais brasileiros? Por que temos que acompanhar as eleições americanas todas as noites, como se os Estados Unidos fossem parte do Brasil? Será que os americanos, todas as noites, em seus telejornais, acompanham os problemas das secas que temos no nordeste? Será que eles acompanham ansiosamente as nossas eleições presidenciais? Em agosto de 2001 fui aos Estados Unidos para fazer um curso de inglês. Chamou-me atenção o número de bandeiras norte-americanas na frente das casas. Passado um mês da minha chegada, as torres gêmeas sofreram o maior atentado terrorista da história mundial. Notei que as bandeiras norte-americanas triplicaram. Pude perceber que o sentimento cultural e patriótico pode sustentar e mudar uma nação. No caso do Brasil, ou respeitamos a nossa cultura, ou, mais uma vez, voltaremos a trocar bugigangas por ouro e pau-brasil.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Quarto escuro

Quem quer falar pouco mas dizer tudo diz apenas: “É uma vergonha!”, e o julgamento está feito. Quando digo isso, estou afirmando que o sujeito que julgo é vil, ao mesmo tempo em que dou a entender que eu não faria o que ele fez. Eis então uma sentença agradável de proferir. Acabo com o outro e me valorizo. Talvez por isso seja tão comum.
Mas, do lado de quem a vergonha atinge, ela é um assunto proibido: das grandes dores não se fala. “A vergonha”, diz Elizabeth La-Taille, “é vivida como uma profunda tristeza, por vezes até como um desespero, acompanhada do desejo de desaparecer”.
O envergonhado é pois um desmascarado. Se o mundo é um baile de máscaras, como diz Machado de Assis, o sujeito sobre quem recai a vergonha é aquele cuja máscara caiu, e para quem já não há mais lugar no “baile”. Só lhe resta então ir para o quarto escuro, abraçar o travesseiro e tentar reunir forças para voltar a se expor ao olhar alheio. Nesse sentido, o quarto escuro é um lugar fora do mundo.
Como se sabe, o supremo juiz moral é a sociedade ou mais exatamente “o povo”, que para Luigi Anolli se coloca e é sentido como um juiz objetivo e imparcial. Ele é imaginado como uma platéia de pessoas que, “de olhos bem abertos, olham para você e o espiam atrás das janelas, que comentam suas ações sem piedade, que as julgam e as criticam asperamente, que trocam entre si avaliações de condenação”.
Pedro sempre foi tido como um sujeito casto e puro, mas de repente algo acontece e ouve-se dizer que ele fez uma coisa muito feia, aí todos passam a achar Pedro um sujeito indigno; e o pior é que Pedro também.
Por isso, muitas vezes a vítima de violência moral prefere o silêncio a explicar-se. La-Taille avalia que isso decorre do fato de a pessoa, por ficar arrasada com a humilhação, passar a aceitar o que lhe é imposto. Diz ainda que tudo se dá para a pessoa como se todas as outras compartilhassem do julgamento [e isso torna demolidora a acusação].
O oposto da vergonha parece ser o orgulho. Enquanto o orgulhoso se exibe, o envergonhado se esconde; um ama os refletores; o outro, o quarto escuro que, tão logo se dá o vexame, convida: “Vem aqui, vem morrer um pouquinho...” E o sofredor vai se derreter nas sombras, como se aqueles de quem ele foge não fossem feitos da mesma fraqueza e jamais passariam pelo mesmo apuro.

Desligamento do Blog

Texto enviado por Rubens Galdino ao administrador do Blog Ágora Adamantinense:
'Por não concordar com atitudes anti-democráticas e covardes daqueles que utilizam o anonimato, peço retirada de meu nome desse blog. Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuiram, com suas observações e críticas, para meu crescimento intelectual e ético'.
Abraços, com apreço,
Rubens Galdino

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Candidato sofredor

Brasileiro, sofrido, sem cultura e iludido
Candidato desalinhado, esperançoso e trabalhador
Poucas posses, poucas alegrias, muitas mágoas e esquecido
Tristonho, abatido, ainda assim lutador.

Face marcada pelo tormento da indecisão
Sem sorte nem norte, não aceita renunciar
Sabe que poucos votos não ganham eleição
Candidato teimoso, não chora e não vai chorar.

A miséria mora ao lado, seus vizinhos passam fome
A leishmaniose matou seu cachorro, feriu seu coração
Sabe que natimortos são anjos sepultados sem nome
Candidato abandonado, castigado pela solidão.

Ser de outro mundo, vive em penitência
Faz campanha sozinho, sem ajuda nem santinho
Candidato errante, luta com insistência
Depois de perder tudo, buscará outro caminho.

Candidato sofredor, com suas mágoas e sua dor
No final ficarão poucos pertences, quase tudo acabou
Restarão a família e o recado que a urna mandou
Para um lugar desconhecido, vai o candidato sofredor.

Candidato sofredor, sofredor sem destino
Derrotado na política, agora é visto como estorvo
Daqui a quatro anos, não pensará mais como menino
E nem em sonho será candidato de novo.

Obs: Apesar das mudanças ocorridas na legislação eleitoral terem reduzido as dificuldades dos candidatos mais humildes, o poder econômico continua sendo o grande divisor de águas em eleições municipais. Prova disso são os pretendentes ao cargo de vereador com menores chances de sucesso nas urnas. Esses, além de serem menosprezados pelos amigos, também são preteridos dentro do partido a que pertencem.
Assim, espero que “Candidato sofredor”, além de render algumas críticas a este pobre articulista, também sirva de reflexão aos coordenadores de campanha. Afinal, os poucos votos dos “sofredores” ajudam eleger pessoas privilegiadas.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A religião e o espaço público

Certos temas são classificados pela sociedade brasileira como não passíveis de discussão e posicionar-se em alguns desses casos denota liberdade intelectual, abertura ao diálogo e respeito às diferenças. Partindo desse pressuposto, dois fatos ocorridos recentemente colocam no cerne do debate a influência e a participação religiosa em políticas públicas e no direcionamento de verbas a favor dessa ou daquela crença, o que não pode passar despercebido e sem uma mínima reflexão por parte da sociedade. Refiro-me aos casos da polêmica imagem de Nossa Senhora Aparecida em Adamantina e da discussão sobre a entrega da pílula anticonceptiva, conhecida como ‘pílula do dia seguinte’, no carnaval pernambucano, o que causou a ira da Igreja Católica daquele estado. Antes de qualquer coisa devemos salientar que o Estado brasileiro é laico, significando assim que não há religião oficial e que todas as crenças têm direitos iguais perante a legislação do país. Analisando por essa ótica me posiciono a favor da retirada da imagem da santa da entrada da cidade, pois esta se caracteriza como uma arbitrariedade de seus idealizadores em relação às outras religiões que não compartilham da mitologia religiosa defendida pelo catolicismo. O culto em ambiente privado não representaria nenhuma agressão, afinal é de extrema importância a livre expressão religiosa de cada cidadão, o que no caso de Adamantina não se enquadra, pois dinheiro público foi usado na confecção e instalação da imagem. O contribuinte adamantinense pode sim sentir-se lesado contra tal ato, pois ele participa indiretamente da promoção de um ícone religioso de qual a fé ele não professa e por isso não precisa estar disposto a pagar por ele. Essa discussão poderia abranger também o caso do crucifixo que se encontra na câmara de vereadores da cidade, a réplica do Cristo Redentor e de outras imagens em prédios públicos, pois ferem a constituição e se tornam uma imposição ao culto católico, algo abolido no Brasil desde a primeira constituição republicana de 1891. Certamente, a esmagadora maioria dos adamantinenses está na religião católica e há ainda outros que, mesmo em outra crença, simpatizam com a imagem e seu simbolismo, todavia, devemos lembrar que uma verdadeira democracia não é a ditadura da maioria e sim o respeito pela multiplicidade e a defesa dos menos representados. Essa visão enquadra-se também no caso da distribuição gratuita da pílula no carnaval de Recife, alvo de duras críticas da Igreja daquele estado que, por incrível que pareça, tenta mudar a decisão da secretaria e proibir essa medida pública de saúde. Católicos, evangélicos, espíritas e outros, devem sim entrar no debate sobre as questões político-sociais do país e devem também defender suas bandeiras morais e éticas, isso é incontestável. Contudo, é inadmissível que a Igreja, usando de seu alto poder representativo na política, queira interferir e modificar, a seu bel prazer, as medidas de prevenção adotadas por esta ou aquela cidade. Os cidadãos e turistas de Recife, assim como os adamantinenses, não são obrigados a conviver e aceitar qualquer tipo de ingerência religiosa em suas vidas, tanto em medidas de saúde pública quanto em ícones em locais também públicos. O ato de usar ou não a camisinha, defender ou não o aborto, usar ou não a pílula, ostentar ou não um símbolo religioso, deve se manter em caráter privado ou ser colocado em debate no momento adequado, sempre atento a todas as vozes discordantes e mediados por um órgão competente para isto, e não ser imposto, com o pretexto de ser a voz e a vontade de uma pretensa ‘maioria’. Espero que políticos, religiosos, pessoas públicas e os cidadãos comuns estejam abertos e cientes disso, e percebam que antes de sua opção particular de fé há o respeito às leis, o direito do indivíduo, o poder do Estado e o respeito às minorias, casos não levados em conta nas cidades de Adamantina e Recife. Após a correção dos desvios a religião deve manter-se estrita a seus séquitos e não imposta, por vias tortuosas, a todos os cidadãos. Dessa forma, aplaudo a decisão da justiça sobre a retirada da imagem da santa na entrada da cidade e defendo a total separação da religião em relação ao Estado, tanto das decisões políticas como dos cofres públicos.
Obs: Texto publicado no dia 8 de fevereiro - Diário do Oeste.
Levantei, novamente, a questão, pois pouco sei sobre a opinião dos adamantinenses sobre o assunto.

sábado, 9 de agosto de 2008

QUE BOM SERIA...

Se existe um ano no qual os brasileiros ficam contentes, este é o ano das eleições municipais. Tudo se transforma: o inverno de três anos de estagnação nos deixa e o sol da primavera faz surgir as flores que representam os frutos do progresso. Em todas as cidades deste país vemos o desenvolvimento, principalmente em obras que saltam aos olhos da população. De repente, todo o atraso desaparece e, em apenas um ano, o ano das eleições municipais, as cidades se transformam em verdadeiros canteiros de obras. O brasileiro, que tem memória curta, se lembra apenas do passado próximo e como em um passo de mágica, esquecendo o rigoroso inverno, se delicia com a beleza das frágeis flores da primavera.
Apenas para reforçar que o brasileiro tem memória curta, basta lembrar o caso do Sr. Ministro da Fazenda e do caseiro Francenildo. O Sr. Ministro ficou um mês nas manchetes dos principais jornais do país sendo acusado de quebrar ilegalmente o sigilo bancário do caseiro que “heroicamente” o dedurou no escândalo “casa do lobby”, o que lhe custou o cargo de Ministro da Fazenda. Vocês lembram o que aconteceu? O Ex-Sr. Ministro se elegeu deputado federal e o ex-caseiro se... Pois é, brasileiro tem memória curta mesmo, mas assim é melhor, afinal não é todo país que tem o salvador da pátria, o magnífico e extraordinário “ano das eleições”.
O meu sonho é que todos os anos fossem de eleições municipais, assim, presumo eu, anualmente as cidades receberiam os melhores investimentos, pelo menos aqueles de infra-estrutura que como as flores da primavera nos enchem de alegria. O prefeito poderia tentar se reeleger por quatro anos consecutivos, mas para isto teria que provar durante todos os anos da sua administração que ele realmente promove a estação das flores, como realmente deve ser: uma vez por ano.
Andando pelas cidades de nossa região vemos a primavera: recapeamento asfaltico, reformas de escolas e creches, praças reformadas, surgimento de parques industriais e até imagens de santos enfeitando as entradas das cidades, afinal em ano eleitoral qualquer santo ajuda. Fico contente com as flores da primavera surgindo em todo país, pena que seja apenas uma vez a cada quatro anos. Só não vemos flores todos os anos por reflexo da consciência política e educacional do povo brasileiro. Ainda bem que em Adamantina não é assim!!!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Imprensa na gaiola

Chegam rumores à Redação deste Semanário (Jornal da Cidade) de que pessoa insatisfeita com o conteúdo da “Frase da Semana”, publicada há algum tempo, pretende mover ação judicial contra o JC. Aliás, desde a semana seguinte à publicação, chegam esses rumores. Interessante observar que vêm de forma orquestrada e indireta.
Bem, primeiramente, vale esclarecer que a Frase da Semana tem autoria; segundo, ela foi publicada de acordo com as regras de edição, ou seja, à luz do contexto gerador dela. Noutras palavras, em sintonia com o pleno interesse jornalístico, de pleno conhecimento e consentimento do autor da frase. Caso tenha causado mal estar, infelizmente esse é o ônus da vida pública. Quem não quer ser incomodado, reserve-se o direito de uma vida privada.
Entende-se que esses rumores, pela insistência, soam como tentativas de intimidação ao exercício da imprensa. Reproduz-se o velho esquema de um Brasil sombrio, mais afinado às formas ditatoriais e à truculência tirânica do poder sobre àqueles que ousam contribuir para o aperfeiçoamento das instituições democráticas.
O que seria a democracia sem a imprensa livre e independente? Claro, preferem uma imprensa que se contente com verbas publicitárias e que, de forma servil, se coloque como a fala enviesada do trono. Certamente querem que a imprensa continue sendo o espelho d‘água de suas imagens caricatas à semelhança de Narciso da mitologia grega. Em vez da seriedade, preferem receitas culinárias à moda do triste período da Ditadura Militar.
Por fim, esclarece que, ao veicular a frase, não foi intenção deste macular ou ofender esse ou aquele, apenas oferecer elementos para que se entendam as relações de poder no interior da malha social e econômica de nosso município. É o mínimo que se espera de uma imprensa que quer ser instrumento de cidadania na comunidade. Qualquer tentativa de colocá-la na gaiola pode representar práticas dissimuladas de intimidação e aviltamento dos valores democráticos. O Brasil está mudando, ainda que vagarosamente, é bom lembrar disso. Precisamos mudar também...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Nietzsche e a campanha eleitoral

Nietzsche tem uma tese que bem retrata o momento que vivemos. Segundo o filósofo, a vida apresenta situações semelhantes à da criança que pela primeira vez está na praia, e ri e pula de alegria quando as ondas trazem as conchas coloridas para a areia, e chora de tristeza quando as ondas levam as conchas de volta para o mar.
Talvez seja por isso que quando recebi a notícia de que haveria só dois candidatos a prefeito na cidade, por alguns instantes, fiquei como a criança que pela primeira vez vai à praia. Explico.
No resultado das convenções parecia estar as conchas coloridas que as ondas trazem do mar. Com dois candidatos a campanha não terá cartas anônimas, baixeza que no passado entristeceu muita gente, inclusive quem de vez em quando emite opinião em artigos de jornal.
No entanto, depois percebi que as conchas coloridas iam desaparecendo com minhas divagações. Se por um lado os dois candidatos não vão manchar suas biografias com difamação, por outro, o processo eleitoral seria diferente com mais pessoas na disputa. Os eleitores teriam novas opções e os candidatos a vereador não precisariam se humilhar na busca de “apoio” pra suas campanhas.
Aí comecei a pensar também nos “especialistas” da calada da noite, que sabem entregar cestas básicas, cartas anônimas e outras coisas do gênero como ninguém. O que será dessa gente? Quem vai pagar suas contas de água e luz, seu gás e principalmente seus churrascos e suas cervejadas? Confesso que fiquei com pena dos pobrezinhos...
Seguindo esse raciocínio, outras questões que merecem ser respondidas apareceram. Como estaria o ânimo dos “marqueteiros” que nessa época costumam ganhar um dinheirinho vendendo sua “eficiente” assessoria aos candidatos mais abastados? Será que eles ficaram felizes com a conjuntura? Não tenho essas respostas, mas bem feito para eles...
Resumindo, não sei se os eleitores vão concordar comigo, mas a única coisa que posso dizer desse processo eleitoral é que está tudo bom e ao mesmo tempo está tudo ruim. E que Nietzsche vá se danar com suas conchinhas coloridas!
Obs: Conheci a tese do filósofo alemão por meio de um excelente material de sala de aula de meu mestre. Aliás, aquele de quem sou discípulo já está enjoado dos artigos estilo fim-do-mundo (que exageram na argumentação a ponto de parecer que o mundo vai acabar), surgidos na imprensa local estes dias.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Decisão de Eleitor

Começou a temporada eleitoral. Foi dada a largada para o aparecimento de mágicos de todos os tipos. Candidatos a vereador que vão de catador de papelão a empresário, de funcionário público a dono de boteco. Santinhos com os rostos dos ‘ilustres’ vão infestar a cidade. Em jogo as nove cadeiras da câmara municipal e um bom salário em relação a nossa renda per capita. Entre setenta e cinco candidatos como escolher? Ser jovem, bonito, ter curso superior, ser trabalhador, empresário, ser mulher, ser conhecido, ser experiente na política, ser honesto, apoiar sempre o prefeito, fiscalizá-lo sempre? Qual a qualidade que você considera mais importante na escolha do seu vereador? Como eleitor, o vereador, para ser considerado bom, tem que apresentar propostas concretas e não eleitoreiras, afinal, verear significa vigiar pelo bem estar e segurança dos munícipes. Um bom vereador deve utilizar de suas prerrogativas, exclusivamente, para atender o interesse público, além de agir com respeito ao executivo. Tem, também, que saber exatamente o que cada região da cidade necessita e apontar, de forma clara, objetiva e definitiva, a solução para os problemas coletivos e comunicar-se, convenientemente, com todos os setores da sociedade. É pelo voto que mudamos a sociedade, para melhor ou para pior.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O jornalismo está falindo!

O quarto poder perdeu sua capacidade de formação de consciência cidadã no Brasil. O novo contexto político está atando as mãos daqueles que deveriam ser, em sua essência, os intermediários entre os anseios da sociedade e os atos do poder público em todas as suas esferas.

As leis estão protegendo os criminosos e regulamentando a própria desmoralização do Estado, que deveria ser uma instituição impessoal e mantenedora da ordem e da ética.
Onde está o câncer que corrompe a sociedade? Na moral que imputa valores às decisões interpessoais ou na ética que agrega todas as decisões morais de um povo?

Freud deve estar dando piruetas em seu túmulo. Perdemos a noção de todos os conceitos humanos. Não sabemos mais distinguir o corretamente aceitável do legalmente correto. Bom senso e atentado violento ao pudor moral se misturaram homogeneamente.

Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis em um momento que a veiculação e publicação de denúncias não ultrapassam as mesas redondas das CPI´s. Aliás, passam do debate para a gaveta. Quem não se lembra do famoso Procurador, digo, “Engavetador Geral da República”?

O jornalismo está falindo!

O Boris Casoy foi calado e, agora, o Jabor está sendo processado. Isso para não citar os milhões de jornalistas despedidos diariamente no país por conta do famoso “voto do cabresto”, ou seria “conduta do cabresto”?

O jornalismo não mais atende às necessidades a ele imputadas, bem como as instituições públicas de investigação, punição e proteção do cidadão.
Não cabe a nós, pseudo formadores de opinião, sugerir saídas para a “baderna organizada”; até porque nossa voz não passa de uma simples musiqueta de ninar.

Talvez a “Teoria do Caos”, que apregoa a ordem em plena desordem, se incumba de anunciar a bonança. Caso contrário, continuaremos inseridos em um cenário em que os que lêem jornais continuarão não decidindo as eleições, mas sim os que limpam a b... com eles.

Léo Pereira
Jornalista Profissional Diplomado, Professor e Diretor Artístico da Rádio Nova 89 FM de Adamantina.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Uma questão de opinião

Ninguém, em sã consciência, poderia discordar sobre a liberdade de opinião. Falar o que pensa é, antes de tudo, o maior dos fundamentos de nossa democracia ocidental e, nunca é demais recordar, foi conquistada a duras penas e escrita na história com o sangue de muitos heróis, anônimos ou não. O interessante é que opiniões sempre estão em conflito, pois a maioria dos indivíduos, ou grupos, tem sua maneira ‘especial’ de analisar as grandes questões humanas, sejam elas religiosas, sociais, econômicas, comportamentais e, principalmente, políticas. Esse campo, a meu ver, é o que mais desperta paixões e visões contraditórias. Nos últimos dias, devido ao marasmo das eleições locais, assuntos já consolidados voltam à baila e enchem as páginas de jornais e rodas de conversa. Não se sabe ao certo se essas questões são de grande relevância a política local ou se são usadas como justificativas para este ou aquele fracasso e desilusão. Talvez, por não conseguirem concretizar suas aspirações, muitos andam perdendo o sono por terem desperdiçado quatro anos em discussões vazias, cheias de vaidades e projetos pessoais. Não conseguindo perceber os próprios erros, alguns jogam no quintal dos outros suas frustrações e assim tentam imiscuir de suas responsabilidades. A pauta predileta, no atual momento, é a posição do Partido dos Trabalhadores de Adamantina no contexto pré e pós-eleitoral. Muitas opiniões já foram lançadas, de dissimulados, interesseiros, apáticos, desagregadores, os integrantes do Partido já foram chamados. Nesse momento, quando se quer consolidar uma opinião, não bastam as justificativas. Elas se tornam inócuas. Em uma política, como a adamantinense, que há anos de arrasta entre vinganças e interesses próprios fica difícil perceber quando há maturidade nas decisões. Acostumados com os ‘ambidestros políticos’ alguns dos ‘especialistas em política local’ não conseguem compreender como alguém que foi preterido pode, sem nenhum interesse, continuar no barco de seu algoz. Para os ‘especialistas’ o correto seria bradar vingança aos quatro ventos e partir para a oposição cega, afinal ‘nos passaram a perna’. Fico feliz com a atitude dos membros do Partido dos Trabalhadores de Adamantina por não agirem dessa maneira. Continuar fiel as suas convicções, mantendo o apoio e o compromisso inicial demonstra caráter e respeito aos eleitores. Não se tornar uma oposição vingativa mostra, claramente, que não eram interesses próprios que estavam em jogo, pois se os fossem seria mais normal, e até mais humano, mudar de posição. O Partido poderia dar o apoio a outros candidatos. Postulantes a esse projeto e esperançosos a um aceno do PT não faltavam. Mas como a história comprovou isso não ocorreu. Para alguns, acostumados a outro tipo de política, a postura do PT pode parecer estranha, interesseira, politiqueira. Tudo que sai do senso comum causa estranhamento. Quero acreditar nessa explicação. Entretanto, como foi ressaltado anteriormente, opiniões são pessoais e cada um tem a total liberdade de interpretar da forma que achar melhor e explanar para os que estiverem interessados. Bem, essa é a minha.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

E a democracia, onde fica?

Em tempos de eleição, é muito bonito se falar em democracia, em participação popular, em política limpa. Entretanto, o que se vê nos bastidores, é uma politicagem sem precedentes. Alguns - aqueles mesmos que apregoavam liberdade de expressão e um debate de idéias - deixam-se levar pela falta de “esportividade” e já começam a mostrar suas verdadeiras facetas.
O processo democrático é indispensável para a evolução de toda uma sociedade, mas para que isso ocorra, é necessário interesse dos candidatos, mostrando suas idéias e debatendo com seus oponentes - e não inimigos - sobre as propostas mais viáveis para nossa sociedade.
Existem diversos candidatos, como bem sabemos, que por questão de conveniência procuram esconder seu passado político, impedindo os eleitores de fazerem uma leitura mais completa do seu perfil. Principalmente aqueles candidatos que outrora estiverem militando em partidos que hoje combatem. Ora, a redução, a manipulação e a supressão da memória histórica são práticas tipicamente nazistas, nada tendo a ver com a construção democrática. Os candidatos que delas fazem uso, devem ser banidos, através do voto, de mandatos políticos.
A omissão, neste momento, é prejudicial para todos. O candidato perde credibilidade; a população deixa de ter informações essenciais. Com tudo isso, mais uma vez, o eleitor tem que se desdobrar para analisar as reais intenções de cada político. Ressalte-se a importância e o dever de prestar informações à comunidade. Não estamos, nem estaremos pendendo para nenhum dos lados, mesmo que alguns o façam.
Portanto, cabe ao Estado Democrático não apenas garantir a cidadania política, mas criar as condições, promover e garantir a cidadania civil de todos os cidadãos, a partir daqueles que mais necessitam. O que é preocupante hoje é ver os modelos sócio-econômicos implantados por muitos governos nacionais, democraticamente eleitos, serem incapazes de melhorar a situação moralmente repugnante de tantos cidadãos, chegando muitas vezes a piorá-la.
Falamos isso, sem distinção!
Mas, por exemplo, no Brasil de 2002, o desemprego aumentou consideravelmente em relação aos anos anteriores; as empresas estatais foram privatizadas, mas a dívida externa triplicou; e a economia, sempre aos trancos e barrancos, foi bem mais ou menos. Isto sem considerar que boa parte da população empregada recebia salários que não lhes permitia possuir moradia, educação, saúde, lazer, cultura num patamar que lhes justifique a existência de uma cidadania civil, gerando no seio de uma mesma comunidade, de uma mesma cidade, cidadãos de primeira categoria e cidadãos marginalizados, impedidos do acesso aos resultados da riqueza da vida comunitária.
Até hoje, há que se dizer, os modelos implantados por diversos Estados Democráticos não conseguiram corrigir estes desequilíbrios; pelo contrário, a cada dia só fazem aumentá-los. Mas algumas perguntas se fazem obrigatórias e devem ser, pelo menos, respondidas: Até que ponto essas populações discriminadas e miseráveis podem recorrer às liberdades políticas de um regime democrático como plataforma de proteção e fonte de poder, nas lutas pela ampliação dos direitos socais e civis? Que novos rumos os Estados Democráticos precisam tomar para corrigir esta aberração civil, para, de fato, conferir a todos os membros da comunidade nacional o mínimo de igualdade social?
O debate sobre o aperfeiçoamento do Estado Democrático tendo em vista a sua aplicação na busca de produzir igualdade com fraternidade parece ser um dos pontos basilares da atualidade. É inadmissível permanecermos indiferentes ao que nos acontece ao redor, aos nossos co-cidadãos mutilados pela miopia de políticas concentradoras de renda e poder, acarretando a desagregação e violência social. O Brasil não pode se furtar a este debate.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Dupla personalidade

Se, em alguns casos, a dupla personalidade é um distúrbio mental, em outros pode não passar de um truque para esconder a verdadeira identidade. Hitler é um exemplo do primeiro caso: o maior assassino da História, em criança, adorava pintar singelas paisagens. Já exemplos do segundo, os maus políticos oferecem em quantidade. Como se sabe, muitos desses “amigos do povo, da ética e da justiça social” escondem suas fraquezas e seus maquiavélicos planos atrás de belos discursos. Felizmente, na maioria das vezes esses impostores são desmascarados.
Deixando de lado os políticos e seus truques mirabolantes, até porque quem é o crítico mais contundente sobre esse assunto em nossa cidade é o mestre Mauro Cardin, vamos a um famoso caso de dupla personalidade ocorrido no Brasil. Conta-se que Virgulino Ferreira, o Lampião, só entrou no mundo do crime por causa do assassinato do pai. E que, depois de vingá-lo, tomou gosto pelo cheiro da pólvora e pelo sangue, de tal forma, que em pouco tempo, tornou-se líder do maior bando de cangaceiros que já se conheceu.
Mas, o que poucos sabem é que, segundo algumas pessoas, Lampião, mesmo antes de virar criminoso, já tinha costumes corajosos para sua época: cultivava flores da caatinga e remendava a roupa dos irmãos; coisas que não deixou de fazer depois, nos momentos de folga, entre um tiroteio e outro.
E como desgraça (ou calúnia) pouca é bobagem, também falam que o rei do cangaço teve um caso amoroso com seu lugar-tenente, um loiro de olhos azuis, descendente de holandeses, que tinha o apelido de Corisco. E que o chapéu quebrado na testa, marca registrada de Lampião, ganhou esse formato de tanto o cangaceiro encostar a cabeça nas rochas do sertão, para facilitar a vida do companheiro.
Não se sabe ao certo se isso é verdade, mas de uma coisa não podemos duvidar, o moço de costumes delicados só se transformou no mais cruel cangaceiro movido pelo sentimento de vingança. E pela dupla personalidade que pode estar afetando os neurônios de alguns articulistas da Cidade Jóia.

Obs: Publiquei esse artigo pela primeira vez em 2003, e, pelo visto, de lá para cá pouca coisa mudou...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Cadê nosso anel viário?

Dizer que o poder público é, com raras exceções, lento em perceber as necessidade da população é chover no molhado. Porém é papel da imprensa ser insistente e, apesar dessa insensibilidade clássica, dar visibilidade aos problemas na esperança de que um dia haja solução. Há tempo, salta aos olhos da população, que o tráfego de caminhões pesados pelo centro da cidade vem provocando sérios transtornos.
Além de perigoso à integridade física dos transeuntes, dificulta o fluxo de carros. Há também de mencionar o incômodo dos odores deixados nos rastros. Ao transportar produtos fedorentos, os caminhões, por onde passam, exalam mau cheiro, algumas vezes, dando a impressão de estar transportando carniça a céu aberto. Imagine isso pelo centro da cidade. Há registro de que o fedor permanece quase 15 minutos incomodando pessoas. Quando caem pelas ruas restos de carga, o fedor tende a permanecer por mais tempo.
Sabe-se que situações dessa natureza são inevitáveis num ambiente de desenvolvimento econômico. Porém, algumas medidas poderiam atenuar o problema. Bastaria que o poder público, além da fiscalização necessária, tomasse algumas iniciativas. Dentre elas, destaca-se a construção de um anel viário. Aliás, cidade de porte menor do que Adamantina, já tem seu anel viário. Esse é o caso de Valparaíso, Quatá e Cândido Mota.
Há tempo, o problema vem incomodando a população adamantinense, principalmente do centro da cidade. Entretanto até o presente momento quase nada foi feito para por fim a essa situação. O anel viário não só beneficia a população como as empresas instaladas na região oeste da cidade. Afinal, o anel, com adequada pavimentação, ajudaria no fluxo e, certamente, diminuiria prejuízos provocados por frenagens e solavancos dos caminhões. Até mesmo o erário municipal seria beneficiado na medida que se evitaria o tráfego de pesados caminhões sobre as frágeis camadas de asfalto sobre as ruas da cidade.
Enfim, quem sabe, neste período eleitoral, o problema ganhe visibilidade e logo encontre a adequada reposta. Até agora, o que se vê é apenas a insensibilidade da Administração, de vereadores e líderes políticos.

Corrupção: uma doença que precisa ser vencida

Roubar é tomar dinheiro ou bens que pertencem a outros. Existem, porém, muitas formas de roubar: com ou sem violência, enganando ou não quem está sendo roubado. Nossa sociedade considera o roubo um crime, a ser sempre punido e, nenhuma sociedade em que o roubo seja aceito consegue sobreviver.
A corrupção é uma forma de roubo em que existe a conivência de quem toma conta do dinheiro ou dos bens roubados, exemplo dentro de uma empresa ou em negócios entre empresas, e entre pessoas e empresas. Quem se deixa corromper, ajudando o ladrão, ou facilitando sua ação, rouba também, porque sempre fica com uma parte do que foi roubado, ou obtém alguma vantagem pessoas em prejuízo de quem foi roubado.
A palavra corrupção é, no entanto, mais usada quando o dinheiro ou bens roubados são públicos, de propriedade de todos. Neste caso, quem rouba ou facilita o roubo, exerce funções de governo, ou seja, são os próprios responsáveis pela guarda ou pela administração desse dinheiro público, como se diz, tem de haver, dentro e fora do governo, uma rede de interessados em sugá-los para seus bolsos.
A corrupção é uma perigosa deterioração dos costumes sociais, é como uma doença que vai contagiando e destruindo os órgãos em que ela penetra. Todavia, em pleno século XXI, ainda existem pessoas crentes que a função do vereador é parecer “burrinho de presépio”, só balançar a cabeça. Ainda têm aqueles candidatos que pensam que a Câmara Municipal pertence ao Poder Executivo. Tem pessoas que pensam que quatro anos não passam nunca. Outras pensam que oito anos não chegam ao fim.
O povo não é mais inocente, como antigamente. Veja a próxima eleição! Quem semeia ventos colhe tempestades.
Como diria o grande jurista Rui Barbosa “a improbidade não consiste simplesmente em emporcalhar as mãos no dinheiro alheio. O homem de consciência suja pode lavá-la em quantos sabonetes entender: não terá na epiderme um ponto limpo.”

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Direita, Esquerda e os Ambidestros Políticos.

Recentemente, em algumas conversas informais pela cidade, dois figurões da política local levantaram a questão sobre a Esquerda e a Direita em Adamantina. Um deles tentava dar identidade a certos arranjos casuísticos e politiqueiros, outro, relembrava a própria trajetória pessoal e lamentava a alcunha de conservador que jogaram em suas costas. Como historiador, não pude deixar de relembrar os grandes embates revolucionários na França pós-1789, quando a terminologia Direita e Esquerda entrou no vocabulário político do Ocidente. O interessante, e isso não é particularidade de nossa cidade, é que a divisão ideológica está longe de permear as discussões em relação às políticas públicas e poucos levam para seu palanque esse tipo de debate. Direita e Esquerda, atualmente, salvo raras exceções, são objetos de livros de história. A falta de identidade política que há no Brasil acentua-se em cidades menores, e Adamantina não é exceção, na qual, acima de tudo, discutem-se pessoas e não projetos. Partidos criados de última hora por esse ou aquele grupo, coligações questionáveis e ‘donos de partido’ que tiram a legenda de potenciais candidatos para satisfazer interesses próprios são alguns casos emblemáticos que ocorreram nos últimos meses. Até mesmo o Democratas, cria da antiga Arena, partido que deu sustentação ao Regime Militar, tentou coligar-se com o Partido dos Trabalhadores, símbolo do ‘esquerdismo’ nacional. Esse fato, mesmo que pitoresco na visão de algum analista político, demonstra que, mesmo em partidos historicamente díspares, em Adamantina, há mais confluências do que divergências. Muitos de seus filiados não têm raízes históricas com esse ou aquele grupo político e, às vezes, os projetos para a cidade caminham no mesmo rumo, independente de agremiações. Onde fica o eleitor nessa questão? Não há preocupação em relação a isso, pois não temos uma sociedade politizada. Temos os candidatos de grupo: os evangélicos, os católicos, o representante do bairro X, o indicado da empresa Y, o amarrado com o sindicato W. Essa questão chegou ao extremo, quando um pré-candidato tentou construir sua base dentro das Igrejas da cidade, esquecendo que Adamantina não é formada apenas de católicos e que a diversidade religiosa é um dos grandes pilares de nossa democracia. Em nenhum momento houve projeto para a cidade ou alguma estratégia de desenvolvimento e crescimento sustentável. Por um cargo ou uma indicação, todos viram ambidestros políticos, usando a casaca que convém à ocasião e deixando transparecer, sem nenhum pudor, que ideologia é bandeira de quem não entende nada de política e quem ocupa o poder, muitas vezes, são aqueles que se comportam como verdadeiros camaleões.

E agora! Em quem devo acreditar?

O momento é mesmo de reflexão. E, desta reflexão, deve emanar nosso espírito cidadão. A sociedade clama por justiça social, no entanto, nada adiantará continuar rezando por isso. É preciso participar!
Mas como devemos participar? Como devemos agir? Como iremos suportar as “propostas de sempre” em um país onde tudo é faz de contas? Simples. Seja cidadão, exerça seus direitos e cobre ação dos candidatos.
A mesma ladainha de sempre, como sempre, aparece novamente e só você, cidadão, poderá responder ao apelo de toda uma comunidade. Justiça social não é só habitação, saúde, esporte ou lazer e sim muito mais do quê isso. A participação, defendida pela sociedade democrática de direito, é essencial para este processo.
Não se deixe levar por festas, comentários maldosos ou sequer aquele “brinde” ou ajuda de custo, que sempre aparece de quatro em quatro anos. Essa síndrome deve acabar. Nosso município merece ficar livre desta doença.
Neste jogo político, como em uma partida de xadrez, as opções de movimento são muitas, mas cada um deles deve ser estrategicamente realizado. Um único peão pode significar a derrota e, nem sempre, ter a vantagem de uma rainha é decisivo. Mas todo cuidado é pouco, sobretudo em um mundo globalizado, onde a concorrência é palavra chave e nem sempre o mais fraco perde.
A experiência e análise contextual devem ser levadas em consideração, mas a ética, preferencialmente a de princípios, deve estar em primeiro lugar. O voto é a chave para todo este enigma. Decida e não doe. Cobre, mas não seja comprado. Analise, mas desconfie das promessas de sempre. Vote consciente e faça uma sociedade melhor.
Nestas eleições, todo cuidado é pouco, principalmente, quando precisamos conviver com os antigos dogmas de uma sociedade marcada pelo coronelismo, perseguição e corrupção. Participe deste processo e lute por uma mudança radical, opções nós temos.... Agora, só depende de você.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Chega de tédio

Há muitos anos, Genival Lacerda gravou uma música onde se destacava o seguinte refrão: “A véia debaixo da cama / A véia criava um gato / Na noite que se danava / O gato miava /E a véia dizia: Ai meu Deus se acaba tudo / Tanto bem que eu te queria”.
Hoje, com o tédio reinando absoluto em nossa comunidade, principalmente na política, entendo ter chegado a hora de mostrar, mais uma vez, que, quase sempre, a realidade se confunde com a ficção. Pois, acreditem se quiserem, décadas após a véia e o gato terem feito sucesso em todo Brasil, não é que um intelectual e seu cãozinho também foram parar debaixo da cama!
Assim, nasceu uma inédita paródia da música (música?), cujo refrão que está fazendo sucesso nas esquinas de Adamantina diz mais ou menos isso: “O intelectual debaixo da cama / O intelectual criava um cão / O intelectual debaixo da cama / O intelectual criava um cão / E na noite que se danava / Enquanto o cão latia, o intelectual dizia: Ai meu Deus que acaba tudo / Tanto bem que eu te queria”.
Mas, deixando a ficção de lado, dizem que o intelectual insiste em perguntar para o pobre cãozinho:
— Por que um dia fui me envolver em assuntos de eleição? Por quê? Por quê? Buááá...
E o cãozinho não se cansa de responder:
— Au, au, au, quem mandou se meter onde não devia.
Agora, deixando de lado o intelectual e seu cãozinho, vamos a um outro sucesso que marcou a vida de muita gente. Quem não se lembra da música “Naquela mesa”, na voz do eterno Nelson Gonçalves? Então recordemos alguns versos que permanecem na mente dos antigos freqüentadores de bar: “Naquela mesa ele sentava sempre / E me dizia sempre o que é viver melhor / Naquela mesa ele contava histórias / Que hoje na memória eu guardo e sei de cor (...) Naquela mesa tá faltando ele / E a saudade dele ta doendo em mim / Naquela mesa tá faltando ele / E a saudade dele tá doendo em mim”.
Por falar em saudades, veja você caro leitor (ou eleitor) outra paródia que está fazendo sucesso em determinada cafeteria da Cidade Jóia: “ Naquela mesa eles sentavam sempre / E me diziam sempre o que é viver melhor / Naquela mesa eles contavam histórias / Que hoje na memória eu guardo e sei de cor (...) Naquela mesa estão faltando eles / E a saudade deles não tá doendo em mim / Naquela mesa estão faltando eles / E a saudade deles não tá doendo em mim.
Para encerrar, gostaria de dizer aos meus amigos articulistas que as palavras chatice e mesmice são primas muito próximas. Chega de tédio...

Que os santos nos ajudem!

A sociedade, em sua maioria, é formada por pessoas de boa índole, preocupadas com o bem estar do próximo e, conseqüentemente, engajadas em uma constante luta por melhoria de condições de vida. Todavia, alguns tentam enganar os demais com falsas alegações e ameaças.
Com a proximidade das eleições, cresce ainda mais a expectativa da população que aposta na vitória de alguns, na derrota de outros. Alguns criticam e desmerecem os candidatos. Entretanto, para que nossa cidade tenha uma administração séria e coerente com os propósitos populares, é necessário muito mais que críticas.
A análise de cada candidato é essencial. Suas virtudes e defeitos. Todavia, devemos analisar criteriosamente os interesses que motivam aquela ou esta candidatura. Será que eles realmente estão preocupados com os anseios populares ou o bolso está falando mais alto, mais uma vez!
No jogo político, quase sempre, a verdade fica escondida, atendendo desta forma os interesses dos “coronéis” e dos “marajás”, mas as mentiras são facilmente desvendadas.
Nestas eleições devemos ter muito cuidado, pois as aparências podem enganar, ainda mais quando não se sabe de que lado os candidatos estão. Votar é uma arma, a maior ferramenta de um estado democrático, portanto, vote. Mas antes de fazê-lo, pense, estude, analise, critique, discuta e duvide.
O cidadão tem papel decisivo e os representantes escolhidos serão o espelho da população e de seu grau de consciência. Se quem entrar lá for corrupto, foi a maioria que escolheu, mas nem por isso, devemos deixar de exercer nosso papel, cobrando, denunciando e sempre, sempre, sempre duvidando.
A guerra começou e as verdades de cada candidato estão sendo lançadas, como se fossem cartas em uma mesa de baralho. Só esperamos que aquele declarado vencedor não esteja blefando....

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A cultura não está órfã em Adamantina.

Há uma grande transformação em curso. Silenciosa, mas não despercebida, uma mudança extremamente importante ocorre há quatro anos em nossa cidade e começa a dar frutos importantes, que deverão ser colhidos por gerações futuras. Apesar de muitos percalços e diversos problemas ‘ela’ reapareceu. Estou falando da Cultura em Adamantina. Não que não houvesse manifestações culturais nos anos anteriores. Elas estavam aqui e acolá, mantidas pelo diletantismo de alguns que tentavam a todo custo manter algo vivo e disponível para a população. Algo insuficiente e que não atendia às necessidades de nossos cidadãos. Todavia, no decorrer dos últimos anos, um trabalho sistemático e bem engendrado foi lançado e um verdadeiro renascimento ocorreu em nosso município. Alguns mais sisudos podem contestar, afirmando que, para quem não tinha nada, qualquer faísca pode parecer fogueira. No entanto, trabalhando com orçamentos reduzidos e lutando contra a falta de interesse, o trabalho realizado por essa secretaria merece maior atenção. Desde a reativação do Projeto Guri, trabalho importante realizado com crianças carentes, a reabilitação da Banda Marcial, a reestruturação de nossa Biblioteca Pública, o projeto Rock na Praça, a vinda de peças teatrais, as oficinas, as diversas exposições, a iniciativa do ‘Vá ao cinema’, a criação dos conselhos municipais, para citar alguns, demonstram um trabalho muito bem feito e que merece maior reconhecimento dos adamantinenses. Trabalho esse, levado a cabo por dois secretários e suas equipes que se esforçaram para que essa transformação ocorresse. É claro que há problemas e alguns pontos devem ser mais bem debatidos. É o caso de uma efetiva integração da Secretaria com as escolas da cidade, uma maior atenção ao patrimônio histórico local e a atuação mais incisiva dos diversos conselhos culturais. Seria de suma importância também a maior participação do empresariado local no financiamento de nossas práticas culturais, assim como a elaboração de leis municipais que favorecessem essa empreitada. Bandeira essa que poderia ser levantada por pessoas envolvidas nesses projetos. Todavia, devemos destacar que algumas bases foram lançadas e que o trabalho, árduo e contínuo, deve ser o norte nessas questões. Pouco se fala nessa transformação. Ela não é tão marcante quanto à reforma de uma praça ou um recapeamento de alguma rua. Tão pouco é mencionada em palanques ou discutida em projetos de governo. Entretanto seu rastro deixa profundas marcas e seus resultados poderão ser sentidos ao longo dos anos. Fica o recado aos postulantes ao legislativo e ao executivo. Tratem com maior atenção o assunto e criem subsídios para que os projetos fluam e continuem nos próximos anos. A população adamantinense só teria a agradecer.

Cuidado! Não é hora de “abracadabra”...

“Brasileiro sabe votar”. Os leitores mais velhos devem recordar essas palavras proferidas pelo Sr. Edson Arantes do Nascimento. Os anos eram sombrios, estávamos sob pesado tacão militar e, para muitos, principalmente para a esquerda e simpatizantes, elas serviram para justificar a continuidade e – quem, então, poderia saber? – a permanência do governo autoritário de exceção. Lutava-se, na oposição, dura e bravamente, pela democracia representativa, que o horizonte revolucionário já desaparecia na névoa sinistra do extermínio e da tortura como política de Estado.
O tempo faz das suas: hoje, em praticamente todos os pronunciamentos oficiais e não- oficiais, voltados para políticas públicas de toda ordem, a expressão mais ouvida é “exercício da cidadania”. Como é sabido, a repetição exaustiva de qualquer signo lingüístico resulta em esvaziamento semântico. Experimente repetir, em voz alta, uma palavra por 60 segundos, sobrarão sons ocos de qualquer significado. Com “cidadania” começa a acontecer algo parecido. Mas é preciso ficar atento, seu esvaziamento trará um grave prejuízo para todos.
A propósito de que essa digressão? O exercício da cidadania, depois da penosa democratização, construiu-se em necessidade urgente para a consolidação efetiva do processo “democratizante” em que mergulhou o país nos últimos anos. Ouve-se muito também a palavra “inclusão”, que já vai cansando. Dá no mesmo. Ora, tais aborrecidas insistências não fariam sentido se a população brasileira gozasse plenamente de seus direitos constitucionais. O que, como todo mundo sabe, não ocorre. Há sutis formas de seqüestrar esse gozo.
Assim, o país parece padecer de curiosa esquizofrenia: o mesmo poder público que não perde a chance de apregoar seu emprego na “luta pelo exercício da cidadania” opera um número significativo de ações – ou simplesmente omite-se – que subtraem do brasileiro o necessário e procurado amplo “exercício”. Pense nos imensos problemas das áreas da saúde, educação, justiça e segurança. É de chorar. A retórica vazia mata aos poucos, mas é fatal como a degola, ora em moda.
Bem, voltemos a Pelé, ou melhor, a Edson Arantes: hoje, mais conscientes do abandono a que vem sendo largado, por séculos, o grosso da população, já não nos parecem tão absurdas as palavras que abrem este texto. Só poderia dar nisso. Lembremos que o direito de voto não constitui, em si, exercício pleno de nada. Até porque a reforma de nosso sistema eleitoral – urgente e imprescindível – tem sido evitada a qualquer preço pelos legisladores da ocasião. Vai ficando para um eterno depois. Enquanto isso, as eleições são “maquinadas” nos caldeirões das bruxas “marqueteiras”. Um teatro de mídia.Ocorre que o eleitor não é um ente passivo e o Estado muito menos um incontrastável pátrio poder. Cabe a nós a recusa permanente e atenta dessas viciadas práticas políticas e eleitorais. A transformação a se exigir não virá por mágica ou generosa concessão de poderosos com suspiros cristãos. A coisa toda pode estar começando no singelo instante em que o munícipe principia a olhar para o que restou da cidade, continua numa verificação exigente (não dói nada) dos espíritos públicos e visíveis nas ações efetivas, prossegue mais um pouquinho no gesto das urnas, e vai, para muito adiante, através do bastão passado às gerações futuras. Não abandonemos o barco.