O jornalista é criador do lendário Ernesto Varella, um repórter fictício que deixava políticos desconcertados com perguntas irônicas durante a abertura política, disponível com facilidade no Youtube para quem nunca viu a célebre entrevista com Paulo Maluf.
terça-feira, 31 de março de 2009
O embate entre o velho, o novo e o “outro” jornalismo
O jornalista é criador do lendário Ernesto Varella, um repórter fictício que deixava políticos desconcertados com perguntas irônicas durante a abertura política, disponível com facilidade no Youtube para quem nunca viu a célebre entrevista com Paulo Maluf.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Encenações da vida real
Em Adamantina, o nosso dia a dia, enquanto personagens desse espetáculo, acontece, no geral, da seguinte forma:
Primeiro Ato. O Ano Novo. Nos vestimos de branco e nos abraçamos, desejando paz e prosperidade, bebemos champanhe e comemos lentilha, vamos dormir e esperamos o Carnaval chegar. Frequentamos Panorama ou Lucélia. Depois da farra o diretor indica que devemos passar da comédia para o drama e nos resguardar dos pecados “desse palco”. Ficamos quarenta dias nessa situação até chegar o dia da Santa Cruz e do coelho, quando nos empanturramos de peixe e de chocolate.
Segundo Ato. Outono. O dia a dia de um misto de calor e frio toma conta do palco. Encenamos o trivial. Durante a semana muito trabalho. Nos finais de semana o esperado churrasco com os amigos, almoço com a família, restaurantes, pizzarias, bares e cafés com os mesmos atores sentados nas mesmas mesas. Ainda neste ato dedicamos homenagens às mães e aos atores trabalhadores. O maior número de casamentos entre os atores ocorre neste ato.
Terceiro Ato. Fogos de Artifício. Saudamos três atores famosos e santos com muito rojão. Comemos doces caseiros e enfeitamos as ruas para que o Mestre dos atores passe entre eles. O inverno toma conta do palco e os bois pulam na arena. As pessoas se vestem para o frio “não tão frio” e esperam que ele apareça enquanto aguardam o show do artista que pula com os bois. Adamantina faz aniversário. Ouvimos mais rojões. Uma inauguração daqui e outra dali. Montamos um palanque sobre o palco e encenamos encenações. Mais rojões.
Quarto Ato. Cachorro Louco. Neste ato os atores não costumam se casar. Quem possui um “melhor amigo do ator” costuma levar seu xodó para vacinar. Este é um momento tedioso para o palco. Estagnados, sem muita vontade de encenar, voltamos a repetir cenas do Segundo Ato: “Durante a semana muito trabalho. Nos finais de semana o esperado churrasco com os amigos, almoço com a família, restaurantes, pizzarias, bares e cafés com os mesmos atores sentados nas mesmas mesas”.
Quinto Ato. Viva a Melancia. Este é um ato interessante. Alguns dos atores não sabem como e nem por que, mas todos festejam duas datas, a “Independência do Palco” e a “República do Palco”, duas grandes encenações de “revoltas sem sangue”, a primeira de certo imperador nas margens de um riacho e a segunda de certo marechal em uma praça. Em Adamantina saudamos a primavera e todos festejam o verde. Os atores que já foram para outro palco, angelical ou infernal, são lembrados com flores, velas e melancias.
Sexto e último Ato. Festa no Palco. Com um calor infernal o palco troca o figurino e o cenário. Roupas mais leves, muita piscina e planos para receber amigos e parentes de outros palcos para um “final de encenação”. A noite do palco fica iluminada. Caminhamos pelas ruas e todos os atores gastam suas economias. Curiosamente o palco festeja o nascimento do Mestre com adereços de outros povos. Os atores comem e bebem exageradamente. Uma semana depois, as luzes dos refletores vão diminuindo. Fecham-se as cortinas. Nenhum aplauso. Abrem-se as cortinas... Primeiro Ato. O Ano Novo.
domingo, 22 de março de 2009
Poder público e vida privada
O escritor britânico George Orwell já havia vaticinado sobre a constante vigilância na qual os cidadãos estariam imersos num futuro próximo. Vigiados todo o tempo, nem mesmo o simples e corriqueiro pensamento passaria despercebido dos instrumentos do Estado que, para zelar pela ordem e pela manutenção do poder, fiscalizariam e puniriam o mínimo descuido dos desavisados.
O homem público, seja ele o presidente, governador, juiz ou prefeito, sofre da observância constante de seus comandados. Estes, ansiosos por exemplos ou deslizes, buscam em cada ação ou palavra uma maneira de destrinchar sua personalidade, de despi-lo da aura que o posto o confere. Há muito tempo os cargos máximos deixaram de representar a escolha divina, mas ainda mantêm, pela tradição ou ignorância, o simbolismo da hierarquia.
Relegando a conduta primitiva apenas aos livros de História, os seres humanos deixaram de escolher seus representantes pela força ou virilidade. Escolhe-se o líder pelas virtudes administrativas, pelo zelo ao erário, pelos projetos a serem empregados e outros requisitos essenciais às democracias modernas.
Na tradição administrativo-latina, não se elenca entre as prioridades requeridas aos postulantes de cargos públicos sua vida pessoal. Problemas familiares ou conjugais não o gabaritam a ser melhor ou pior na administração de um governo. A vigilância puritana, típica de um país anglo-saxão, de mentalidade conservadora, trata as infidelidades ou condutas “moralmente adversas”, como assuntos de Estado.
Condutas ilibadas no âmbito pessoal não gabaritam um homem público. Temos como exemplo o antigo chanceler do Reich alemão, Adolf Hitler. Homem de vida privada íntegra, amante dos animais, antitabagista, vegetariano, admirador das artes. Foi responsável pela morte de 6 milhões de judeus entre outras atrocidades cometidas em seus 12 anos no poder. Podemos lembrar também a rainha do império inglês, Elisabeth I, conhecida como “a virgem”. Governou seus súditos com mão de ferro, manteve uma dura perseguição religiosa e incentivou indiscriminadamente a pirataria em seu reinado.
Há inúmeros casos na história brasileira que confirmam a péssima relação em vincular a vida privada à esfera pública. Basta lembrar o jogo sujo elaborado por Fernando Collor nas eleições de 1989, na qual usou a ex-namorada do então candidato Lula para acusá-lo de uma suposta tentativa de aborto, caso comprovadamente falso. Para os que possuem memória curta, há também a pergunta capciosa de Marta Suplicy sobre a vida pessoal de Gilberto Kassab, insinuando uma possível tendência homossexual do atual prefeito de São Paulo. Fatos deploráveis que, no mínimo, demonstram a péssima cultura política que impera no país.
O debate sobre a questão permeia a mídia por todo o mundo. Os limites entre vida privada e exposição, como assunto de interesse público, deve estar bem definido. Não há dúvidas de que ocupantes de cargos públicos estão sujeitos a questionamentos. Afinal são eles que administram o nosso dinheiro e criam leis que regem nossas vidas. Por isso deve haver prudência e bom senso. Entretanto, defendo a idéia de que análises sobre políticos e governos devem passar à margem dos problemas de foro pessoal, que, como se sabe, só dizem respeito aos envolvidos.
quinta-feira, 19 de março de 2009
As drogas e as classes sociais
Vinculam-se muitas matérias sobre apreensão de drogas na periferia da cidade e estampam-se fotos de infratores algemados, tatuados, com semblante de indivíduo desprovido de recursos econômicos e sociais. Cristaliza-se o velho estereótipo do marginal e passa-se a falsa impressão de que tudo caminha para a normalidade, com o Estado punindo os transgressores e os cidadãos “de bem” podendo viver a tranquilidade interiorana.
Faço aqui uma pergunta: qual é o papel dos universitários e das famílias de classe média no aumento desse consumo? As autoridades e as famílias sabem o que ocorre em algumas repúblicas e festas de Adamantina? Não há aqui uma generalização, mas até que ponto as drogas ilícitas são utilizadas por alunos da faculdade? Há batidas em festas de repúblicas? Ou apenas os jovens de baixa renda são alvos de frequente vigilância?
Se o tráfico na cidade cresceu, certamente é porque há consumidores. Acreditar que só jovens de baixa renda consomem drogas é no mínimo imaturidade ideológica. Maconha, ecstasy, cocaína, todas essas drogas estão presentes nas noitadas da cidade, as quais, em função do alto custo de certos entorpecentes, só frequentam universitários e filhos de abastadas famílias.
É o momento de se criar uma política preventiva na FAI para a temática, como já ocorre em algumas faculdades públicas do país. Palestras e conscientização são salutares, mas deve haver campanhas permanentes, com núcleos especializados. Institucionalizar a prevenção e o debate despertará maior interesse social e dará maior credibilidade ao projeto.
Deve-se cobrar também uma política mais incisiva das forças repressoras em relação ao comércio e ao consumo de drogas na classe média e entre os estudantes da cidade. Como já dissemos, o problema das drogas não ocorre apenas nos bairros de Adamantina, está também no centro, nas festas dos filhos das famílias “de bem”. Não deve ocorrer a relativização repressiva. Ou se tolera esse fato na cidade, ou se adota uma postura igualitária no combate aos entorpecentes entre nós, sem distinção de classe social ou de sobrenome.
Qual mulher relaxa com detergentes
segunda-feira, 16 de março de 2009
Os pretendentes
sexta-feira, 13 de março de 2009
Blog de Dom Orvandil: HUMANIZAÇÃO DA CIDADE (III)
PARABÉNS PELO ARTIGO EM PAUTA, AINDA, ENTENDO QUE, NESTE NOVO TEMPO QUE SE CHAMA HOJE, FAZ-SE NECESSÁRIO ESTAR EM CONEXÃO COM O DEBATE DA HUMANIZAÇÃO DA CIDADE EM TEMPO DE PÓS-GLOBALIZAÇÃO MIDIÁTICA...
Blog de Dom Orvandil: HUMANIZAÇÃO DA CIDADE (III)