quinta-feira, 31 de julho de 2008

Uma questão de opinião

Ninguém, em sã consciência, poderia discordar sobre a liberdade de opinião. Falar o que pensa é, antes de tudo, o maior dos fundamentos de nossa democracia ocidental e, nunca é demais recordar, foi conquistada a duras penas e escrita na história com o sangue de muitos heróis, anônimos ou não. O interessante é que opiniões sempre estão em conflito, pois a maioria dos indivíduos, ou grupos, tem sua maneira ‘especial’ de analisar as grandes questões humanas, sejam elas religiosas, sociais, econômicas, comportamentais e, principalmente, políticas. Esse campo, a meu ver, é o que mais desperta paixões e visões contraditórias. Nos últimos dias, devido ao marasmo das eleições locais, assuntos já consolidados voltam à baila e enchem as páginas de jornais e rodas de conversa. Não se sabe ao certo se essas questões são de grande relevância a política local ou se são usadas como justificativas para este ou aquele fracasso e desilusão. Talvez, por não conseguirem concretizar suas aspirações, muitos andam perdendo o sono por terem desperdiçado quatro anos em discussões vazias, cheias de vaidades e projetos pessoais. Não conseguindo perceber os próprios erros, alguns jogam no quintal dos outros suas frustrações e assim tentam imiscuir de suas responsabilidades. A pauta predileta, no atual momento, é a posição do Partido dos Trabalhadores de Adamantina no contexto pré e pós-eleitoral. Muitas opiniões já foram lançadas, de dissimulados, interesseiros, apáticos, desagregadores, os integrantes do Partido já foram chamados. Nesse momento, quando se quer consolidar uma opinião, não bastam as justificativas. Elas se tornam inócuas. Em uma política, como a adamantinense, que há anos de arrasta entre vinganças e interesses próprios fica difícil perceber quando há maturidade nas decisões. Acostumados com os ‘ambidestros políticos’ alguns dos ‘especialistas em política local’ não conseguem compreender como alguém que foi preterido pode, sem nenhum interesse, continuar no barco de seu algoz. Para os ‘especialistas’ o correto seria bradar vingança aos quatro ventos e partir para a oposição cega, afinal ‘nos passaram a perna’. Fico feliz com a atitude dos membros do Partido dos Trabalhadores de Adamantina por não agirem dessa maneira. Continuar fiel as suas convicções, mantendo o apoio e o compromisso inicial demonstra caráter e respeito aos eleitores. Não se tornar uma oposição vingativa mostra, claramente, que não eram interesses próprios que estavam em jogo, pois se os fossem seria mais normal, e até mais humano, mudar de posição. O Partido poderia dar o apoio a outros candidatos. Postulantes a esse projeto e esperançosos a um aceno do PT não faltavam. Mas como a história comprovou isso não ocorreu. Para alguns, acostumados a outro tipo de política, a postura do PT pode parecer estranha, interesseira, politiqueira. Tudo que sai do senso comum causa estranhamento. Quero acreditar nessa explicação. Entretanto, como foi ressaltado anteriormente, opiniões são pessoais e cada um tem a total liberdade de interpretar da forma que achar melhor e explanar para os que estiverem interessados. Bem, essa é a minha.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

E a democracia, onde fica?

Em tempos de eleição, é muito bonito se falar em democracia, em participação popular, em política limpa. Entretanto, o que se vê nos bastidores, é uma politicagem sem precedentes. Alguns - aqueles mesmos que apregoavam liberdade de expressão e um debate de idéias - deixam-se levar pela falta de “esportividade” e já começam a mostrar suas verdadeiras facetas.
O processo democrático é indispensável para a evolução de toda uma sociedade, mas para que isso ocorra, é necessário interesse dos candidatos, mostrando suas idéias e debatendo com seus oponentes - e não inimigos - sobre as propostas mais viáveis para nossa sociedade.
Existem diversos candidatos, como bem sabemos, que por questão de conveniência procuram esconder seu passado político, impedindo os eleitores de fazerem uma leitura mais completa do seu perfil. Principalmente aqueles candidatos que outrora estiverem militando em partidos que hoje combatem. Ora, a redução, a manipulação e a supressão da memória histórica são práticas tipicamente nazistas, nada tendo a ver com a construção democrática. Os candidatos que delas fazem uso, devem ser banidos, através do voto, de mandatos políticos.
A omissão, neste momento, é prejudicial para todos. O candidato perde credibilidade; a população deixa de ter informações essenciais. Com tudo isso, mais uma vez, o eleitor tem que se desdobrar para analisar as reais intenções de cada político. Ressalte-se a importância e o dever de prestar informações à comunidade. Não estamos, nem estaremos pendendo para nenhum dos lados, mesmo que alguns o façam.
Portanto, cabe ao Estado Democrático não apenas garantir a cidadania política, mas criar as condições, promover e garantir a cidadania civil de todos os cidadãos, a partir daqueles que mais necessitam. O que é preocupante hoje é ver os modelos sócio-econômicos implantados por muitos governos nacionais, democraticamente eleitos, serem incapazes de melhorar a situação moralmente repugnante de tantos cidadãos, chegando muitas vezes a piorá-la.
Falamos isso, sem distinção!
Mas, por exemplo, no Brasil de 2002, o desemprego aumentou consideravelmente em relação aos anos anteriores; as empresas estatais foram privatizadas, mas a dívida externa triplicou; e a economia, sempre aos trancos e barrancos, foi bem mais ou menos. Isto sem considerar que boa parte da população empregada recebia salários que não lhes permitia possuir moradia, educação, saúde, lazer, cultura num patamar que lhes justifique a existência de uma cidadania civil, gerando no seio de uma mesma comunidade, de uma mesma cidade, cidadãos de primeira categoria e cidadãos marginalizados, impedidos do acesso aos resultados da riqueza da vida comunitária.
Até hoje, há que se dizer, os modelos implantados por diversos Estados Democráticos não conseguiram corrigir estes desequilíbrios; pelo contrário, a cada dia só fazem aumentá-los. Mas algumas perguntas se fazem obrigatórias e devem ser, pelo menos, respondidas: Até que ponto essas populações discriminadas e miseráveis podem recorrer às liberdades políticas de um regime democrático como plataforma de proteção e fonte de poder, nas lutas pela ampliação dos direitos socais e civis? Que novos rumos os Estados Democráticos precisam tomar para corrigir esta aberração civil, para, de fato, conferir a todos os membros da comunidade nacional o mínimo de igualdade social?
O debate sobre o aperfeiçoamento do Estado Democrático tendo em vista a sua aplicação na busca de produzir igualdade com fraternidade parece ser um dos pontos basilares da atualidade. É inadmissível permanecermos indiferentes ao que nos acontece ao redor, aos nossos co-cidadãos mutilados pela miopia de políticas concentradoras de renda e poder, acarretando a desagregação e violência social. O Brasil não pode se furtar a este debate.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Dupla personalidade

Se, em alguns casos, a dupla personalidade é um distúrbio mental, em outros pode não passar de um truque para esconder a verdadeira identidade. Hitler é um exemplo do primeiro caso: o maior assassino da História, em criança, adorava pintar singelas paisagens. Já exemplos do segundo, os maus políticos oferecem em quantidade. Como se sabe, muitos desses “amigos do povo, da ética e da justiça social” escondem suas fraquezas e seus maquiavélicos planos atrás de belos discursos. Felizmente, na maioria das vezes esses impostores são desmascarados.
Deixando de lado os políticos e seus truques mirabolantes, até porque quem é o crítico mais contundente sobre esse assunto em nossa cidade é o mestre Mauro Cardin, vamos a um famoso caso de dupla personalidade ocorrido no Brasil. Conta-se que Virgulino Ferreira, o Lampião, só entrou no mundo do crime por causa do assassinato do pai. E que, depois de vingá-lo, tomou gosto pelo cheiro da pólvora e pelo sangue, de tal forma, que em pouco tempo, tornou-se líder do maior bando de cangaceiros que já se conheceu.
Mas, o que poucos sabem é que, segundo algumas pessoas, Lampião, mesmo antes de virar criminoso, já tinha costumes corajosos para sua época: cultivava flores da caatinga e remendava a roupa dos irmãos; coisas que não deixou de fazer depois, nos momentos de folga, entre um tiroteio e outro.
E como desgraça (ou calúnia) pouca é bobagem, também falam que o rei do cangaço teve um caso amoroso com seu lugar-tenente, um loiro de olhos azuis, descendente de holandeses, que tinha o apelido de Corisco. E que o chapéu quebrado na testa, marca registrada de Lampião, ganhou esse formato de tanto o cangaceiro encostar a cabeça nas rochas do sertão, para facilitar a vida do companheiro.
Não se sabe ao certo se isso é verdade, mas de uma coisa não podemos duvidar, o moço de costumes delicados só se transformou no mais cruel cangaceiro movido pelo sentimento de vingança. E pela dupla personalidade que pode estar afetando os neurônios de alguns articulistas da Cidade Jóia.

Obs: Publiquei esse artigo pela primeira vez em 2003, e, pelo visto, de lá para cá pouca coisa mudou...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Cadê nosso anel viário?

Dizer que o poder público é, com raras exceções, lento em perceber as necessidade da população é chover no molhado. Porém é papel da imprensa ser insistente e, apesar dessa insensibilidade clássica, dar visibilidade aos problemas na esperança de que um dia haja solução. Há tempo, salta aos olhos da população, que o tráfego de caminhões pesados pelo centro da cidade vem provocando sérios transtornos.
Além de perigoso à integridade física dos transeuntes, dificulta o fluxo de carros. Há também de mencionar o incômodo dos odores deixados nos rastros. Ao transportar produtos fedorentos, os caminhões, por onde passam, exalam mau cheiro, algumas vezes, dando a impressão de estar transportando carniça a céu aberto. Imagine isso pelo centro da cidade. Há registro de que o fedor permanece quase 15 minutos incomodando pessoas. Quando caem pelas ruas restos de carga, o fedor tende a permanecer por mais tempo.
Sabe-se que situações dessa natureza são inevitáveis num ambiente de desenvolvimento econômico. Porém, algumas medidas poderiam atenuar o problema. Bastaria que o poder público, além da fiscalização necessária, tomasse algumas iniciativas. Dentre elas, destaca-se a construção de um anel viário. Aliás, cidade de porte menor do que Adamantina, já tem seu anel viário. Esse é o caso de Valparaíso, Quatá e Cândido Mota.
Há tempo, o problema vem incomodando a população adamantinense, principalmente do centro da cidade. Entretanto até o presente momento quase nada foi feito para por fim a essa situação. O anel viário não só beneficia a população como as empresas instaladas na região oeste da cidade. Afinal, o anel, com adequada pavimentação, ajudaria no fluxo e, certamente, diminuiria prejuízos provocados por frenagens e solavancos dos caminhões. Até mesmo o erário municipal seria beneficiado na medida que se evitaria o tráfego de pesados caminhões sobre as frágeis camadas de asfalto sobre as ruas da cidade.
Enfim, quem sabe, neste período eleitoral, o problema ganhe visibilidade e logo encontre a adequada reposta. Até agora, o que se vê é apenas a insensibilidade da Administração, de vereadores e líderes políticos.

Corrupção: uma doença que precisa ser vencida

Roubar é tomar dinheiro ou bens que pertencem a outros. Existem, porém, muitas formas de roubar: com ou sem violência, enganando ou não quem está sendo roubado. Nossa sociedade considera o roubo um crime, a ser sempre punido e, nenhuma sociedade em que o roubo seja aceito consegue sobreviver.
A corrupção é uma forma de roubo em que existe a conivência de quem toma conta do dinheiro ou dos bens roubados, exemplo dentro de uma empresa ou em negócios entre empresas, e entre pessoas e empresas. Quem se deixa corromper, ajudando o ladrão, ou facilitando sua ação, rouba também, porque sempre fica com uma parte do que foi roubado, ou obtém alguma vantagem pessoas em prejuízo de quem foi roubado.
A palavra corrupção é, no entanto, mais usada quando o dinheiro ou bens roubados são públicos, de propriedade de todos. Neste caso, quem rouba ou facilita o roubo, exerce funções de governo, ou seja, são os próprios responsáveis pela guarda ou pela administração desse dinheiro público, como se diz, tem de haver, dentro e fora do governo, uma rede de interessados em sugá-los para seus bolsos.
A corrupção é uma perigosa deterioração dos costumes sociais, é como uma doença que vai contagiando e destruindo os órgãos em que ela penetra. Todavia, em pleno século XXI, ainda existem pessoas crentes que a função do vereador é parecer “burrinho de presépio”, só balançar a cabeça. Ainda têm aqueles candidatos que pensam que a Câmara Municipal pertence ao Poder Executivo. Tem pessoas que pensam que quatro anos não passam nunca. Outras pensam que oito anos não chegam ao fim.
O povo não é mais inocente, como antigamente. Veja a próxima eleição! Quem semeia ventos colhe tempestades.
Como diria o grande jurista Rui Barbosa “a improbidade não consiste simplesmente em emporcalhar as mãos no dinheiro alheio. O homem de consciência suja pode lavá-la em quantos sabonetes entender: não terá na epiderme um ponto limpo.”

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Direita, Esquerda e os Ambidestros Políticos.

Recentemente, em algumas conversas informais pela cidade, dois figurões da política local levantaram a questão sobre a Esquerda e a Direita em Adamantina. Um deles tentava dar identidade a certos arranjos casuísticos e politiqueiros, outro, relembrava a própria trajetória pessoal e lamentava a alcunha de conservador que jogaram em suas costas. Como historiador, não pude deixar de relembrar os grandes embates revolucionários na França pós-1789, quando a terminologia Direita e Esquerda entrou no vocabulário político do Ocidente. O interessante, e isso não é particularidade de nossa cidade, é que a divisão ideológica está longe de permear as discussões em relação às políticas públicas e poucos levam para seu palanque esse tipo de debate. Direita e Esquerda, atualmente, salvo raras exceções, são objetos de livros de história. A falta de identidade política que há no Brasil acentua-se em cidades menores, e Adamantina não é exceção, na qual, acima de tudo, discutem-se pessoas e não projetos. Partidos criados de última hora por esse ou aquele grupo, coligações questionáveis e ‘donos de partido’ que tiram a legenda de potenciais candidatos para satisfazer interesses próprios são alguns casos emblemáticos que ocorreram nos últimos meses. Até mesmo o Democratas, cria da antiga Arena, partido que deu sustentação ao Regime Militar, tentou coligar-se com o Partido dos Trabalhadores, símbolo do ‘esquerdismo’ nacional. Esse fato, mesmo que pitoresco na visão de algum analista político, demonstra que, mesmo em partidos historicamente díspares, em Adamantina, há mais confluências do que divergências. Muitos de seus filiados não têm raízes históricas com esse ou aquele grupo político e, às vezes, os projetos para a cidade caminham no mesmo rumo, independente de agremiações. Onde fica o eleitor nessa questão? Não há preocupação em relação a isso, pois não temos uma sociedade politizada. Temos os candidatos de grupo: os evangélicos, os católicos, o representante do bairro X, o indicado da empresa Y, o amarrado com o sindicato W. Essa questão chegou ao extremo, quando um pré-candidato tentou construir sua base dentro das Igrejas da cidade, esquecendo que Adamantina não é formada apenas de católicos e que a diversidade religiosa é um dos grandes pilares de nossa democracia. Em nenhum momento houve projeto para a cidade ou alguma estratégia de desenvolvimento e crescimento sustentável. Por um cargo ou uma indicação, todos viram ambidestros políticos, usando a casaca que convém à ocasião e deixando transparecer, sem nenhum pudor, que ideologia é bandeira de quem não entende nada de política e quem ocupa o poder, muitas vezes, são aqueles que se comportam como verdadeiros camaleões.

E agora! Em quem devo acreditar?

O momento é mesmo de reflexão. E, desta reflexão, deve emanar nosso espírito cidadão. A sociedade clama por justiça social, no entanto, nada adiantará continuar rezando por isso. É preciso participar!
Mas como devemos participar? Como devemos agir? Como iremos suportar as “propostas de sempre” em um país onde tudo é faz de contas? Simples. Seja cidadão, exerça seus direitos e cobre ação dos candidatos.
A mesma ladainha de sempre, como sempre, aparece novamente e só você, cidadão, poderá responder ao apelo de toda uma comunidade. Justiça social não é só habitação, saúde, esporte ou lazer e sim muito mais do quê isso. A participação, defendida pela sociedade democrática de direito, é essencial para este processo.
Não se deixe levar por festas, comentários maldosos ou sequer aquele “brinde” ou ajuda de custo, que sempre aparece de quatro em quatro anos. Essa síndrome deve acabar. Nosso município merece ficar livre desta doença.
Neste jogo político, como em uma partida de xadrez, as opções de movimento são muitas, mas cada um deles deve ser estrategicamente realizado. Um único peão pode significar a derrota e, nem sempre, ter a vantagem de uma rainha é decisivo. Mas todo cuidado é pouco, sobretudo em um mundo globalizado, onde a concorrência é palavra chave e nem sempre o mais fraco perde.
A experiência e análise contextual devem ser levadas em consideração, mas a ética, preferencialmente a de princípios, deve estar em primeiro lugar. O voto é a chave para todo este enigma. Decida e não doe. Cobre, mas não seja comprado. Analise, mas desconfie das promessas de sempre. Vote consciente e faça uma sociedade melhor.
Nestas eleições, todo cuidado é pouco, principalmente, quando precisamos conviver com os antigos dogmas de uma sociedade marcada pelo coronelismo, perseguição e corrupção. Participe deste processo e lute por uma mudança radical, opções nós temos.... Agora, só depende de você.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Chega de tédio

Há muitos anos, Genival Lacerda gravou uma música onde se destacava o seguinte refrão: “A véia debaixo da cama / A véia criava um gato / Na noite que se danava / O gato miava /E a véia dizia: Ai meu Deus se acaba tudo / Tanto bem que eu te queria”.
Hoje, com o tédio reinando absoluto em nossa comunidade, principalmente na política, entendo ter chegado a hora de mostrar, mais uma vez, que, quase sempre, a realidade se confunde com a ficção. Pois, acreditem se quiserem, décadas após a véia e o gato terem feito sucesso em todo Brasil, não é que um intelectual e seu cãozinho também foram parar debaixo da cama!
Assim, nasceu uma inédita paródia da música (música?), cujo refrão que está fazendo sucesso nas esquinas de Adamantina diz mais ou menos isso: “O intelectual debaixo da cama / O intelectual criava um cão / O intelectual debaixo da cama / O intelectual criava um cão / E na noite que se danava / Enquanto o cão latia, o intelectual dizia: Ai meu Deus que acaba tudo / Tanto bem que eu te queria”.
Mas, deixando a ficção de lado, dizem que o intelectual insiste em perguntar para o pobre cãozinho:
— Por que um dia fui me envolver em assuntos de eleição? Por quê? Por quê? Buááá...
E o cãozinho não se cansa de responder:
— Au, au, au, quem mandou se meter onde não devia.
Agora, deixando de lado o intelectual e seu cãozinho, vamos a um outro sucesso que marcou a vida de muita gente. Quem não se lembra da música “Naquela mesa”, na voz do eterno Nelson Gonçalves? Então recordemos alguns versos que permanecem na mente dos antigos freqüentadores de bar: “Naquela mesa ele sentava sempre / E me dizia sempre o que é viver melhor / Naquela mesa ele contava histórias / Que hoje na memória eu guardo e sei de cor (...) Naquela mesa tá faltando ele / E a saudade dele ta doendo em mim / Naquela mesa tá faltando ele / E a saudade dele tá doendo em mim”.
Por falar em saudades, veja você caro leitor (ou eleitor) outra paródia que está fazendo sucesso em determinada cafeteria da Cidade Jóia: “ Naquela mesa eles sentavam sempre / E me diziam sempre o que é viver melhor / Naquela mesa eles contavam histórias / Que hoje na memória eu guardo e sei de cor (...) Naquela mesa estão faltando eles / E a saudade deles não tá doendo em mim / Naquela mesa estão faltando eles / E a saudade deles não tá doendo em mim.
Para encerrar, gostaria de dizer aos meus amigos articulistas que as palavras chatice e mesmice são primas muito próximas. Chega de tédio...

Que os santos nos ajudem!

A sociedade, em sua maioria, é formada por pessoas de boa índole, preocupadas com o bem estar do próximo e, conseqüentemente, engajadas em uma constante luta por melhoria de condições de vida. Todavia, alguns tentam enganar os demais com falsas alegações e ameaças.
Com a proximidade das eleições, cresce ainda mais a expectativa da população que aposta na vitória de alguns, na derrota de outros. Alguns criticam e desmerecem os candidatos. Entretanto, para que nossa cidade tenha uma administração séria e coerente com os propósitos populares, é necessário muito mais que críticas.
A análise de cada candidato é essencial. Suas virtudes e defeitos. Todavia, devemos analisar criteriosamente os interesses que motivam aquela ou esta candidatura. Será que eles realmente estão preocupados com os anseios populares ou o bolso está falando mais alto, mais uma vez!
No jogo político, quase sempre, a verdade fica escondida, atendendo desta forma os interesses dos “coronéis” e dos “marajás”, mas as mentiras são facilmente desvendadas.
Nestas eleições devemos ter muito cuidado, pois as aparências podem enganar, ainda mais quando não se sabe de que lado os candidatos estão. Votar é uma arma, a maior ferramenta de um estado democrático, portanto, vote. Mas antes de fazê-lo, pense, estude, analise, critique, discuta e duvide.
O cidadão tem papel decisivo e os representantes escolhidos serão o espelho da população e de seu grau de consciência. Se quem entrar lá for corrupto, foi a maioria que escolheu, mas nem por isso, devemos deixar de exercer nosso papel, cobrando, denunciando e sempre, sempre, sempre duvidando.
A guerra começou e as verdades de cada candidato estão sendo lançadas, como se fossem cartas em uma mesa de baralho. Só esperamos que aquele declarado vencedor não esteja blefando....

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A cultura não está órfã em Adamantina.

Há uma grande transformação em curso. Silenciosa, mas não despercebida, uma mudança extremamente importante ocorre há quatro anos em nossa cidade e começa a dar frutos importantes, que deverão ser colhidos por gerações futuras. Apesar de muitos percalços e diversos problemas ‘ela’ reapareceu. Estou falando da Cultura em Adamantina. Não que não houvesse manifestações culturais nos anos anteriores. Elas estavam aqui e acolá, mantidas pelo diletantismo de alguns que tentavam a todo custo manter algo vivo e disponível para a população. Algo insuficiente e que não atendia às necessidades de nossos cidadãos. Todavia, no decorrer dos últimos anos, um trabalho sistemático e bem engendrado foi lançado e um verdadeiro renascimento ocorreu em nosso município. Alguns mais sisudos podem contestar, afirmando que, para quem não tinha nada, qualquer faísca pode parecer fogueira. No entanto, trabalhando com orçamentos reduzidos e lutando contra a falta de interesse, o trabalho realizado por essa secretaria merece maior atenção. Desde a reativação do Projeto Guri, trabalho importante realizado com crianças carentes, a reabilitação da Banda Marcial, a reestruturação de nossa Biblioteca Pública, o projeto Rock na Praça, a vinda de peças teatrais, as oficinas, as diversas exposições, a iniciativa do ‘Vá ao cinema’, a criação dos conselhos municipais, para citar alguns, demonstram um trabalho muito bem feito e que merece maior reconhecimento dos adamantinenses. Trabalho esse, levado a cabo por dois secretários e suas equipes que se esforçaram para que essa transformação ocorresse. É claro que há problemas e alguns pontos devem ser mais bem debatidos. É o caso de uma efetiva integração da Secretaria com as escolas da cidade, uma maior atenção ao patrimônio histórico local e a atuação mais incisiva dos diversos conselhos culturais. Seria de suma importância também a maior participação do empresariado local no financiamento de nossas práticas culturais, assim como a elaboração de leis municipais que favorecessem essa empreitada. Bandeira essa que poderia ser levantada por pessoas envolvidas nesses projetos. Todavia, devemos destacar que algumas bases foram lançadas e que o trabalho, árduo e contínuo, deve ser o norte nessas questões. Pouco se fala nessa transformação. Ela não é tão marcante quanto à reforma de uma praça ou um recapeamento de alguma rua. Tão pouco é mencionada em palanques ou discutida em projetos de governo. Entretanto seu rastro deixa profundas marcas e seus resultados poderão ser sentidos ao longo dos anos. Fica o recado aos postulantes ao legislativo e ao executivo. Tratem com maior atenção o assunto e criem subsídios para que os projetos fluam e continuem nos próximos anos. A população adamantinense só teria a agradecer.

Cuidado! Não é hora de “abracadabra”...

“Brasileiro sabe votar”. Os leitores mais velhos devem recordar essas palavras proferidas pelo Sr. Edson Arantes do Nascimento. Os anos eram sombrios, estávamos sob pesado tacão militar e, para muitos, principalmente para a esquerda e simpatizantes, elas serviram para justificar a continuidade e – quem, então, poderia saber? – a permanência do governo autoritário de exceção. Lutava-se, na oposição, dura e bravamente, pela democracia representativa, que o horizonte revolucionário já desaparecia na névoa sinistra do extermínio e da tortura como política de Estado.
O tempo faz das suas: hoje, em praticamente todos os pronunciamentos oficiais e não- oficiais, voltados para políticas públicas de toda ordem, a expressão mais ouvida é “exercício da cidadania”. Como é sabido, a repetição exaustiva de qualquer signo lingüístico resulta em esvaziamento semântico. Experimente repetir, em voz alta, uma palavra por 60 segundos, sobrarão sons ocos de qualquer significado. Com “cidadania” começa a acontecer algo parecido. Mas é preciso ficar atento, seu esvaziamento trará um grave prejuízo para todos.
A propósito de que essa digressão? O exercício da cidadania, depois da penosa democratização, construiu-se em necessidade urgente para a consolidação efetiva do processo “democratizante” em que mergulhou o país nos últimos anos. Ouve-se muito também a palavra “inclusão”, que já vai cansando. Dá no mesmo. Ora, tais aborrecidas insistências não fariam sentido se a população brasileira gozasse plenamente de seus direitos constitucionais. O que, como todo mundo sabe, não ocorre. Há sutis formas de seqüestrar esse gozo.
Assim, o país parece padecer de curiosa esquizofrenia: o mesmo poder público que não perde a chance de apregoar seu emprego na “luta pelo exercício da cidadania” opera um número significativo de ações – ou simplesmente omite-se – que subtraem do brasileiro o necessário e procurado amplo “exercício”. Pense nos imensos problemas das áreas da saúde, educação, justiça e segurança. É de chorar. A retórica vazia mata aos poucos, mas é fatal como a degola, ora em moda.
Bem, voltemos a Pelé, ou melhor, a Edson Arantes: hoje, mais conscientes do abandono a que vem sendo largado, por séculos, o grosso da população, já não nos parecem tão absurdas as palavras que abrem este texto. Só poderia dar nisso. Lembremos que o direito de voto não constitui, em si, exercício pleno de nada. Até porque a reforma de nosso sistema eleitoral – urgente e imprescindível – tem sido evitada a qualquer preço pelos legisladores da ocasião. Vai ficando para um eterno depois. Enquanto isso, as eleições são “maquinadas” nos caldeirões das bruxas “marqueteiras”. Um teatro de mídia.Ocorre que o eleitor não é um ente passivo e o Estado muito menos um incontrastável pátrio poder. Cabe a nós a recusa permanente e atenta dessas viciadas práticas políticas e eleitorais. A transformação a se exigir não virá por mágica ou generosa concessão de poderosos com suspiros cristãos. A coisa toda pode estar começando no singelo instante em que o munícipe principia a olhar para o que restou da cidade, continua numa verificação exigente (não dói nada) dos espíritos públicos e visíveis nas ações efetivas, prossegue mais um pouquinho no gesto das urnas, e vai, para muito adiante, através do bastão passado às gerações futuras. Não abandonemos o barco.

domingo, 20 de julho de 2008

Acesso à Justiça não é privilégio

A não renovação do convênio entre OAB paulista e Defensoria Pública do Estado de São Paulo é apenas mais um episódio típico na história do Poder Público no Brasil brasileiro. Quase sempre, ele se apresenta perdulário e mal gerenciado, cheio de ralos (corrupções) por onde vaza parte considerável dos recursos obtidos dos pesados tributos. O Poder Público, nas três esferas do executivo (Município, Estado e União), com raras exceções, tem estado aquém das necessidades da população.
A Constituição Federal de 88, ao consagrar o princípio da garantia de acesso à Justiça a todos os brasileiros, impôs ao Poder Público o dever de prover os meios para a sua efetividade processual. Claro, cabe a ele a responsabilidade pelo provimento dos recursos. Entretanto, como acontece na Saúde e na Educação, os recursos destinados à assistência judiciária estão longe de atender adequadamente a demanda. Sabe-se que, salvo melhor juízo, a garantia do acesso acontece mais em função da boa vontade dos advogados conveniados do que pela recompensa financeira. Aliás, o que se paga tem sido considerado humilhante, principalmente àqueles que encaram o exercício da defesa dos direitos como sagrado e indispensável à dignidade humana.
A recusa ao atendimento aquilo que já está pactuado no convênio é apenas mais uma confirmação histórica de como o Poder Público brasileiro encara a sua responsabilidade frente o seu dever constitucional. Aliás, sempre querendo se esquivar por meio de subterfúgios e pretextos, que não convencem aqueles que sabem o quanto custam, no seu bolso, os tributos pagos. Não é à toa que, no Império, se consagrou a expressão: “isso é coisa para inglês ver”. Noutras palavras, as aparências bastariam para satisfazer às exigências do governo inglês, então o maior credor das dívidas externas brasileiras. O Estado Brasileiro, quase sempre, se comportou como uma fábrica das aparências. As coisas devem existir e funcionar à base do simulacro, comportamento que custou a pecha de que “o Brasil não é um país sério”, conforme observou o presidente francês, Charles de Gaulle.
Enfim, espera-se que a Defensoria Pública paulista atenda a reivindicação da OAB e exija dessa qualidade nos serviços prestados à comunidade. Afinal, mesmo atendendo, sabe-se que os honorários reivindicados estão muito aquém das responsabilidades exigidas nos serviços prestados à comunidade.

A vida é um sonho!!!

Entre os dias 6 e 8, estive em Maringá. Fui acompanhar minha filha, treineira, para um vestibular na UEM (Universidade Estadual de Maringá). Depois de 13 anos voltei a cidade. Na época, como professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, fui participar de uma palestra do historiador inglês, Peter Burke. Já era uma grande cidade. Mas, de volta, fiquei impressionado com o desenvolvimento de Maringá. Por ser época de vestibular, para qual se inscreveram 22.410 candidatos, o trânsito estava lento. Mesmo assim nada de intolerável. Ao contrário, tudo bem organizado e fluindo, sem irritação. Os candidatos estavam à cata de 1.542 vagas, em 47 cursos de graduação. Como a presença dos jovens vitaliza a cidade!
Claro, diante do imenso movimento, pus-me a pensar e sonhar sobre Adamantina. Fiquei imaginando a presença desses 22.410 candidatos à procura de vagas em nossa instituição de ensino superior. Sabe-se que a FAI, hoje, com os seus 28 cursos, oferece quase 2.000 vagas. Entretanto, quando consegue 1.500 candidatos, dá-se por realizada. Que diferença, não é? Mas são realidades distintas. Sem dúvida, ambas são públicas, porém a UEM é gratuita. Isso faz diferença. Sim, muito. Por quê? No Brasil, consolidou-se a idéia de ensino superior público, como sinal de qualidade, e com a vantagem de ser gratuito.
A FAI tem tudo para ser isso. O seu corpo docente não deve ser muito diferente da UEM, porém o corpo discente, sim, e muito. Aí as diferenças são gritantes. Como isso poderia ser mudado? Bastaria que a FAI oferecesse ensino gratuito. Mas o município não tem dinheiro para isso, diríamos. Concordo, talvez, nem o Estado. Mas há outros caminhos. Então, por que não federalizá-la? O governo federal tem dinheiro, hoje, e muito.
Assim, no meu sonho, imaginei a FAI já federalizada fazendo o seu primeiro vestibular. Que imagens desfilaram em minha mente? O centro da cidade congestionado. Os hotéis e pensões sem vagas, os restaurantes com mesas ocupadas, as lojas cheias de pessoas fazendo compras, os postos de gasolinas com filas enormes de carros, as farmácias lotadas, lojas de conveniência fervilhando... Enfim, Adamantina em polvorosa.
Exagero? Não, vamos aos cálculos. Durante os três dias de Maringá tive um gasto em torno de 1 mil reais. Multiplicados por 20.000, o comércio receberia um fluxo de aproximadamente 20 milhões de reais em três dias. Mas há quem possa achar que é exagero 20 milhões. Então deixemos por 10 milhões. Mesmo assim ainda há exagero. Então fiquemos com uma conta muito simples: cada candidato gastando 100 reais nos três dias, isso representaria cerca de 2 milhões de reais. Quando isso aconteceu em Adamantina?
Ah, não podemos esquecer que isso é apenas um sonho que pode se tornar realidade. Bastaria ter vontade política e espírito de conquista para a comunidade.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

ENTRE TAPAS E BEIJOS


As “mulheres”, que não são mulheres de bandido, ofereço.


Existem situações que não consigo compreender. O famoso amor bandido, vivido nas novelas, filmes e, principalmente, na vida real é intrigante. A mulher ou o homem que, apesar das barbaridades sofridas pelo parceiro algoz, volta aos braços do amado ou da amada, resumindo todos os problemas de relacionamento em uma grande noite de amor, nos faz acreditar que aquela frase babaca: “o amor é lindo!”, tem um poder sobre-humano. A mulher do malandro apanha por vários motivos, às vezes está certa, outras está errada, mas apanha. Sua maneira de pensar é medíocre. Aceitando o que o amado lhe impõe, mostra que a sua vontade única, é uma boa noite de lençóis suados de “amor bandido”.
Diante dos conturbados problemas de relacionamento, a mulher do malandro fala mal do amado, diz que ele não presta, que é um grande sem vergonha, que não tem vergonha na cara. O seu lamento ultrapassa as paredes de sua casa e chega à casa dos vizinhos, dos melhores amigos e à casa de seus pais. Todos sabem que ela, a mulher do malandro, tem graves problemas com o amado, afinal ela gritou para a cidade toda que ele, o malandro, é um grande safado. Mas o malandro não é besta, o primeiro 171 que aplica na parceira, faz com que se derreta, então todos ficam boquiabertos com a mulher, que há tempos atrás difamava o parceiro e que agora está se deliciando com os prazeres da carne. Será que ela o ama de verdade, ou quer apenas satisfazer os seus mais dissimulados desejos?
Podemos adequar o exemplo da mulher do malandro com o atual panorama político brasileiro-adamantinense. Tem gente por aí que “apanhou” bastante, ficou de olho roxo e jogado às traças. A única coisa que sabia fazer era caluniar seu amado, dizer que ele era péssimo, que não prestava. Ficava vagando pelas esquinas, maldizendo seu amante. Chegou, inclusive, a prometer seu amor para outros, disse que não se uniria com ele, que sua vida a partir de agora seria diferente, um novo projeto para um novo tempo. Mas o desejo pelo amado foi mais forte, sua volúpia foi atiçada e o amor que prometera a outros foi por água a baixo, diante do primeiro piscar de olhos. Afinal, malandro que é malandro nunca perde a sua mulher. A mulher mais uma vez deixou seus valores para trás e se entregou a uma noite de prazer, afinal, estar por cima apenas pelo prazer do poder é muito bom, presumo eu.
Quanto a nós, que assistimos esta patifaria político-matrimonial, nos resta apenas continuar intrigados com as atitudes da mulher do malandro e nos perguntar: “Ainda existe ideologia, ou tudo é feito para se manter por cima nesta suruba sem vergonha? Ficamos sem saber quem é pior, o malandro que xaveca ou a mulher que aceita esta situação. Para terminar, sugiro aos políticos do nosso Brasil varonil um trecho da letra da canção “É”, de Gonzaguinha: “É! A gente quer viver pleno direito. A gente quer viver todo respeito. A gente quer viver uma nação. A gente quer é ser um cidadão... É! A gente não tem cara de panaca. A gente não tem jeito de babaca. A gente não está com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela...”.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

“FAIFIA”

Talvez o leitor acredite que o titulo deste artigo esteja errado. É FAI e não “FAIFIA”. Vou provar que não está errado. Muita gente acredita que a FAI é recente. Na verdade, esta Instituição nasceu em 1967, com a criação da FAFIA, e tem, portanto, mais de quarenta anos.
Certo dia ouvi dizer: “A FAI é uma criança e, por isso, de vez em quando, ela encha as suas fraudas”. Acho que não se justifica, pois quando a FAI surgiu em 1998, através da unificação da FAFIA e da FEO, ela já era uma jovem. A FAFIA e a FEO (que foi criada em 1980) foram crianças bem tratadas, basta lembrar de seus pais: Antônio Jorge, Ivone Ramos, Maria José Belusci, Roberto Juraci Correa, Célia Duarte, Regina Ruete, Maria Alice Cunha e tantos outros que nunca deixaram a criança sujar as fraudas. Bastava um pequeno problema, para este time de pais competentes limpar a criança.
É claro que a criança cresceu, tornou-se adulta, e, ai sim, temos com a famosa unificação uma linda senhora: formosa, com um belo corpo desenvolvido. Então chegou o dia que a senhora, como todas as mulheres, precisava se estruturar, compor família, ter filhos e procurar o amadurecimento, mas não conseguia. Não se sabe a causa, mas a senhora FAI, apesar de toda a sua exuberância de mulher formada, ainda possuía resquícios de uma adolescente mimada. Vícios, oriundos de uma formação do tipo: “toma filhinha, não precisa chorar, tudo o que você quiser o papai lhe dará”. E não de uma construção de caráter do tipo: “filhinha, não é assim, primeiro as responsabilidades e depois os deleites”.
Hoje a FAI é uma potência em nossa cidade, embora carregue consigo vícios que já deveriam ter sido erradicados ou, talvez, não deveriam nem mesmo ter sido criados. Vícios que atrapalham o seu desenvolvimento e que tiveram a grande chance de serem extirpados na famosa “reforma retirada de pauta”. A atual administração da FAI tem em mãos uma senhora que, para conseguir se estabilizar, precisa urgentemente fazer várias sessões de terapia para entender quem realmente ela é. Vou pedir para o leitor terminar de ler este parágrafo, fechar os olhos e imaginar Adamantina sem a FAI: Mercado imobiliário? Supermercados? Lojas de roupas? Postos de combustíveis? Restaurantes? Entretenimentos? Serviços de moto Táxi? E, é claro, Ensino e Pesquisa?
Fechou os olhos? Pensou? Pois é, vivemos em torno desta senhora que hoje se encontra com vícios de organização e, por incrível que pareça, dependemos muito dela, uma vez que é o segundo orçamento de Adamantina. Hoje, a FAI possui um grupo de pais zelosos que estão tentando sanar estes vícios.
É engraçado lembrar dos tempos de FAFIA e FEO que a “criança” tinha tantos problemas e era sempre bem cuidada mas poucos queriam saber daquela criança, pois ela não podia arrumar a vida de ninguém. Hoje, uma “cambada de sanguessugas” olha para a nossa Instituição e tenta encontrar a solução de “seus” problemas.
A grande oportunidade de sanar os vícios da FAI encontrou barreiras diante de uma Câmara de Vereadores, na qual a maioria apoiou o projeto e a minoria venceu a maioria com uma estratégia perversa, baseada na deslavada omissão. Pior que isso, um edil que votou contra o projeto, em seu discurso de votação, disse: “o projeto é excelente, muito bom”. Mas votou contra. Atento povo de Adamantina, pois nem toda “pedra” que reluz é ouro, mas bem lapidada pode se tornar um diamante.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Futuro incerto

A frágil posição política de Adamantina no contexto regional é algo que vem se acentuando. A evidência mais palpável é o status atual de Dracena. Não apenas vimos Dracena, nos últimos anos, levando o que era nosso, mas conquistando posições vantajosas junto ao governo do Estado. Sem dúvida, a figura carismática e bem articulada na esfera estadual de Júnior Stelato facilitou, em muito, as conquistas de Dracena. Porém, Junior Stelato deixa o posto de prefeito e, como tudo indica, o próximo não terá a mesma expressão de Stelato. Seja quem for o próximo prefeito de Dracena, a tendência é de refluxo de sua posição junto ao governo do Estado.
Por outro lado, o fantasma não está afastado. Sabe-se que o candidato a prefeito de Osvaldo Cruz, o ex-prefeito Valtinho, tem chances de vencer as eleições. Caso vença, Valtinho vai colocar toda a sua influência a serviço do município. Quando prefeito, de 1997 a 2004, Valtinho explorou muito suas relações com o governo Estadual. Assíduo freqüentador das secretarias de Estado e do Palácio dos Bandeirantes, acumulou muitas experiências e marcou sua administração obtendo conquistas relevantes para Osvaldo Cruz. Portanto, é uma pessoa de trânsito livre no governo estadual. Aliás, essa condição acaba sendo reforçada pelo fato de também ser um tucano de carteirinha, coordenador regional do PSDB.
Assim, seja quem for o próximo prefeito de Adamantina, não se pode manter alheio a essas questões regionais. Município de pequeno porte, como o nosso, depende de uma boa e inteligente articulação com as esferas estaduais e federais. Abrir mão disso é um desserviço aos interesses maiores da comunidade. Afinal, a política é um estado permanente de batalhas. Ao vencedor, as conquistas; ao perdedor, o amargo preço de sua incompetência. Quem sofre com a perda? Todos: população, comércio etc.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Um problema de linguagem

As pessoas quase sempre são estimuladas a se candidatar a vereador por alguma qualidade que têm: ou porque é um conhecido esportista, ou porque é adepto da causa ambiental, ou porque ajuda os necessitados, ou porque é hábil em conseguir internações hospitalares e até por ser um sujeito legal.
Mas, uma vez eleito, o sujeito passa a fazer parte da gestão da cidade, e não apenas do esporte, do meio ambiente ou da área social. Para o município, não importa se ele sabe o nome dos 33.470 concidadãos, e sim se tem competência para o cargo. E para isso é preciso que tenha firmeza de caráter, espírito público, discernimento, habilidade de conviver com diferença de opinião, etc. Isto é, na Câmara são necessárias muitas outras virtudes: aquelas que fazem um líder. O legislador precisa ser alguém de visão e que saiba defender idéias. Um vereador que é vereador só porque prestou muitos favores no seu bairro é um estorvo.
Portanto, é natural que, para decidir em quem votar, a população consciente queira conhecer o potencial de cada candidato e que o candidato saiba mostrá-lo. O sujeito do esporte, além de dizer o que pretende fazer pela área, precisa convencer o eleitor de que está preparado para ser vereador. O mesmo se espera dos demais.
É preciso então que o candidato saiba fazer um bem fundamentado discurso com começo, meio e fim, que diga com clareza por que deseja ser vereador, como vai se relacionar com a população, qual é seu posicionamento em relação aos grandes temas locais, como pretende resolver os problemas do município...
Infelizmente, mais uma vez não se vê por parte dos partidos um esforço para habilitar os postulantes à Câmara nesse sentido. Não há a menor preocupação em debater marketing e conteúdo de campanha com os candidatos a fim de capacitá-los para que se apresentem diante do eleitorado.
Na lista de candidatos há pessoas de bom potencial para a política mas que precisam de um empurrão inicial em termos de apresentação em público (depois elas andam sozinhas). Sem essa ajuda inicial dificilmente passam pelas urnas, e nossa política não vai se renovar nem se enriquecer como se espera. “A linguagem”, diz M. Gnerre, “constitui o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder”; especialmente das pessoas sérias, acrescento eu, já que os “argumentos” dos politiqueiros contumazes pouco têm a ver com linguagem.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A falsa relação entre o poder econômico e a política

É lugar comum nas discussões sobre eleições e campanhas para cargos eletivos a super valorização do poder aquisitivo para alçar esse ou aquele grupo ao poder. Muitos afirmam, com conhecimento de causa, que o lado financeiro, diversas vezes, é o fiel da balança na maioria dessas disputas, e que os candidatos com maiores recursos tendem a “conquistar” o eleitorado. Essas considerações poderiam valer para antigas eleições, mas, para hoje, será desculpa de mau perdedor.
As últimas resoluções da justiça eleitoral tentaram atenuar esse problema e nivelaram as campanhas políticas, deixando os candidatos em maior igualdade na busca pelos votos do eleitorado. Restrições a showmícios, brindes, outdoors, colocará em prova a capacidade de retórica e as formas de convencimento de nossos políticos.
Contudo, em Adamantina, muitos se acovardaram diante dessa antiga idéia e preferiram deixar o pleito para os mais bem providos de recursos financeiros. Ora, até quando nossa política se assentará nesse pilar? Muitos acordos não foram consumados devido o problema econômico, deixando a impressão de que pinturas em muros, “santinhos” e churrascos valem mais que programas de governo e afinidades ideológicas.
Esquivar-se da disputa ou fazer acordos de última hora para estar do lado dos privilegiados financeiramente mostra o verdadeiro caráter de muitos de nossos políticos que, críticos costumazes, tornam-se amigos de ocasião, tentando beneficiar-se das possíveis vantagens que essas alianças lhes proporcionarão.
Colocar a culpa da vitória na questão econômica mostra profundo desconhecimento da lei ou falta de vontade de trabalhar, além de tratar o eleitorado como um verdadeiro “analfabeto político”, para citar Bertolt Brecht.
O apagão de idéias e propostas, como também a vaidade de alguns de nossos “articuladores” não serão mais mascaradas com a questão financeira. Ou criam coragem para discutir idéias e participar de debates ou serão relegados ao limbo de nossa história política, tornando-se espectros que perambularão pela cidade lembrando, entre uma xícara de café e outra, dos “bons tempos”. Que fugir do páreo era justificado por uma camiseta com número, um muro pintado ou um carro de som a mais a passar pela Avenida Rio Branco.

Imprensa e Cidadania

A América (EUA), hoje invejada pelo grau de cidadania, certamente não existiria como tal se não fosse a sua imprensa. Modelo de democracia e de respeito aos direitos civis, faz da liberdade de imprensa o escudo contra as investidas totalitárias e arbitrárias do poder público. Certamente eles aprenderam ao longo de sua história que as pessoas que ocupam cargo público não gostam de se ver servos daqueles que as pagam com tributos pesados. Preferem ser tratados como senhores insubmissos às necessidades da comunidade, acima do bem e do mal. Como humanos, preferem a badalação e a bajulação à incômoda cobrança dos cidadãos. Aliás, ao invés do cidadão, preferem-se os súditos, submissos, calados, feito cordeirinhos adestrados para a morte.
Infelizmente, no Brasil, a imprensa não teve a mesma sina da América. Aqueles, que colonizaram estas terras, simplesmente a expurgou. Com a vinda da família real, há 200 anos, permitiu-se que a imprensa fosse possível na Terra de Santa Cruz. Contudo, claro, ela devia cumprir o sagrado papel de contar as anedotas da corte e de seus asseclas. Com o advento da República, a imprensa começou a dar pequenos avanços. Mas, a cada avanço, não faltaram os golpes de foice bem retratados no período do Estado Novo e da Ditadura Militar.
Felizmente a Constituição de 88 colocou-a no devido lugar ao reconhecer o seu papel na construção da democracia e da cidadania. Vinte anos já se passaram, mas o fantasma da censura ainda ronda e tenta torturá-la como forma de se livrar dos incômodos. Não é à toa que a Justiça brasileira ainda está entre as que mais punem a imprensa no mundo, como indicam dados da ONU.
Felizmente, também, aos poucos as garantias constitucionais do exercício da imprensa vêm sendo reconhecidos pela suprema corte. Como já observou Gilmar Mendes, atual presidente do STF, “a tendência desta Corte é não restringir a liberdade da imprensa”, referindo-se a centenas de ações que tramitam na Justiça contra os meios de comunicação.
Enfim, aos poucos estamos aprendendo que não se pode querer um povo livre e soberano sem que haja imprensa livre e independente. Em suma, não pode haver cidadania sem liberdade de imprensa. Restringi-la é dar comida à voracidade do Estado.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A deterioração da 7ª arte

É incrível perceber a maneira com que certas pessoas lidam com objetos ou estabelecimentos de idade mais avançada e como, também, o processo de renovação parece não surtir efeito ou proporcionar satisfação para os mesmos. Nota-se facilmente que um processo de restauração é louvado pelos mais nostálgicos e saudosistas. Já as cabeças do futuro que não dotam das duas características preferem terminar por destruir, banhados numa espécie de impulso de euforia, tais antiguidades.

Um exemplo aplicável a nossa cidade é o antigo cinema. Reinaugurado duas vezes, se não me engano, não apresentava todas as mais sofisticadas qualidades de uma sala de cinema dos dias de hoje, mas na última reabertura ganhou novo sistema de som e reforma nas cadeiras. Não sei se todos os esforços ou recursos possíveis foram utilizados nas mudanças, porém o local ganhou uma cara nova, uma maquiada para as noites de entretenimento.

Era mais que suficiente para apreciar um bom filme por um preço ínfimo e não havia porque reclamar da demora na entrada em cartaz de grandes lançamentos, porque até lançamentos mundiais ocorreram. Entretanto, determinadas pessoas preferiam praticar atos de vandalismo - ao invés de cuidar de um bem cultural e patrimônio municipal - e aos poucos já não se tinha cadeiras conservadas e aquelas pessoas que gostavam de prestigiar o cinema passaram a ser vítimas daquelas que pouco se importavam com tal diversão e não freqüentavam o local.

O resultado esperado aconteceu, apesar de inúmeras tentativas de manter o funcionamento, este não resistiu. Então, após algum tempo, a iniciativa privada bateu no peito e chamou a responsabilidade para a construção de uma nova sala nos padrões atuais. Climatizada, com poltronas confortáveis e novo projetor. Possuía apenas um pequeno problema: havia certa demora na chegada dos filmes. Algo aceitável pra uma cidade do interior cercada por tantas outras (até maiores) que não possuem sala de cinema.

Agora vai! Foi o que todos pensaram... em vão. Não há depredação, as condições são favoráveis, no entanto, a população em geral continua sem freqüentar as sessões. Não consigo pensar em uma explicação razoável para isso. Acho que o fato de ser cinéfilo me turva a visão para os reais motivos que as outras pessoas possuem para não comparecerem. Até o dia em a situação for, novamente, insustentável e o fechamento das portas for a última saída. Não duvido nada que haverá cara-de-pau suficiente para surgir milhões de reclamações daqueles que não davam as caras.

domingo, 6 de julho de 2008

A censura do poder pelo poder com o poder

“O primeiro sinal, que não é do Apocalipse e nem tem o número 666 da besta, está estampado também nos jornais com toda sua ferocidade...” (A CENSURA DA EUROPA, publicada em 15/06/2008)

Sérgio Barbosa (*)

Existem diversas alternativas para o desenvolvimento da censura neste novo tempo que se chama hoje, porém, a máscara que a mesma utiliza para disfarçar o seu domínio extrapola a nossa “vã filosofia” terrena.
Neste cenário apocalíptico para a humanidade, tendo em vista a predominância do poder em busca do poder para fortalecer um mesmo poder, determina os desencontros neste contexto calado pelas armas da opressão com repressão.
A censura atravessa as barreiras da liberdade para ofuscar as asas livres dos pássaros em busca do sol durante o dia e da lua em noites sem fim, quando a madrugada aparecer para uma simples “boa noite” para os homens de boa vontade.
O universo conspira a favor, porém, pode ser contra, dependendo sempre do microscópio do poder calado pelas vontades da pátria amada e idolatrada, neste caso, também, pelas organizações corporativas do mercado.
O nascimento do homem perambula pelas esquinas de uma província qualquer, destoando entre da ciência comprada um grito silencioso para uma comunidade que marcha em dias comemorativos visando exaltar uma única bandeira ao som da trombeta viciada do poder pelo poder.
Também, a morte ronda o homem provinciano, afinal de contas, para morrer é preciso viver e para viver é preciso morrer de um jeito ou de outro, portanto, se for para o bem da pátria que a morte apareça no colorido da vida.
Deve-se estar atendo as fantasias da censura neste cenário além da província, pois, os encontros nem sempre aparecem por meio de sorrisos amarelos e sim pelas gargalhadas do palhaço da libertação pelas prisões do corredor entristecido pelas muralhas espalhadas numa rodovia de morte.
Para o censor tudo pode acontecer neste emaranhado de dúvidas pela volta do salvador celestial, as amarras serão do espírito celestial, talvez, o triunfo da tríplice aliança com o pai e o filho.
Para a censura deste momento sublime, apenas o ritmo de uma música silenciosa para sufocar os gritos do poder do homem querendo sentir uma falsa liberdade neste contexto singular para determinar a vontade da morte frente à vida.
A tríade deste confronto pode resultar em outras formas desta censura única pela pluralidade da reflexão alada nos paradigmas da criação e pela benção apostólica além da saudação via “pax romana”.
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(*) Jornalista profissional diplomado e professor universitário.

7 de junho: Dia da liberdade de imprensa

Sérgio Barbosa (*)

“Que bobos, eles pensam que os jornalistas escrevem com as mãos”
(Antonio Maria)

Teve um tempo neste país do faz de conta que falar ou escrever a verdade eram para poucos, assim como, assumir posturas contrárias às normas vigentes num lugar fora do contexto plural em meio aos desmandos dos golpistas de sempre, aqueles que aparecem na calada da noite para roubas nossos sonhos e utopias de um amanhã sem medo do escuro.
Neste contexto, entre encontros e desencontros do mesmo tempo, surgiram muitos profissionais que mostraram sua cara e não tiveram medo de apanhar dos pseudodemocráticos do presente, se bem que, ainda hoje, elles estão em todos os lugares, como sempre, vigiando e punindo os sonhadores de plantão em tempo de globalização.
Entre os desafetos do poder vigente no país do faz de conta, pode-se destacar o jornalista Antonio Maria, que após publicar vários artigos e reportagens condenando as práticas do outro lado em sua coluna diária, foi perseguido e sofreu violência por parte dos vigias da noite em seu tempo. Teve as mãos pisoteadas pelos agressores numa tentativa alheia a livre expressão do pensamento jornalístico. No dia seguinte a agressão sofrida pelos covardes de sempre, cunhava a seguinte frase em sua coluna jornalística: “Que bobos, eles pensam que os jornalistas escrevem com as mãos”.
Hoje, 7 de junho, comemora-se o Dia da Liberdade de Imprensa, sendo que, no próximo dia 10 de junho o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. Duas datas importantes em tempo de mudanças no país do faz de conta, assim, cada vez mais, é preciso estar em conexão com as transformações que chegam pelas portas da globalização num cenário pós-moderno para o país do faz de conta.
Recentemente, a província foi bombardeada em várias áreas pela mídia local, proporcionado aos leitores uma outra visão sobre a história ou estória, como alguns preferem, quando denuncias foram impressas nas pautas dos jornais em foco.
Mas, como era de se esperar, muitos gritaram e fizeram ameaças a liberdade de expressão no país do faz de conta, mesmo assim, os jornais mantiveram suas posturas frente aos desmandos de sempre na província, delimitando desta forma, postura ética frente às propostas em tempo de liberdade de imprensa.
Nem sempre se pode falar/escrever isto ou aquilo, mesmo neste novo tempo, quando não vale muita coisa assumir posturas éticas frente ao pseudopoder vigente como meio de manter uma democracia frágil e sem compromisso com a sociedade brasileira em nível mundial.
Parabéns aos profissionais da comunicação em todos os níveis de atuação, pois, mais do que nunca, hoje colhemos os frutos plantados ontem, quando a luta pela liberdade de imprensa no país do faz de conta foi decisiva para a redemocratização do cenário tupiniquim, bem como, para novas posturas frente aos ventos da liberdade de imprensa.

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(*) Jornalista profissional diplomado e professor universitário.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A lebre e a tartaruga na política adamantinense

Conta a fábula de Esopo que, certo dia, a tartaruga desafiou a lebre para uma disputa. A lebre afirmou que era mais fácil um leão cacarejar do que ela perder uma corrida para a tartaruga. Como era de se esperar, na largada da corrida, a lebre saiu na frente e a tartaruga, por sua vez, saiu devagar, não se abalou e confiou na sua lerdeza. A lebre, certa da vitória, resolveu tirar um cochilo, acreditando que, caso a tartaruga a ultrapassasse, era só correr um pouquinho e, com certeza, levar o troféu para casa.
Diz a fábula que a lebre dormiu tanto que não percebeu o momento que a tartaruga a ultrapassou. Assim que acordou, correu com a certeza que iria ganhar a corrida, mas se surpreendeu quando viu a tartaruga cruzando a linha de chegada. A lebre tornou-se motivo de chacota na floresta e quando dizia que era o animal mais veloz todos os outros animais lembravam-se de certa tartaruga.
Comparando a fábula com o cenário político adamantinense, chegamos a conclusão que a oposição, mais conhecida como lebre, na sua arrogância, pensando mais nas vaidades pessoais do que na cidade, literalmente, dormiu no ponto. Na largada da corrida, a lebre gritou de cima dos telhados, falou pelas esquinas e cochichou entre as xícaras de café, mas na hora de correr, não correu, preferiu dormir.
Em contrapartida, a tartaruga, com toda a sua lerdeza, protegeu-se debaixo do casco. Um casco, diga-se de passagem, feito de muita competência, sobretudo de outros animais da floresta que a protegeram, e não deixaram a peteca cair. A tartaruga também contou com a sorte, pois outros animais vermelhos deram força durante a prova, mas como galinhas mudas não cantaram para anunciar os ovos que botaram.
A lebre, pelo jeito, ainda não acordou. Acredita piamente que será a vencedora da prova e dorme em um sono profundo, sonhando com a vitória que nunca virá. A fábula, do lendário escritor grego Esopo, mais uma vez é recontada, desta vez, na realidade política adamantinense. Todos sabem o final da história, ou seja, a tartaruga, por incrível que pareça, será a vencedora. A lebre pode espernear e gritar, inventar estórias e caluniar, mas deve entender que a sua estratégia foi muito ruim. Parece até que não aprendeu com os erros do passado.
A verdade é uma só: lebres são lebres e continuarão a ser lebres, tartarugas são tartarugas e continuarão a ser tartarugas e Adamantina é Adamantina e continuará a ser Adamantina. Parabéns Adamantina, são 59 anos de corridas entre lebres e tartarugas.... se bem que tem umas raposas por aí.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O Grande Teatro de Domingo.

No último dia 29, Adamantina foi palco de uma grande peça teatral encenada em um dos nossos prédios públicos. Como era de se esperar, tudo foi organizado com muita maestria e zelo. Data fixada com antecedência, convidados ilustres, platéia animada, sorrisos, apertos de mãos. Os atores não estavam ansiosos, afinal não era a primeira vez que encenavam esse script. Estavam acostumados com aquele tipo de peça, foram co-autores do espetáculo e sabiam como desempenhar o seu papel. Já conheciam as melhores frases, as maneiras de se posicionar, o momento exato de entrar em cena e de, se necessário, sair dela. Não era o caso daquela noite.
Estavam afinados com o texto, nem tentavam esconder que já haviam participado de vários ensaios e que todos falavam a mesma língua. Na verdade, alguns nem sabiam o porquê estavam ali, sentiam que a peça era mera formalidade, apesar de alguns afirmarem que a companhia era recém criada e que deveria dar ao público uma demonstração de união e afinação.
Tudo ocorreu como o combinado. As cortinas se abriram e os atores principais trataram de mostrar sua primorosa interpretação. Fruto de anos e anos de estrada. Nada poderia estragar aquela noite. Um grupo de intelectuais, convidados de última hora para o espetáculo, deram o seu aval e justificaram a importância desse tipo de encenação para o crescimento da cidade e do povo adamantinense.
A peça durou pouco. O público já sabia do seu desfecho. Logo, as luzes se apagaram e os grupos foram se dispersando. Uns calados, outros mais efusivos, mas todos com o sentimento de dever cumprido, felizes por poderem estar novamente no palco principal, onde, segundo alguns, nem deveriam ter saído.
Nem todos tiveram a oportunidade de assistir à tal peça, mas Adamantina a sentirá por alguns anos ainda. Por bem ou por mal só a veremos, de novo, daqui a quatro anos.