domingo, 18 de abril de 2010

Vazio político

As últimas importantes discussões da área política na cidade revelaram a pouca habilidade do executivo adamantinense em discutir projetos de interesse público e em dialogar com a sociedade e grupos organizados. A instabilidade da FAI e a conduta da administração municipal na questão Sabesp são claros exemplos de que a opinião pública pouco importa àqueles que hoje administram o município.

Ao se afirmar que possíveis falhas ocorreram na condução da Academia, esperava-se que a equipe do prefeito adotasse medidas corretivas, pois o que está em jogo é o ganha-pão de muitas famílias e, até certo ponto, o futuro da cidade; mas não se têm notícias de que algo tenha mudado na administração da faculdade.

Se as entrevistas contraditórias do prefeito e do diretor-geral da FAI de algum tempo atrás renovaram a impressão da sociedade de que algo não vai bem na vida pública de Adamantina, o mesmo receio se dá na questão do saneamento básico.

Com a rendição às condições e ao autoritarismo da Sabesp, com a recusa de estudar o assunto com mais profundidade e de ouvir a população e ao eliminar a possibilidade de licitação, o executivo deixa ainda mais dúvidas sobre sua capacidade para conduzir as grandes questões da cidade. A impressão que se tem é a de que o município vive um vácuo político-administrativo. A população, diante de tudo, se vê excluída e sente sua relação com o governo municipal cada vez mais distante.

Diante de toda essa ineficiência e insensibilidade, percebe-se o surgimento de um novo estado de espírito em relação à atual administração que, aos poucos, começa a ganhar nomes e a afinar o discurso. Tais nomes não constituem propriamente uma oposição, porque quando se fala em oposição em Adamantina, grosso modo, pensa-se nas pessoas que participaram de outras administrações e que, por não mais ocuparem cargos importantes, se opõem sistematicamente ao governo; o que não é o caso.

Diga-se de passagem que, como era de se esperar, mais uma vez, uma ação em favor da causa coletiva em Adamantina se dá praticamente sem a participação de futuros pretendentes ao quinto andar, ou seja, sem a ajuda de ex-prefeitos, ex-vereadores, ex-secretários, ex-pré-candidatos e outros mais que só estão à disposição da cidade de quatro em quatro anos, meses antes da eleição.

Esse grupo de descontentes, mesmo sem querer, acaba sendo porta-voz da população que, aos poucos, vai descobrindo que não está sendo bem representada. E é ao clamor desse estado de insatisfação coletiva que o grupo contestador da apatia dos políticos ora no poder afina seu discurso e supre a omissão das “estrelas” que certamente ressurgirão em 2012 apregoando imenso amor pela cidade.