sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O interior e o eterno porvir

Segundo o historiador Marco Antônio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, o interior do Estado de São Paulo mantém-se no século XIX. Enquanto a capital e as cidades vizinhas se notabilizaram pela inovação e pela transformação ao longo do século XX, a maior parte do Estado continua inexpressiva. Não estamos falando de cana-de-açúcar, serviço público encampado por penitenciárias, recapeamento ou ambulâncias. Isso com certeza temos. Em nossa região há faculdades espalhadas em cada grotão, temos uma televisão regional, ponte sendo construída, estradas reformadas e até um Deputado Estadual!

A movimentação passa a falsa sensação de relativo progresso. O que mais podemos querer? Para alguns, principalmente os que estão no poder, nada mais. Será? Para Villa, o interior mantém a política do “sim, senhor”, os jornais são subsidiados pelo poder público, a mobilização social é inexpressiva, os professores universitários são conservadores e buscam composição política com o poder instituído. Isso quando se interessam pelos assuntos do município. Não confundamos professores universitários com intelectuais! É verdade que em nenhum momento o pesquisador escreveu pensando em Adamantina, mas poderia, se a conhecesse.

Vivemos na periferia do sertão. Amparados pelo poder estadual e federal vibramos com as migalhas orçamentárias destinadas a uma ou outra obra. “Bondades” pelos votos angariados. Mesmo no campo cultural, instigante espaço, não necessariamente relacionado ao capital, temos que agradecer o apoio estadual. Sem ele o que seria de nossa região?

De qualquer forma essa postura não é conjuntural e a situação se arrasta por décadas. Quando o falso deslumbramento acabar os mandatários serão inquiridos: O que ficou? Havia política pública eficiente? As medidas não foram paliativas? Onde está a inovação? Pelo visto a roda da história travou no interior. Pouco se construiu de concreto nos tempos de bonança. Como a cigarra da famosa fábula muito se canta e pouco se produz. O momento pede uma mudança clara de postura. Agressiva, inovadora, apartidária, se os egos deixarem. A eleição de novos quadros da Amnap é um momento propício para essa discussão. Elaborar projetos consistentes, direcionando verbas do Governo Federal, com o apoio do empresariado regional, também é uma proposta. Engolir análises, como as feitas por Villa, não é fácil. Mas no momento ele está com a razão.

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