quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O que pensa o cidadão adamantinense?

Na última semana, após esperarem bem mais de 30 minutos na fila do banco, a insatisfação das pessoas era visível. Havia apenas um caixa. Não são muitos os cidadãos que sabem que no município, desde 2005, há uma lei regulamentando o tempo de espera nas filas. Mas o que pensa o cidadão adamantinense ao ver que, na prática, seus direitos não são respeitados?

A administração pública convoca os munícipes para participar de conselhos, reuniões sobre trânsito, sessões da Câmara, etc, mas o baixo comparecimento mostra a pouca importância que a população dá a esses encontros.

Por que a pessoa deixaria trabalho, família e lazer para participar de algo que não vê funcionar? Por que estar presente, se nos assuntos corriqueiros que lhe dizem respeito a atuação do poder público sequer é percebida?

O que pensa o cidadão adamantinense ao esperar tanto tempo numa fila? Ao passar por calçadas mal arrumadas pela concessionária de água e esgoto e saber que assim vão ficar? O que pensa ao saber que a lei que restringe a entrada de menores de 16 anos em certos locais muitas vezes não é cumprida? Que mesas tomam as calçadas mesmo sendo proibidas? Que filhos da classe média consomem drogas nas festas, mas os jornais só noticiam as apreensões feitas na periferia? O que pensa ao ouvir que seus representantes processam ou intimidam quem critica seu trabalho? O que pensa aquele que acorda de madrugada para ficar na fila do posto de saúde e muitas vezes é mal atendido no pronto-socorro? E ao ver a festa popular da cidade ser cancelada, enquanto Tupi Paulista, Junqueirópolis, Presidente Venceslau, Presidente Prudente e Barretos mantêm suas programações?

Muito se discute sobre a participação popular nos rumos de Adamantina, mas como trazer a população para as grandes discussões, se nas pequenas coisas ela não se sente representada? Assuntos como desenvolvimento da região, hospital regional e qualquer outro tema importante perdem a força sem a atenção do público.

Em Nova York, na década de 1980, uma das políticas para revitalizar a cidade era fazer o poder público presente. Nenhuma vidraça quebrada, nenhum prédio deteriorado, nenhum crime sem punição. A mudança de postura da população foi visível. Deu certo principalmente porque a comunidade se sentiu representada e aderiu à proposta.

Não se espera que o cidadão adamantinense pense em política depois de esperar em pé quase uma hora para pagar suas contas e de saber que muitas vezes as leis são letras mortas.

Nenhum comentário: