domingo, 23 de maio de 2010

Cidade do silêncio

A inércia e o silêncio daqueles que são, ou almejam ser, os protagonistas da vida pública local é perturbador. O “Caso Sabesp” é o mais recente exemplo da nula participação dos “eternos candidatos” e daqueles que, mesmo ocupando cargos eletivos ou administrativos, não justificam os votos que receberam ou a confiança de que são depositários. O resultado da votação na Câmara já era esperado. Cada vereador justificou sua escolha e deixou claro de que lado está. Alguns até “explicaram” seu voto em favor do prefeito afirmando que os 85% de votação no último pleito legitimam as propostas do executivo. Fingem não se lembrar das circunstâncias que envolveram a eleição de 2008.

Não menos estarrecedora é a posição do edil que disse não precisar justificar a ninguém o seu voto. Seria demais lembrá-lo de que ele representa a cidade e de que sua postura na área pública é de interesse coletivo? Cabe também a seu partido prestar esclarecimentos à população. Ao que se sabe, a presunçosa fala do vereador causou um certo constrangimento entre os cidadãos presentes à sessão.

O debate não ganhou maior visibilidade devido à pífia participação daqueles que se insinuam como candidatos em 2012. Na verdade, essas mesmas pessoas afrontam a população quando saem nos jornais afirmando-se aptas a ocupar o mais alto cargo do município. Omissas e sem se engajarem no debate público, ancoram seus discursos em secretarias e vereanças do passado. O que as fazem acreditar que estão preparadas para governar a cidade?

Até agora aqueles que querem ser prefeito e estampam seus rostos em presunçosas entrevistas têm passado longe dos jornais e dos microfones quando o assunto requer posicionamento. Não se sabe o que pensam sobre o contrato com a Sabesp, os problemas da FAI, o trânsito, a imprensa, as dificuldades da Santa Casa. Amam a cidade de quatro em quatro anos e aparecem de vez em quando nas rodas de café, onde suas poucas ideias se perdem em conversas vazias.

Esse silêncio colabora para deixar boa parte de nossos atuais representantes cada vez mais acomodada e letárgica, quando não mais ousada e cínica, pois sabe que não será contestada. O caso do vereador que diz não precisar justificar seu voto é um excelente exemplo.

Esses poderes, quase ilimitados, estimulam atuais mandatários a acreditar que tudo podem: ajeitar empregos para parentes e futuros parentes, arranjar concursos, perseguir dissidentes, não responder à pequena parte da imprensa que os questiona e a, quando se disporem a responder, fazê-lo com ofensas pessoais e ameaças. Alguns, respaldando-se em seu alto cargo na administração (e por uma incrível omissão da chefia), sentem-se seguros o suficiente, por exemplo, para não darem aulas e não aplicarem provas na faculdade. Com essas e outras arbitrariedades denigrem ainda mais a imagem da Academia frente àqueles que mais deveriam prezar: os alunos. Temos entre nós, enfim, uma triste combinação de desmando e omissão.

A população, mesmo não estabelecendo confronto com ninguém, sabe não só da postura de membros do alto escalão, como também que cabe ao prefeito fazer as mudanças necessárias e punir os desvios; só não entende por que ele não o faz.

4 comentários:

Sebar disse...

PREZADO BRUNO:

É MAIS DO QUE LAMENTÁVEL TAL DECISÃO, TENDO EM VISTA O CONTEXTO PROVINCIANO, PORÉM, COMO SEMPRE, PREVALE OS INTERESSES ESCUSOS DO PODER COM O PODER PELO PODER, NESTE CASO EM PAUTA, A HERANÇA VEM DESDE A INVASÃO PORTUQGUESA COM REFORÇO DA FUGA DESORDENADA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA DA EUROPA PARA TERRAS TUPINIQUINS...
ABRAÇOS PROVINCIANOS DE APOIO,
SÉRGIO BARBOSA

Débora Nazari disse...

Bruno!!
Ágora Adamantinense só podia vir de você! uhauhauh Agora é preciso explicar a origem dá Ágora.

Não estou tão a parte da situação da Sabesp, mas me lembro dos meus pais comentando algo faz uns 2 ou 3anos sobre renovação do contrato. Em relação aos nossos queridos candidatos 'vitalícios' é meu bem, vc devia estar acostumado é sorrisso bonito pra lá e pra cá e 'depois conversamos sobre isso'.

Querido, precisamos de uma ÁGORA AGORA pra resolver as questões do que realmente nos importa para fazer uma diferença e acabar com os poderes (em alguns casos hereditários).
bjs

Bruno Pinto Soares disse...

Obrigado Sergio,

Seria muito importante um maior engajamento da população nas discussões de maior relevância.
Todos estamos devendo.

Agradeço o apoio.
Espero que a omissão de muitos não cause mais estragos na cidade.
Não esqueçamos que o movimento entre os professores da FAI é muito importante para resgatar a instituição. Agora o problema de maior urgência!

abraço

Bruno Pinto Soares disse...

Olá Débora,

Fico feliz com seu primeiro comentário! Não poderia ser diferente. Seu interesse por essas questões deve ser hereditário, não?!rs

O pessoal da cidade está devendo. Ainda mais aqueles que se dizem dispostos a lutar pela causa pública. (O problema é que essa vontade só apareçe no ano da eleição)!
Muitos desmandos e omissão! Talvez, em 2012, algumas atitudes serão revistas. Por ora, é o melhor que podemos fazer!

Obrigado