segunda-feira, 16 de março de 2009

Os pretendentes

Apesar da crise econômica ter se consumado, com preocupantes desdobramentos na área econômica, Adamantina se mantêm imune a tal acontecimento, pelo menos no que tange a um de seus imóveis. 
Este local, com ótima vista para a cidade, bem localizado, com direito a estacionamento privado, imobiliário nobre e bela mesa de reuniões, já foi ocupado por figuras que marcaram época em nossa cidade. É certo, porém, que nem todos os seus inquilinos deixaram saudade. Sabe-se que esse lugar desperta sentimentos diversos, basta observar os que já o ocuparam e custam em esquecê-lo. Rondam o local com um misto de saudosismo e amargura. O local pode até ser sagrado, mas muitos fantasmas o assombram. 
De qualquer maneira, o atual ocupante desse belo imóvel deve estar preocupado. Mal começou seu novo “contrato”, de renovados quatro anos, e muita gente já se coloca como pretendente a ocupá-lo em 2013. Alguns claramente, outros, de forma dissimulada, deixam pistas de que nutrem a vontade de ocupar o posto que tal sala confere a seu nobre inquilino. Com menos pudor, em conversas informais e entrevistas, alguns justificam sua pretensão em ocupar o local, usando o argumento de que sua hora chegou. Apressados, sentem a necessidade de serem indicados. Outros, como mártires, dizem que se caso precisarem, carregarão a difícil missão de se instalar em tal lugar, haja vista que tal benefício é precedido de alguns deveres. Dizem que são profissionais e capacitados para exercerem as funções que o posto exige.
Há ainda quem aposta no silêncio, mas cujos olhos brilham quando passam pelo cruzamento da Rio Branco com a Osvaldo Cruz. Fazem de tudo para serem lembrados, esforçando-se ao máximo para saírem nos jornais com largo sorriso e fulgurante pose de otimista. Propagandear as “maravilhas” da pasta que administram, mesmo que decorrentes de meros repasses oficiais, é uma forma de ficarem em evidência, apesar de pouco fazerem de efetivo no lugar que agora ocupam.
A concorrência é grande. Filiações pouco criteriosas e em larga escala, empenho em ficar em evidência, controlar algum partido ou mesmo mostrar afinidade com alguém do alto escalão estadual ou federal. Eis o ritual exigido para ocupar tal imóvel. Com o tempo alguns desistirão de tal pleito e outros se encantarão com os benefícios do local e se tornarão novos pretendentes. Ou não tão novos assim. Enquanto isso, nós, expectadores, assistimos a um grande Big Brother municipal. Seu premio não é um milhão de reais, mas também não menos interessante. A necessidade de ocupar o imóvel é maior que o comedimento de muitos, talvez porque, como disse Carlos Lacerda, o poder embriaga como o vinho. É verdade, mas muitos ainda acordarão de ressaca.

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