quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Refém da Sabesp

Por mais que faça, a Sabesp sempre vai ser devedora à população adamantinense, mesmo que troque toda a tubulação e integralize o sistema de tratamento de esgoto. Sabe-se que desde maio de 1977, a referida empresa vem explorando os serviços de água e esgoto do município.

Apesar da tarifação do esgoto em 80% do valor da água consumida, somente em 1998 é que a Sabesp resolveu construir a 1ª lagoa de tratamento no setor leste, no córrego Oriente, responsável por 38% da rede. Isso depois de muita pressão da Apromam e do Ministério Público, sob atuação da então promotora de justiça, Elika Kano, com intensa participação da mídia local. Na ocasião, disseram que em breve ocorreria a construção da 2ª lagoa, no setor oeste, que estaria integralizando o sistema de tratamento. Porém isso não aconteceu. A luta continuou e só por força de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), firmado com o Ministério Público, sob a condução do promotor de justiça, José Augusto de Barros Faro, é que a Sabesp resolveu construí-la. Há de se lembrar que o convênio venceu em setembro de 2007.

Há também de se destacar a dissimulada atuação da Administração Municipal. Desde 2005, quando assumiu o comando, pouca importância tem dado ao assunto. Tanto o é que somente, de última hora, em meados de 2007, resolveu designar uma comissão de trabalho com o fim de estudar o assunto. Porém, apesar dos esforços de membros, a impressão que ficou é a de que tudo foi feito para “inglês ver”. Cada vez mais, fica claro que a estratégia adotada pela Administração é a de fazer a renovação do contrato, com o menor desgaste político possível.

Hoje, às portas da renovação, simplesmente a população encontra-se refém da Sabesp. Certamente com o aval da Câmara, sem alternativa, vai ter que continuar a pagar tarifas superiores, em média 50% a mais, em relação, como exemplo, às de Garça e de Penápolis, que têm sido modelo no setor. Além disso, como está, a população vai ter que arcar com as conseqüências de um processo que, até agora, se mostrou favorável, de forma desproporcional, à Sabesp, sem nenhum ganho concreto para o interesse da cidade.

EDITORIAL - Jornal da Cidade - 17/08/2009

3 comentários:

Bruno Pinto Soares disse...

É fato que a administração municipal demorou para dar a devida importância ao assunto, mas dizer que desde 2007 não houve discussões sobre o tema é um pouco de exagero. Talvez não ocorreu da forma que deveria.

O debate sobre a renovação do contrato da Sabesp é o exemplo maior do que acontece com as discussões em Adamantina. Nenhuma mobilização e restrita participação.

Uma questão interessante foi levantada pela GEPAM, mas desconfio que a administração municipal não recebeu as sugestões da maneira que se esperava. A renovação com a Sabesp, talvez, seja a melhor opção para a cidade. Mas nossos gestores deveriam "pressionar", no sentido positivo da palavra, a empresa para que ela cumpra os contratos antigos e beneficie toda a população com o novo acordo.

Um pouco mais de diálogo entre o executivo, legislativo, cidades que já passarem por esse processo e órgãos competentes seria salutar para a finalização satisfatória da questão.

abraço

TiagoLott disse...

Fico feliz em saber que o Doutor Faro tomou a frente no MP para defender os interesses da cidade. A meu ver ele é um homem muito competente..

..ahhh SABEP

SABESP e seus buracos. Dois funcionários do INSS (um deles sou EU) sofremos acidentes de transito a pouco tempo nas crateras abertas pela empresa e deixadas para a Deus dara...

a y u m i . disse...

Eu já tinha ciência dessa exploração ridícula, pelo Engº Ambiental Adauto Pozzetti, o qual baseou sua monografia em tal assunto.
Indignado com a indecência das tarifas e o maltrato com a natureza, o Engº Adauto foi atrás de várias formas de ACABAR com o contrato com a SABESP no nosso município, PORÉM, como dito no artigo, a administração não se preocupa em realizar sequer uma licitação para a contratação de uma nova empresa de saneamento básico. Já PASSOU da hora de mudar, não é? que tal seguir o exemplo de várias cidades que com a saída da SABESP conseguiram diminuir a tarifa e o impacto ambiental.

Ayumi Yamamoto.