terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pensando no exemplo de Botucatu

A proposta de renovação de contrato formulada pela Sabesp à prefeitura de Botucatu é emblemática. Cidade que, em 1974, era de 30 mil habitantes, com 10 mil ligações de água, hoje tem 110 mil habitantes, com cerca de 43 mil ligações. Claro, esse ritmo de crescimento é um dos responsáveis pelo interesse da Sabesp em Botucatu. Porém, isso não basta. Sabesp sabe da importância de Botucatu no cenário regional, principalmente no campo do ensino e da pesquisa, que vem sendo muito bem desempenhado pela Unesp, que já colocou a sua faculdade de agronomia e de medicina entre as melhores do país.

Diante disso, a direção da estatal (Sabesp) ofereceu 110 milhões de reais (equivalente a 1 milhão de reais para cada mil habitantes), além de outras vantagens para comunidade, como moeda de troca pela renovação do contrato para um período de 30 anos, com previsão de revisão a cada quatro anos. Por que isso? Algo deva ter despertado o seu interesse. Esse algo tem a ver com a expectativa de retorno que a referida renovação oferece. Questão de cálculo.

O mesmo se deve esperar em relação a Adamantina, que também indica ser uma cidade de aspiração regional. E nisso, Adamantina, espera-se, deve levar vantagem em relação a Dracena. Aqui tem Sabesp, lá não. Aqui tem FAI, lá não. Adamantina é a 3ª colocada da região de Prudente em volume de exportação, sendo superada apenas por Presidente Prudente e Presidente Venceslau.

Assim, seguindo o raciocínio aplicado pela estatal (Sabesp) a Botucatu, espera-se que, no mínimo, com uma população de 34 mil habitantes, que a renovação aquinhoa a comunidade adamantinense com no mínimo, 34 milhões de reais, além de outras vantagens. Porém, isto só vai acontecer se houver maior contundência do Executivo e do Legislativo nas negociações com a Sabesp.

Se ficar como anda a carruagem, Adamantina deverá assistir uma das maiores perdas de oportunidade de virar o jogo regional. Hoje, apesar de tudo, o jogo ainda favorável. Depois de assinado, só restam as lamentações de eventuais equívocos e omissões cometidos no processo.

Editorial - Jornal da Cidade - 31/08/2009

3 comentários:

Mauro Cardin disse...

Professor Rubens, é bastante improvável que a Prefeitura não esteja exigindo da Sabesp o máximo possível em favor do município.
O problema, penso eu, é que pouco vem sendo passado para a população sobre os entendimentos com a concessionária. Mas é de se entender tal "silêncio", já que nessas fases, para não atrapalhar as tratativas, geralmente não se dá publicidade ao que se discute.
Abraços, e parabéns pelo texto.

TiagoLott disse...

acho um absurdo um contrato de 30 anos é muito tempo. Sem falar no histórico irresponsável da sabesp. Espero que o contrato não seja longo e que desta vez as promessas sejam cumpridas

Bruno Pinto Soares disse...

Belo texto professor Rubens. Esse levantamento é importante para a cidade, pois mostra para a população os recursos que podem vir como contrapartida a renovação do contrato. Fato esse já mencionado pela GEPAM.

Contudo professor Mauro, penso diferente. A atual administração é muito criticada por não dar a devida atenção a população e não aceitar opiniões discordantes. Seria interessante um esclarecimento maior para que possamos entender o processo e a negociação.

O desfecho desse caso afetará diretamente não apenas os atuais cidadãos, mas talvez mais 2 gerações. Precisamos de um maior debate.

Abraço aos dois.