sexta-feira, 20 de junho de 2008

A História japonesa que não devemos esquecer

As comemorações dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil estão marcadas por um profundo senso de gratidão de ambos os países, com exposições em vários lugares, cadernos especiais em jornais, programas de televisão, visitas oficiais, inauguração de praças e monumentos. Sorrisos, apertos de mãos, e a todo o momento a reinvenção da História. Passam a impressão de uma convivência pacífica, com trocas benéficas para ambas as culturas, pautadas no progresso material e espiritual. Na verdade, apenas uma parte da história é rememorada e o país deixa no rodapé fatos tristes que marcaram a trajetória centenária do povo oriental em terras brasileiras. Poucos se lembram das profundas dificuldades por que passaram esses imigrantes, que no começo do século XX eram tratados como indesejáveis, pois não se encaixavam no projeto de cultura européia que os fundadores da República tinham para o país. O imigrante festejado de hoje já foi rechaçado no país, como um desagregador, alguém que não se encaixaria na nação que estava por se formar. Poucos se lembram dos embates na Constituinte de 1934, na qual a discussão sobre o nipônico foi colocada, ao extremo, de proibirem sua entrada no Brasil. Poucos se lembram das perseguições sofridas no governo ditatorial varguista, quando os japoneses foram privados de sua cultura, forçados a aprender o português e proibidos de manifestar qualquer sentimento de patriotismo a seu país de origem. Poucos se lembram das perseguições, do cárcere, dos campos de retenção, das humilhações por que passaram. As cidades de Tupã, Bastos e Marília são bons exemplos. Poucos se lembram do (quase) linchamento que esses imigrantes foram submetidos na cidade de Osvaldo Cruz, só não executado por intervenção militar. Poucos se lembram da Shindô Remmei, que tantos problemas trouxe para os imigrantes da região. A história não é feita apenas de sucessos e louros, de comemorações e monumentos. A história é uma ciência de reflexão, discussão e debate, algo que não acontece em nosso país e em nossa cidade. Relembrar os problemas do passado não é apenas reviver feridas antigas, mas, principalmente, aprender com erros e ter a certeza de que eles nunca mais acontecerão.

2 comentários:

Cacá Haddad disse...

Bruno da Santa, sempre estragando a alegria dos outros... Todo mundo festejando o centenário da imigração japonesa e vc vem falar do passado negro dos japitas... vc tem medo do fofão cara...rsrsrsrsrs. Parabéns, o artigo está ótimo.

Sebar disse...

na realidade, se isto é possível em muitos casos, entre os quais, a pauta da imigração japonesa em terras brasilis, entretanto, nestes casos, deve-se registrar as adversidades desta saga do sol nascente em terras tropicais num contexto de vitórias, porém, com derrotas antes, durante e depois da II Guerra Mundial...