sábado, 28 de junho de 2008

A previdência social como instrumento de redução das desigualdades na Alta Paulista

A marcante desigualdade da distribuição de renda permanece um dos principais desafios para sociedade brasileira. As diferenças são consideráveis em qualquer aspecto analisado: gênero, raça, regiões, entre outros. Uma faceta das desigualdades são as diferenças regionais em que cidades com capacidade de geração de renda por meio de atividade econômicas nos setores de agricultura, indústria e serviços e outras com escassas possibilidades de geração de salários e emprego para sua população.
Um recente estudo publicado por Marcelo Abi-Ramia Caetano, do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostra que a previdência social do Brasil funciona como um grande instrumento de distribuição regional de renda em que municípios de maior PIB transferem renda por meio de benefícios previdenciários. Em outras palavras cidades de maior atividade econômica recolhem contribuições previdenciárias em montante superior ao que recebem de benefícios. Por sua vez, diversos municípios pobres como a maioria da Nova Alta Paulista arrecada pouco, mas recebem proporcionalmente altas transferências na forma de aposentadorias e pensões. O que é muito positivo como uma solução de diminuição de pobreza. Porém precisa atacar a causa fundamental da nossa desigualdade. Qual seria a visão de nossos blogueiros sobre esse assunto em Adamantina?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Aos senhores aspirantes

Aos “Aspiras”, dedico.


As eleições municipais estão chegando e o assunto em pauta é, sem sombra de dúvidas, a sucessão no Executivo e no Legislativo. Resolvi escrever este artigo para as pessoas que pretendem colocar o seu nome à apreciação pública no próximo ano. Aquilo que mais desejo (assim como milhões de brasileiros) é que os futuros candidatos saibam onde estão colocando seus pés.
Caríssimo aspirante a candidato, se você está entrando na política porque se acha popular, porque todos te cumprimentam na rua, porque você é daqueles que aperta as mãos de todos e sabe o nome de seus parentes, mas não sabe o que é ética, por favor, não se candidate.
Caríssimo aspirante a candidato, se você está entrando na política porque tem ódio no coração, mágoa e quer apenas se vingar daqueles que hoje ocupam o poder, por misericórdia, não se candidate.
Caríssimo aspirante a candidato, se você está entrando na política e é daqueles que, se eleito, escolhe com quem vai conversar na sala de espera de seu gabinete e diz: “esse eu ajudo porque é filho de um amigo e esse não porque eu nem sei quem é”. Pelo amor ao direito de justiça, não se candidate.
Caríssimo aspirante a candidato, se você está entrando na política porque é apenas um filhinho de papai, um burguês médio que tem necessidade de status e quer mostrar a todos que é o “bom da boca”, mas não sabe o que é administração pública, pelo amor de Deus, não se candidate.
Caríssimo aspirante a candidato, se você está entrando na política para mostrar que o seu grupo é melhor do que qualquer outro, assim Vossa Excelência é o rei ou rainha dos bons princípios, dos valores de pátria, família e Deus, no sol pujante de um amanhã vindouro, mas não sabe dialogar, por favor, não cometa este sacrilégio, não se candidate.
Caríssimo aspirante a candidato, se você está entrando na política porque possui apenas ideal, mas não sabe administrar a coisa pública, por compaixão, não se candidate.
Caríssimo aspirante a candidato, se você está entrando na política e não tem paciência para agüentar o peso do “mundo” em suas costas, extravasando sua ira, sempre, com um tapa na mesa, por amor ao povo brasileiro, não se candidate.
Caríssimo aspirante a candidato, se você não sabe o que é moral, conduta ética e respeito pelo povo, vive pedindo favores políticos para quem está no poder, como preferências em concursos públicos ou empregos para parentes e amigos, pela memória dos bons políticos que um dia passaram por essa terra, por favor, não se candidate.
Caríssimo aspirante, se você está pensando em se candidatar para prefeito (a) ou vereador (a) e desconhece elementos como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Plano Diretor e acha que administração pública é fazer “oba-oba” com o povo durante a campanha eleitoral, por gentileza, pedimos educadamente, não se candidate.
Enfim, caríssimo aspirante, se você desconhece o Capitulo VII da nossa Constituição que trata dos princípios da administração pública e se encaixa no trecho da música do Legião Urbana – Que país é esse? – (“ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação”), mais uma vez, como diria o narrador esportivo Silvio Luiz, “pelo amor dos meus filhinhos”, não se candidate.
Você que não se encaixa em nenhuma das características acima mencionadas, por favor, se candidate.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Adamantina: Balanço crítico

Como historiador, aprendi que uma análise para ser fundamentada e ter consistência crítica, é necessário o distanciamento e a reflexão, tão caro nos momentos de comemoração e efusividade, como foram os festejos dos 59 anos de nossa emancipação política. Relembram os ‘pais fundadores’, os títulos conquistados, o progresso de outrora, os políticos importantes que por aqui passaram, as conquistas em âmbito estadual e federal. Toda comemoração tem o seu lado saudosista, daquilo que foi e que poderia ter sido, como se o passado, do Eldorado perdido, tivesse ficado apenas na memória e nos empoeirados álbuns de fotografias das famílias pioneiras. O papel do historiador, e também do cidadão crítico, é criar formas de relacionar o passado com o presente e entender o que significa Adamantina nesses 59 anos. Pense em nossa cidade, compare-a com as que a circundam. A olhos vistos percebemos que o nosso município tem o seu diferencial, que serve como referência para os demais, que é pólo educacional, gerador de empregos, com atividade comercial importante. É óbvio que não devemos nivelar por baixo, mas não podemos esquecer que nossa região não fornece os mecanismos para um boom desenvolvimentista, e que as grandes empresas não irão aqui se instalar. Adamantina segue o seu curso de forma digna, mantendo-se firme apesar de todos os percalços e dos políticos que emperraram seu crescimento. Nossa cidade está entre as mais bem cuidadas da região, com uma administração simples, porém eficiente, e que mantém uma linha de desenvolvimento que, se para alguns não é a ideal, não deixa nada a desejar. Não podemos perder a nossa memória e nem os bons exemplos do passado, todavia devemos saber que a época áurea dos trilhos, do café, do Guarani de Adamantina ficou para trás. No momento que nossos cidadãos e políticos entenderem qual é a nossa vocação na região, que não é mais a do passado, poderemos criar políticas públicas que fujam do megalomaníaco e que assente no ideal. Esqueçam balneários e obras mirabolantes. Foquemos no palpável, nas empresas de médio porte, numa possível Fatec, na ampliação da FAI, no desenvolvimento cultural, na qualificação profissional, nas obras de infra-estrutura. Dessa forma, as gerações futuras, dos próximos 59 anos, terão o que comemorar. E talvez, quem sabe, nós não nos tornemos os novos ‘pais fundadores’, com fotos amareladas nos jornais e nomes em bancos no Parque dos Pioneiros. Esse é o destino dos que fazem a História.

sábado, 21 de junho de 2008

Cabras Malditas

Dizem que a bebida maldita surgiu ao acaso. Reza a lenda que um pastor de cabras no século III D.C., chamado Kaldi, ficou preocupado ao ver que parte de suas queridas cabras não tinha voltado ao rebanho. O patrício foi ver o que tinha acontecido e as encontrou um tanto alteradas, saltitando e berrando. Percebeu que os animais tinham comido alguns frutos vermelhos, de um arbusto que ele desconhecia, e que esses frutos teriam dado aquele descompasso estranho na criação. Dizem que ele mesmo provou e, vendo que havia se alterado, resolveu perguntar aos monges de um mosteiro das redondezas o que seria aquilo. As reações não foram boas, acreditaram que a fruta fosse coisa da Besta-Fera dos infernos e os frutos foram jogados no fogo. Imediatamente um aroma delicioso tomou o ar do mosteiro. O Abade voltou atrás de sua decisão e moeu os grãos torrados, fez uma efusão com aquele pó e, assim como as cabras, ficou muito doido. Junto com seus monges louvaram a Deus por aquela dádiva que os mantinham acordados por longas orações. Pronto, estava inventado o café. Coisa de Deus ou de Belzebu?
A bebida se popularizou, fazendo surgir em Meca as primeiras casas de café no inicio do século XV. Na verdade, essas casas eram centros de reuniões religiosas e por causa do café tornaram-se centro de músicas, danças, jogos de xadrez e o pior, conversas alteradas sobre os mais diversos assuntos. Os muçulmanos mais devotos desaprovaram o novo costume e, em alguns países, apoiados por governantes, atacavam essas casas de café impondo penas horripilantes tais como açoitar e amarrar em um saco de couro e jogar o alterado consumidor de café nas águas do Estreito de Bósforo.
O café se popularizou ainda mais, saiu do Oriente Médio, conquistou a Europa e as Américas e, como não poderia deixar de ser, chegou ao Brasil, ao Estado de São Paulo, ao Oeste Paulista e, finalmente, aonde eu gostaria de chegar: Adamantina.
Em Adamantina acontece um curioso fenômeno com a bebida. Além de despertar a energia daqueles que a consomem, propicia o estranho dom de falarem coisas que não sabem. O pior de tudo é que falam como doutores. Abraçam determinado tema que não conhecem e falam como peritos, exímios conhecedores do bem e do mal. Além desta característica, o café de Adamantina dá aos seus consumidores o estranho hábito de não conseguirem colocar em prática aquilo que falam nas mesas dos salões de café. Toda sabedoria que possuem termina no fundo de suas xícaras, melada de açúcar, e no cumprimento: “até amanhã!”.
Os principais assuntos que acompanham o café adamantinense são futebol e religião. Fala-se pouco da política, mas de politicagem, fala-se muito. Como sempre, o assunto fica por ali, dentro dos salões, como os monges que descobriram o café, morriam dentro das capelas, rezando e louvando a Deus: fé sem obras.
É preciso tomar cuidado quando se toma café em Adamantina. Às vezes, acredito que o problema não seja somente com o café. Existem outros agravantes, pode ser a água de Adamantina, as mesas e as cadeiras dos nossos salões de café, o açúcar, o adoçante, a xícara, o pires, a colherzinha, enfim, inúmeros fatores que causam estes fenômenos. Uma coisa é certa, com as pessoas que consomem o café não tem nada de errado. São todos ilustres, “Malditas Cabras”.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A História japonesa que não devemos esquecer

As comemorações dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil estão marcadas por um profundo senso de gratidão de ambos os países, com exposições em vários lugares, cadernos especiais em jornais, programas de televisão, visitas oficiais, inauguração de praças e monumentos. Sorrisos, apertos de mãos, e a todo o momento a reinvenção da História. Passam a impressão de uma convivência pacífica, com trocas benéficas para ambas as culturas, pautadas no progresso material e espiritual. Na verdade, apenas uma parte da história é rememorada e o país deixa no rodapé fatos tristes que marcaram a trajetória centenária do povo oriental em terras brasileiras. Poucos se lembram das profundas dificuldades por que passaram esses imigrantes, que no começo do século XX eram tratados como indesejáveis, pois não se encaixavam no projeto de cultura européia que os fundadores da República tinham para o país. O imigrante festejado de hoje já foi rechaçado no país, como um desagregador, alguém que não se encaixaria na nação que estava por se formar. Poucos se lembram dos embates na Constituinte de 1934, na qual a discussão sobre o nipônico foi colocada, ao extremo, de proibirem sua entrada no Brasil. Poucos se lembram das perseguições sofridas no governo ditatorial varguista, quando os japoneses foram privados de sua cultura, forçados a aprender o português e proibidos de manifestar qualquer sentimento de patriotismo a seu país de origem. Poucos se lembram das perseguições, do cárcere, dos campos de retenção, das humilhações por que passaram. As cidades de Tupã, Bastos e Marília são bons exemplos. Poucos se lembram do (quase) linchamento que esses imigrantes foram submetidos na cidade de Osvaldo Cruz, só não executado por intervenção militar. Poucos se lembram da Shindô Remmei, que tantos problemas trouxe para os imigrantes da região. A história não é feita apenas de sucessos e louros, de comemorações e monumentos. A história é uma ciência de reflexão, discussão e debate, algo que não acontece em nosso país e em nossa cidade. Relembrar os problemas do passado não é apenas reviver feridas antigas, mas, principalmente, aprender com erros e ter a certeza de que eles nunca mais acontecerão.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Editorial

O principal pilar da democracia consiste na liberdade de expressão. É esse conceito, novo, se levarmos em conta o tempo histórico, que se assentam todos os outros direitos inalienáveis defendidos pelos filósofos iluministas do século XVIII. O direito de exprimir opiniões, de dialogar, de debater, cria os contornos do cidadão ativo, daquele que se preocupa com a comunidade, com os rumos da sociedade, com o emprego do dinheiro público, com as ações daqueles que nos governam. No mundo moderno as opiniões dissonantes ganham espaço no ambiente virtual, local por excelência da liberdade de pensamento, das análises independentes e também dos textos autorais e opinativos. Entendendo a lacuna existente em Adamantina, nesse rico espaço de discussões que se tornou a internet, e, para sanar esse problema, nasce o blog Ágora Adamantinense. Relembrando o instrumento criado pelos atenienses, para a discussão das questões da pólis, o Ágora Adamantinense tem o intuito máximo de debater os problemas locais, de defender a liberdade de pensamento, a livre circulação de idéias e opiniões. O blog pauta-se na discussão livre, na liberdade individual, no interesse coletivo e na laicidade do Estado brasileiro. Partindo desses pressupostos a praça virtual está criada. Foi aberto o diálogo com a comunidade e todos os cidadãos estão convidados a se manifestar.