domingo, 2 de agosto de 2009

Medida necessária?

A formação do historiador levanta a cautela no posicionamento em fatos recentes. Condicionado pelas circunstâncias a análise racional pode ficar comprometida, o que equivale deixar-se levar pela paixão. No entanto, cabe ao articulista pensar o presente e não se esquivar dos assuntos importantes para a comunidade.

Semana passada ganhou destaque em Adamantina a suspensão das atividades escolares em decorrência da possível contaminação dos alunos pelo vírus H1N1, conhecido como gripe suína. Afirmo “possível contaminação”, pois não foi registrado nenhum caso da doença na cidade.

Algumas escolas, por determinação da Secretaria da Educação do Estado, prorrogaram o início das atividades. Mas as medidas referentes às escolas municipais, colégios particulares e a FAI foram tomadas pelas autoridades locais. O cancelamento das aulas pode ser precipitada, pois criou-se na cidade uma sensação alarmista, mesmo sem motivo aparente.

Não se fundamenta a justificativa das autoridades e da direção da faculdade quando afirmam que os alunos, moradores de outras cidades e estados, podem trazer o vírus ao município. Daqui duas semanas a chance de contágio não será a mesma ou até maior? Os estudantes que ficaram em suas cidades continuarão correndo o risco de contaminação. A medida teria eficácia preventiva se nossa região contasse com inúmeros casos. Não é o que ocorre.

Seguindo a recomendação da Secretaria Municipal de Saúde, as escolas particulares também cancelaram suas atividades. A sensação de alerta tomou conta da cidade. Apesar de nenhum caso registrado, quase não se encontra o remédio destinado ao tratamento da gripe nas farmácias, mesmo o produto tendo alto custo. Muitos correram em busca do álcool em gel e mães preocupadas não querem mais que seus filhos se reúnam com outras crianças. Nas conversas informais o tom é de apreensão.

A mídia e as autoridades federais reforçam que a gripe suína não representa grande risco a população. Lavar as mãos com frequência e não colocá-las nos olhos, boca ou nariz já são suficientes no atual estágio. Em recente entrevista, o ministro da Saúde José Gomes Temporão afirmou que 99,6% das pessoas que contraem o vírus não serão afetadas, pois as defesas naturais do corpo se encarregam de combatê-lo.


O cancelamento das aulas em áreas de alto risco é uma medida de impacto positivo, caso que não se enquadra Adamantina. Não há motivo para tal medida. Campanhas nas escolas e na mídia local teriam maior efeito. Nossas autoridades precisam pensar a cidade em sua realidade e tomar posições condizentes com os fatos. A suspensão das aulas e a discussão sobre o toque de recolher mostram que há uma disposição aos modismos e a fraca análise da conjuntura local. Não é isso que se espera daqueles que tem o destino da cidade em suas mãos.

2 comentários:

professora disse...

E agora que a gripe, pelo visto chegou por aqui, lá vão os alunos pra escola, e acabamos expondo crianças, jovens, professores e funcionários ao vírus. Essa suspensão das aulas não trocou por 6 por meia dúzia?

Bruno Pinto Soares disse...

Olá "professora",

A ideia foi essa mesmo. A paralização não surtiu efeito em Adamantina. Por meio de uma análise superficial não analizaram a conjuntura local e apenas repassaram uma ordem "de cima". Uma pena.

Espera-se de nossa administração uma atenção maior dos problemas da cidade. Assim como ocrre com o famigerado toque de recolher.

Obrigado pela participação.