quinta-feira, 3 de julho de 2008

O Grande Teatro de Domingo.

No último dia 29, Adamantina foi palco de uma grande peça teatral encenada em um dos nossos prédios públicos. Como era de se esperar, tudo foi organizado com muita maestria e zelo. Data fixada com antecedência, convidados ilustres, platéia animada, sorrisos, apertos de mãos. Os atores não estavam ansiosos, afinal não era a primeira vez que encenavam esse script. Estavam acostumados com aquele tipo de peça, foram co-autores do espetáculo e sabiam como desempenhar o seu papel. Já conheciam as melhores frases, as maneiras de se posicionar, o momento exato de entrar em cena e de, se necessário, sair dela. Não era o caso daquela noite.
Estavam afinados com o texto, nem tentavam esconder que já haviam participado de vários ensaios e que todos falavam a mesma língua. Na verdade, alguns nem sabiam o porquê estavam ali, sentiam que a peça era mera formalidade, apesar de alguns afirmarem que a companhia era recém criada e que deveria dar ao público uma demonstração de união e afinação.
Tudo ocorreu como o combinado. As cortinas se abriram e os atores principais trataram de mostrar sua primorosa interpretação. Fruto de anos e anos de estrada. Nada poderia estragar aquela noite. Um grupo de intelectuais, convidados de última hora para o espetáculo, deram o seu aval e justificaram a importância desse tipo de encenação para o crescimento da cidade e do povo adamantinense.
A peça durou pouco. O público já sabia do seu desfecho. Logo, as luzes se apagaram e os grupos foram se dispersando. Uns calados, outros mais efusivos, mas todos com o sentimento de dever cumprido, felizes por poderem estar novamente no palco principal, onde, segundo alguns, nem deveriam ter saído.
Nem todos tiveram a oportunidade de assistir à tal peça, mas Adamantina a sentirá por alguns anos ainda. Por bem ou por mal só a veremos, de novo, daqui a quatro anos.

8 comentários:

Fabio Ortega disse...

Bruno talvez não seja só uma peça teatrais alguns acreditam verdadeiramente na democracia apesar de todos os defeitos que ela carrega aqui no Brasil. Um abraço

Anônimo disse...

Bem Fabio, eu não entendo essa prática como 'democracia'.

Para mim isso é barganha e fisiologismo.
Não creio que isso seja inerente a política brasileira e não posso entender isso como algo normal.

Para mim, o que não quer dizer que estou com a razão, tudo aquilo foi uma peça teatral. Encenada, não pelos méritos dos atores, mas sim pela falta de habilidade dos críticos... (para continuar nas metáforas).

Abraço

Anônimo disse...

Bruno não vejo só como troca de favores, ouve avanços, você esta jogando todo mundo numa panela só.

Anônimo disse...

Fabio!!! Houve um grande equívoco no jornal. Por um erro de digitação e outros problemas o artigo saiu com o título e o dia errados.

Na verdade, o artigo correto é esse que está no blog, referindo-se ao dia 29 (domingo).

Espero que isso possa esclarecer algumas de suas ponderações.

Sexta que vem o IMPACTO colocará novamente o texto, com os problemas corrigidos.

abraço

ps: Se o artigo se refere ao dia 29 (domingo) você concorda comigo???

Aguardo resposta!

Anônimo disse...

Observo, contemplo e pondero. Um abraço

Mauro Cardin disse...

Se um evento da direita parece patético ao olhar de um talentoso articulista de esquerda talvez seja porque a direita costuma planejar o que vai fazer. As coisas planejadas, ao ser executadas, deixam mesmo uma impressão de que foram ensaiadas.
Mas havia aspectos mais interessantes naquele encontro “de segunda” que poderiam também entrar no texto. Se havia entre os patéticos muitos interesseiros e muitos dos que participaram da Farra dos Oito Anos, havia também muita gente que lutou, e não foi pouco, contra ela (a senhora que discursou, por exemplo). Seu brilhante artigo, ainda que numa minúscula frase parentética, inserida a contragosto na revisão final, poderia ter feito esse tipo de ressalva. Quando o texto enfoca muita gente, expressões de exclusão são indispensáveis. Parabéns pelo blog, parabéns pelo artigo, que foi muito bem escrito, como sempre. Você é brilhante!, mas todos temos de levar em conta que o mundo não começou ontem, no dia em que ficamos adultos. Um abraço amigo, Mauro.

Bruno Pinto Soares disse...

Mauro,

Agradeço os elogios ao texto e a iniciativa, pois isso demostra muita humildade e reconhecimento de sua parte. Algo que, como percebo, faz parte de sua personalidade.

Em relação a 'direita' e 'esquerda', entendo que essa visão, até certo ponto maniqueísta, não faz parte do meu vocabulário e da minha visão política, por isso dispenso a alcunha de 'talentoso articulista de esquerda'. Acredito que você não encara as discussões de nossa cidade de uma forma tão simplista assim.

Na verdade, gostaria de saber, e aqui é um ótimo espaço para isso, se os que lutaram contra a 'Farra dos Oito anos' estão unidos por afinidades políticas ou conveniências de ocasião. Bem, veremos isso nos próximos quatro anos. E não adianta debater suposições.

Como historiador, entendo que o mundo não começou no momento que criamos consciência dele, mas não posso deixar de analisá-lo com os olhos do presente e perceber que, para muitos, o passado político pode ser reescrito em apenas um fim de semana.

Obrigado pela crítica.
Aguardo seus textos.

do amigo, Bruno

Sebar disse...

as peças teatrais, tal como os espetáculos circences, fazem parte do mesmo jogo de cena, quando os personagens estão trocando suas máscaras tal qual o mercado faz com as trocas nada simbólicas com aquele algo mais, neste cenário apocaliptico para a maioria, pode-se ganhar aqui e ali, neste caso, vence a minoria presente, porém, nem sempre no mesmo espetáculo...